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Gotham DPGC: no cumprimento do dever

27 novembro 2015

Gotham DPGC - No cumprimento do deverEditora: Panini Comics – Série em quatro volumes

Autores: Ed Brubaker e Greg Rucka (roteiro), Michael Lark (arte) e Noelle Giddings, Matt Hollingsworth e Lee Loughridge (cores) – Originalmente em Gotham Central # 1 a # 10 (tradução de Fabiano Denardin e Helcio de Carvalho).

Preço: R$ 66,00

Número de páginas: 240

Data de lançamento: Setembro de 2015

Sinopse

Os policiais de Gotham City trabalham dia e noite limpando a bagunça que é deixada para trás pela guerra de um homem só contra o crime. Porém, quando um dos membros do departamento de polícia é morto pelo Senhor Frio, os oficiais entram numa luta contra o tempo para prender o criminoso sem a ajuda do Cavaleiro das Trevas.

A homossexualidade da policial Renee Montoya torna-se algo público após uma foto flagrando um beijo dele com sua namorada ser pendurada no mural da delegacia. Além dos conflitos profissionais e pessoais decorrentes dessa revelação, a policial tem que enfrentar o vilão Duas-Caras.

Positivo/Negativo

Uma nova ótica dos crimes de Gotham City é colocada em prática nesta série: a do departamento de polícia da cidade do Batman.

Uma perspectiva interessante, basta lembrar a minissérie Marvels (publicada pela Abril, Panini e Salvat), de Kurt Busiek e Alex Ross, ou até mesmo a irregular Código de Honra, minissérie com roteiro de Chuck Dixon e uma pá de outros artistas mostrando o ponto de vista de um policial do Universo Marvel (lançada no Brasil em 1998, pela Abril).

Batizada anteriormente pela Panini de Gotham City contra o crime (uma alusão ao seriado Nova York contra o crime, protagonizado por David Caruso e Dennis Franz), a série saiu por aqui sob o selo DC Especial, nos volumes # 5, # 8 (ambos de 2005), # 11 (2006), # 13, # 14 e # 17 (esses últimos publicados ao longo de 2007).

Este encadernado em capa dura e papel couché (o DC Especial era lançado em pisa brite, nosso famoso “papel jornal”) equivale às duas primeiras edições publicadas no Brasil. Originalmente, as histórias foram lançadas lá fora em 40 edições do título Gotham Central, entre os anos 2003 e 2006.

São três arcos que formam Gotham DPGC: no cumprimento do dever, sendo o primeiro escrita a quatro mãos pelos roteiristas e as outras alternando entre os escritores. Rucka ficou responsável pelas histórias protagonizadas pelos policiais do turno diurno; já Brubaker pega a escala do turno da noite.

Quando se acompanha as rondas de Batman, o personagem é praticamente onipresente na sombria cidade. Gotham vem para “humanizar” esse cenário, no qual seus policiais não fazem cara de figurantes ou aparecem depois de todo o tumulto. A série mostra como eles lidam com os crimes comuns, interrogando pessoas, visitando necrotérios e promovendo batidas.

Uma rotina normal, até eles toparem com nomes de vilões do porte de um Senhor Frio (em uma aparição aterrorizante), o incendiário Mariposa Assassina ou o instável Duas-Caras.

A “convivência” com o herói inclui sentimento de impotência, hostilidade e até piadas humilhantes sobre os detetives da força policial, como incluir Batman no quadro quando um caso não é solucionado.

Personagens que fazem a primeira aparição nesta série, como o detetive Marcus Driver, ganham tanta força quanto velhos rostos, como Renee Montoya, que é alvo de preconceito dos próprios companheiros de trabalho quando seu segredo vem à tona.

Esse arco, intitulado Meia Vida, é um dos pontos altos deste primeiro volume. A maneira crível e realista como Rucka trata o tema no âmbito de trabalho, familiar e íntimo é mais interessante que a ação paralela de quem quis atingir a policial.

Com uma bela arte estilizada, é impossível não se lembrar do traço de David Mazzucchelli em Batman – Ano Um nos contornos comandados por Michael Lark. Uma escolha perfeita para o mote “pé no chão” da série. Aliás, vale salientar que a própria cidade também é uma das protagonistas na origem recontada por Frank Miller e Mazzucchelli.

Outra escolha certeira são os roteiristas. O estilo de Ed Brubaker pode ser visto em policiais como Criminal (Panini) e o inédito Scene of the Crime, dentre outros. Já Rucka, responsável por séries policiais como Whiteout (Devir), é também reconhecido por seus romances do gênero.

Algo que a Panini produziu nas edições de DC Especial e não repetiu neste volume foi repetir um sempre bem-vindo guia de personagens. O “quem é quem” trazia várias informações sobre os policiais, incluindo a sua primeira aparição (com indicação se era inédita ou se já havia ganhado uma edição nacional).

Completando a edição de No Cumprimento do Dever, uma galeria de capas originais, esboços de Lark e uma introdução na qual o premiado romancista Lawrence Block – autor de obras como O ladrão que achava que era Bogart e Cidade pequena (ambos lançados pela Cia. das Letras) – faz um interessante paralelo entre Gotham e Nova York. Tudo em capa dura, formato 17 x 26 cm e uma ótima impressão em papel couché.

Bem amarrada e com um pé na “realidade” e outro no Universo DC, a série é uma das melhores criadas como spin-off sob o manto do Morcego, que bate ponto apenas em aparições relâmpago, como coadjuvante de luxo. Prova de que nem os policiais de Gotham City e nem a HQ precisam tanto dele assim...

Classificação

4,5

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