Confins do Universo 216 - Editoras brasileiras # 6: Que Figura!
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Estranhos no Paraíso - Santuário

14 maio 2013

Estranhos no Paraíso - SantuárioEditora: HQM Editora - Edição especial

Autor: Terry Moore (roteiro e arte).

Preço: R$ 34,90

Número de páginas: 176

Data de lançamento:Março de 2013

Sinopse

Após dez anos sem ver sua melhor amiga, Francine a encontra por acaso em um restaurante de hotel, mas perde Katchoo de vista antes que possa falar com ela.

Deprimida, mergulhada em um casamento infeliz, Francine desmorona em lembranças de Katchoo, David e de suas vidas juntos. Aos poucos são reveladas as razões para as duas terem se separado por tanto tempo.

Enquanto isso, a senhora Peters, preocupada com a infelicidade crônica de sua filha, entra em contato com Katina Choovanski e proporciona o reencontro das duas.

Positivo/Negativo

Estranhos no Paraíso é uma daquelas séries que tem uma complicada história de publicação aqui no Brasil.

Acompanhando a trajetória do título, a ordem de leitura seria a seguinte: a Editora Abril lançou as três primeiras edições como uma minissérie quinzenal, entre maio e junho de 1998 (veja as resenhas aqui, aqui e aqui).

Depois, a Via Lettera publicou dois volumes com o arco de histórias Sonho com você, em dezembro de 1999 e março de 2000.

A vida é Bela! foi lançada em outubro de 2002 pela Pandora Books, que, entre março de 2003 e janeiro de 2004, também publicou o título como série mensal durante oito edições, que compreenderam o arco Love me tender e metade de Inimigos mortais.

Em julho de 2006, Inimigos mortais foi publicada na íntegra como coletânea pela HQM. A editora continuou a sequência das aventuras de Francine e Katchoo em setembro de 2007, com Tempos de colégio.

E, após mais de seis anos, o mais longo intervalo de publicação da série, Santuário chega ao leitor brasileiro.

A trama começa com Francine, agora uma mulher madura e mãe, parada em um jardim de hotel, vendo à distância sua querida amiga Katchoo, após uma separação de dez anos.

Essa é a mesma situação mostrada na primeira história do arco Love me tender, na qual Francine foi ao restaurante do hotel almoçar e acabou reencontrando Katchoo.

Naquela edição, sem coragem para se aproximar, ela ficou observando a amiga de longe e mergulhou num turbilhão de lembranças, que compreendem todas as histórias em Love me tender, Inimigos mortais e Tempos de colégio.

Basicamente, os leitores brasileiros esperaram dez anos para ver a conclusão do reencontro de Francine e Katchoo.

Esse resgate da trajetória de Estranhos no Paraíso se justifica porque a obra é uma grande novela. É possível ler os volumes separadamente, mas é acompanhando todos os episódios que o leitor vai se envolver e compreender melhor a relação de Katchoo, Francine e David. E essa relação é a força motriz da obra de Terry Moore.

Em Santuário, o leitor encontra uma Francine muito infeliz. Casada, negligenciada pelo marido, passando os dias com sua filha Ashley e a mãe Marie. Rever Katchoo e relembrar o que era sua vida antes do matrimônio a afunda mais ainda na depressão.

A partir daí, duas tramas são apresentadas, separadas por uma década.

No presente, Marie entra em contato com Katchoo e promove o reencontro de sua filha com a amiga. O modo como Terry Moore narra esse momento mostra uma das características de seu trabalho: a mixagem com a literatura e poesia.

As sequências de quadrinhos são substituídas nas páginas seguintes por um texto ilustrado. A imagem com as expressões de Katchoo e Francine estão em uma página e um texto em prosa ocupa a outra, como uma página de um livro de romance.

O reencontro das duas amigas cede espaço para uma sequência em flashback, que ocupa a maior parte do livro.

Ela apresenta o primeiro grande conflito entre Katchoo e Francine. Nessas sequências, Moore utiliza letras de músicas e poesias como elementos narrativos.

Santuário serve como um bom exemplo do que é a série Estranhos no Paraíso: diálogos bem escritos, poesias e textos de prosa utilizados em conjunto com a linguagem sequencial para contar a história e desenhos competentes, que apresentam sinais de estilos realistas, cartum e mangá.

Moore compõe uma obra que fala sobre relacionamentos, amor e amizade. Junto a esses temas centrais, ele acrescenta humor e uma boa dose de suspense e aventura.

Afinal, as duas amigas não precisam lidar apenas com as tensões de sua relação, mas também com as sequelas do passado de Katchoo, que trabalhou como prostituta para uma organização criminosa.

É daí que vêm as habilidades de luta de Katchoo, bem como os confrontos com Darcy Parker, que nortearam alguns dos volumes anteriores. Também é daí que vem a herança bilionária que David recebe ao final deste volume e a figura misteriosa vista no último quadrinho da edição.

Aliás, é importante deixar claro que o final é aberto e Santuário precisa de uma continuação. Seria muito bom que, no caso de um próximo volume, a HQM publicasse também um texto recapitulando os eventos anteriores da série.

No presente volume há bons textos de apresentação da série e do autor, mas não há preocupação em apresentar ao leitor a história até então.

Dentre séries em que predominam histórias sobre seres e situações fantásticas, Estranhos no Paraíso destaca-se por apresentar personagens comuns e por explorar seus dramas com ótimos textos, desenhos e narrativas.

Vale torcer para que não demore mais seis anos para o próximo volume sair.

Classificação

4,0

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