The Celestial Bibendum
Editora: Knockabout – Edição especial
Autores: Nicolas de Crécy (roteiro, arte e cor) – Publicado originalmente em Le Bibendum Celeste – Volume 1, Le Bibendum Celeste – Volume 2 e Le Bibendum Celeste – Volume 3.
Preço: £24,99
Número de páginas: 200
Data de lançamento: Maio de 2012
Sinopse
Diego é um filhote de foca desajeitado, que anda com a ajuda de um par de muletas. Ao aportar na cidade de New York-on-the-Seine, chama a atenção do Diabo e do Presidente, por ser o melhor candidato ao Prêmio Nobel do Amor.
Positivo/Negativo
Na cosmogonia de De Crécy, o primeiro homem não foi feito do barro, mas de uma junção de pneus Michelin (daí o Bibendum do título do álbum), moldados pela ondulação do mar e a quentura da sala de máquinas de um misterioso navio vermelho. E esse ser, um amálgama de homem e foca, ficou conhecido como Peter Midnight.
Ele foi o responsável por botar ordem num porto natural onde viviam seres metade cachorro, metade lobo, comedores de galinhas. As galinhas logo se tornaram objeto de disputa entre as duas espécies, mas Peter Midnight percebeu que eles podiam somar forças e ter a fome saciada ao final do dia.
Então, os seres cachorros-lobos foram convencidos a apenas rastrear as galinhas, as quais eram mortas com uma lança criada por Peter.
Como não tinham necessidade de utilizar o nariz, os seres criados à imagem de Peter Midnight desenvolveram uma mandíbula proeminente e começaram a criar sons e formar palavras. Com isso, foram atribuindo nomes às forças da natureza e ao desconhecido, forjando os primeiros deuses.
No entanto, para adorar os deuses eram necessários cenários onde se pudessem realizar rituais. E assim nasceu a cidade de New York-on-the-Seine (em francês, New York-sur-Loire), esculpida com a melhor matéria-prima da época: merda de cachorro-lobo!
Milhares de anos depois, Diego, um filhote de foca, chega a New York-on-the-Seine e é assediado por um assecla do Diabo e por uma ordem de acadêmicos, cujo lema é “Vitória sobre a ignorância”.
Enquanto o assecla do Diabo quer por um fim à vida de Diego, os acadêmicos primam por instruí-lo nos saberes das ciências e das artes, apresentando-o ao Presidente como o candidato perfeito ao cobiçado Prêmio Nobel do Amor.
Não bastasse isso, numa realidade paralela cachorros antropomórficos sequestram Diego, e exigem que o Diabo traga Peter Midnight de volta para um acerto de contas por ele ter deixado cair no esquecimento seus ancestrais cachorros-lobos.
Toda essa história é narrada por uma cabeça decepada, por quem uma porca se apaixonou perdidamente.
Uma das melhores tramas de surrealismo nos quadrinhos, The Celestial Bibendum não é de fácil leitura (tem-se a necessidade de ficar voltando as páginas para acompanhar a progressão da história, por exemplo), e consegue unir traços detalhistas e pinceladas desorientadas, misturando cores quentes e frias, que retratam toda beleza e loucura do grotesco.
As sequências em que os acadêmicos tentam ensinar Diego a ser uma foca culta são de um deboche total, principalmente quando o Professor Lombax faz ver ao Presidente que, mais do que inteligente, Diego precisa ser popular para conquistar a simpatia do povo; e aí é chamado um consultor que vai lhe ensinar a se portar e a se vestir melhor, numa crítica direta às fórmulas dos marqueteiros para a criação de uma “persona mítica”.
A disputa entre o Diabo e o Presidente, para ver quem controla Diego, também é desenvolvida de forma excepcional. Ambos são seres vazios, arrogantes e prepotentes, que não medem esforços para domar as massas.
Enquanto o Diabo não consegue reinar e ser respeitado como outrora, no Inferno, o Presidente é um amálgama de minúsculos seres (“glóbulos de hemo-sapien”), os quais lhe dão a aparência perfeita de jovialidade, sabedoria e otimismo que encanta seus súditos.
E nesse jogo de manipulação estrelado pelo Diabo, pelo Presidente e pelos cachorros antropomórficos, protótipos de seres humanos riem por último ao iniciar, por acaso, uma pequena rebelião: movidos pela curiosidade, eles passam a agir por conta própria.
The Celestial Bibendum é considerada a obra-prima do quadrinista francês Nicolas de Crécy. Foi lançado originalmente em três tomos, na França, entre 1998 e 2002, e traduzido para o inglês, em 2012, em duas edições compiladas: um álbum com capa dura, pela britânica Knockabout, e uma edição de luxo, numerada em 550 cópias, com direito a luva protetora, pela Humanoids Inc.
Classificação