Demolidor – Volume 3 – Medo e delírio na Latvéria
Editora: Panini Comics – Edição especial
Autores: Mark Waid (roteiro), Chris Samnee, Khoi Pham e Michael Allred (desenhos), Tom Palmer (arte-final), Javier Rodriguez e Laura Allred (cores) – Originalmente em Daredevil (2012) # 12 a # 18.
Preço: R$ 18,90
Número de páginas: 144
Data de lançamento: Janeiro de 2014
Sinopse
O clima começa a esquentar entre o advogado Matt Murdock e a nova assistente de promotoria, Kirsten McDuffie, mas a busca das organizações do Megacrime pelo Disco Ômega coloca em perigo todas as pessoas próximas ao Demolidor.
Entrando na caça ao Omegadrive, as forças latverianas abduzem o Homem Sem Medo e o submetem a um experimento que lhe causa alucinações e pode acabar com a sanidade do herói.
Depois de uma revelação estarrecedora, Foggy Nelson coloca um fim na sua sociedade com seu melhor amigo, Matt Murdock.
Positivo/Negativo
Mark Waid continua sua versão do Demolidor à moda antiga, resgatando o lado bem-humorado, leve, divertido e humanizado do personagem.
Pelo menos foi assim que ele começou, priorizando o entretenimento de se ler uma história que empolga, mesmo sem sair do modelo clássico do super-herói.
Na sua evolução narrativa, o ponto mais interessante é observar como o escritor não deixa de lado ou ignora o passado do protagonista, sempre marcado profundamente pelas tragédias.
Com inteligência, Waid usa justamente esse passado recente como plot para o amadurecimento de novas tramas. O colapso nervoso de Murdock na fase de Brian Michael Bendis ou o que aconteceu com sua ex-mulher Milla, nos arcos de Ed Brubaker, são explorados a favor da nova série.
Sem pressa, o autor planta as sementes usando Foggy Nelson e outros elementos como a relação entre o Homem Sem Medo e seu pai. Para Nelson, a carapuça do novo Murdock, alegre e divertido, na verdade é um comportamento psicótico do amigo.
Tudo isso com a continuidade de outras tramas das edições anteriores (veja resenhas aqui e aqui), a exemplo do Disco Ômega, uma mídia de dados feita com as moléculas instáveis de um uniforme do Quarteto Fantástico que possui os segredos de cinco impérios criminosos: Hidra, IMA, Agência Bizantina, Império Secreto e Espectro Negro.
Aparentemente, Mark Waid coloca ponto final nessa disputa, levando o herói para o outro lado do mundo, na Latvéria, onde são sondadas novas possibilidades em cima de seu dom, o sentido de radar.
A leveza de outrora é alternada com subtramas como os flertes do advogado cego com a nova assistente de promotoria, Kirsten McDuffie, uma recordação quando os universitários Nelson e Murdock estavam em apuros mediante um professor conservador, e o ataque do Metaloide, um dos vilões mais ridículos de sua galeria, confidenciado pelo próprio herói para o leitor.
Interessante também notar como o escritor coloca as explicações habituais e obrigatórias – como o que aconteceu nas edições anteriores ou sobre a origem dos poderes do personagem – com fluidez e de maneira orgânica, sem soar demasiadamente forçado.
Quanto à arte, mesmo sem a presença de Paolo Rivera e Marcos Martin, o trio Samnee, Pham (presente também no Volume 2) e Allred mantém o ritmo e dá o tom certo à série.
O destaque é para a capa de Rivera, que busca a síntese na sua composição, vide os arames farpados que simulam as ondas do sentido de radar.
A edição da Panini tem um preço condizente com a publicação, com capa cartão sem orelhas, lombada quadrada e boa impressão em papel LWC.
Com um bom gancho para o próximo encadernado, o Demolidor de Mark Waid figura entre as melhores séries de super-heróis publicadas atualmente no Brasil.
Classificação