Crise nas Infinitas Terras # 1
Editora: Panini Comics (Minissérie em duas edições)
Autores: Marv Wolfman (argumentos), George Pérez (desenhos) e Dick Giordano, Mike DeCarlo e Jerry Ordway (arte-final).
Número de páginas: 160
Preço: R$ 15,90
Data de lançamento: Dezembro de 2003
Sinopse: Uma misteriosa força da natureza, chamada de antimatéria, avança pelas várias realidades existentes que formam o multiverso, destruindo tudo que encontra pela frente... pessoas, cidades, países, planetas e galáxias inteiras.
Mas uma pessoa sabe o que está acontecendo: o Monitor. Para tentar impedir tamanha tragédia, ele convoca uma verdadeira força-tarefa formada pelos maiores heróis dos universos (literalmente), para enfrentar toda essa destruição e impedir que o ser chamado Anti-Monitor alcance seus objetivos.
Apesar de estarem acostumados a lidar com grandes perigos e salvar o mundo várias vezes, nada poderia preparar os heróis para esse desafio. Perdas, mortes, renascimentos e mudanças acontecerão em suas vidas, e nada do que possam fazer impedirá isso.
Positivo/Negativo: O Universo DC nasceu em junho de 1938, juntamente com a primeira aparição do Super-Homem na revista Action Comics # 1. Um ano depois, chegava Batman, seguido pela Mulher-Maravilha, Lanterna Verde (Alan Scott), Flash (Joel Ciclone, no Brasil) e centenas de outros personagens. Foi uma época áurea para os quadrinhos americanos, até hoje conhecida como a Era de Ouro.
Já no final da década de 1950, a editora resolveu reformular alguns de seus personagens, nascendo assim versões modernas de alguns desses super-heróis, que acabaram se tornando mais populares.
Hal Jordan se tornou o maior e mais conhecido dos Lanternas Verdes, e Barry Allen se tornou o Flash definitivo, com o visual que conhecemos até os dias de hoje (apesar de, atualmente, o homem por baixo da máscara se chamar Wally West, uma conseqüência direta dos acontecimentos mostrados justamente em Crise nas Infinitas Terras).
Esse período ficou conhecido como a Era de Prata dos quadrinhos, mas também começou um grande problema. Com a publicação de Showcase # 4 (em 1956), na qual o novo Flash foi apresentado aos leitores, um conceito até então superficialmente utilizado começou a dar problemas: a cronologia. Esta publicação é considerada por muitos especialistas como o início do Multiverso da DC Comics.
A editora decidiu criar realidades paralelas, cada qual com uma versão de seus heróis. Nasceram assim as Terras 1, 2, 3, Paralela, S etc. Mas sem um planejamento, as coisas começaram a sair do controle. Quando a DC comprou os personagens da então Charlton Comics, por exemplo, criou-se uma nova Terra para eles viveram, a 4.
Logo, os leitores começaram a ficar confusos com as histórias. O que realmente valia na cronologia de cada um? Quais fatos realmente aconteceram e quais foram desconsiderados? Para solucionar tais problemas, a editora resolveu fazer uma gigantesca reformulação em seus personagens, e aproveitou seus 50 anos para tal evento.
E assim nasceu Crise nas Infinitas Terras, a maior e melhor saga de super-heróis já feita, que destruiu tudo que já havia sido feito, "zerou" a cronologia, e recomeçou seus personagens com um universo mais coeso e menos complicado de se acompanhar.
Esta breve e resumida introdução acima foi feita para situar você, leitor, da importância que a saga teve ao ser publicada nos Estados Unidos, em 1985, todo o contexto no qual ela foi desenvolvida e planejada, e a corajosa decisão da DC. E é justamente aí que está o maior problema dessa encadernação da Panini Comics.
Este primeiro volume não traz uma única linha de introdução para a história, nenhum texto ou artigo explicado o seu porquê ou suas conseqüências. Tratando-se de uma republicação de luxo da editora, para um público segmentado e exigente, isso é um erro. Justamente por isso, é um pecado a edição ser tão vazia, uma simples compilação da história. Faltou atenção e um trabalho de edição mais cuidadoso.
Essa é a quarta vez que Crise é publicada no Brasil. A primeira aconteceu em 1987, pela Abril, dividida em 12 partes em revistas mensais. A segunda foi apenas dois anos depois, em 1989, na forma de uma minissérie em três partes. Nessa ocasião, a editora apresentou uma matéria especial de oito páginas sobre a saga na primeira edição, seguida por outro artigo de seis páginas na segunda.
Na terceira oportunidade em que a saga saiu no Brasil foi em 1996, também pela Abril e novamente como uma minissérie em três partes. E os textos especiais voltaram a ser apresentados, sendo que, no terceiro número, veio uma matéria sobre Zero Hora, saga que seria lançada em seguida, naquela época.
Infelizmente, dessa vez, isso não aconteceu. O lançamento da Panini é baseado na encadernação americana (em capa dura), que a DC Comics lançou em 1998. Mas nos Estados Unidos, além da trama, vieram materiais extras (que a Panini optou por incluir na segunda edição desta minissérie), como uma galeria capas, duas páginas com sketchs de Pérez, um prefácio de Marv Wolfman e um posfácio do ex-editor e vice-presidente editorial da DC, Dick Giordano.
Pra simplificar, o primeiro número da edição nacional é como um DVD sem extras.
Mas também existem pontos positivos. É a primeira vez que a saga é lançada em bancas tupiniquins em seu formato original, já que as três encarnações anteriores foram em formatinho. Além disso, o papel de alta qualidade e a recoloração feita por computador (que procura manter um meio termo entre a coloração clássica e técnicas modernas de computador, sem utilizar recursos muito modernos) dão novos ares ao clássico.
E é sempre bom ver o traço de George Pérez. Seus belíssimos desenhos são um colírio, num padrão que ele procura - e consegue - manter até hoje.
A capa é uma belíssima pintura de Alex Ross, feita sobre um desenho de Pérez. Aliás, a inclusão de um pôster com a imagem de capa foi muito bem-vinda. Por fim, o preço acessível para uma edição desse porte torna a publicação atraente para um número maior de leitores.
Uma obra que, sem dúvidas, mereceria cotação máxima se tivesse recebido os devidos cuidados.
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