Confins do Universo 216 - Editoras brasileiras # 6: Que Figura!
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GRANDES ASTROS - SUPERMAN

1 dezembro 2012

GRANDES ASTROS - SUPERMAN

Editora: Panini Comics - Edição especial

Autores: Grant Morrison (roteiro), Frank Quitely (ilustrações) e Jamie Grant (arte-final e cores digitais) - Originalmente publicado em All-Star Superman # 1 a # 12.

Preço: R$ 79,00

Número de páginas: 304

Data de lançamento: Outubro de 2012

 

Sinopse

Reimaginação do mito do Superman para o novo milênio. Após uma missão de resgate no sol, o Homem de Aço sofre uma sobrecarga de energia e tem decretado o fim iminente de sua vida.

Ele deverá, então, realizar seus últimos 12 trabalhos, enquanto reflete sobre sua missão na Terra, o romance com Lois Lane e a oposição de Lex Luthor.

Positivo/Negativo

O roteirista Grant Morrison custou a ter acesso ao Homem de Aço da maneira como esperava: acompanhado do ilustrador de sua preferência e com liberdade criativa para recriar o ícone sem restrições. Mas quando, finalmente, foi escalado para a minissérie em 12 edições Grandes Astros - Superman, ao lado do desenhista Frank Quitely, ele superou as expectativas.

A obra foi relançada no Brasil pela Panini em uma luxuosa edição de capa dura, que reúne todos os números da saga, mais comentários do roteirista sobre a concepção da história e a caracterização dos personagens, além de esboços.

É a oportunidade perfeita para conhecer ou relembrar esta grande aventura do kryptoniano, presença obrigatória na coleção dos apreciadores dos bons quadrinhos que não perderam o gosto por super-heróis.

Nas últimas décadas, vale lembrar, escritores tentaram tornar o Superman mais acessível a partir da redução de seus poderes e do foco em situações domésticas e dos dramas urbanos, até com bons resultados, mas que diminuíram o apelo fantástico do herói. Morrison segue na direção oposta, explorando a humanidade do último filho de Krypton em ação num cenário grandioso, que inclui viagens no tempo e no espaço, herdeiros futuros e duelos de força com deuses mitológicos. É a essência do personagem numa trama arrebatadora, que se tornou um clássico instantâneo.

O envolvimento de Grant Morrison com o Superman começou no início de sua carreira, quando ele escreveu uma participação especial do herói nas páginas da revista do Homem-Animal. Logo seguiram a nova versão da Liga da Justiça, e o crossover DC Um Milhão, já na década de 1990, que apresentava o regresso do Homem de Aço no século 853.

O fato digno de nota é que todas essas visões do herói pelas mãos do autor foram mais interessantes e vigorosas do que as publicadas regularmente em suas revistas mensais, e logo surgiu entre fãs e profissionais o desejo de ter Morrison reformulando o Superman.

Em 1999, ele chegou a ser escalado para a tarefa, ao lado de Mark Waid, Mark Millar e Tom Peyer, mas o projeto Superman Now! acabou vetado pela DC Comics, que optou por uma nova direção, menos drástica.

Contudo, o tempo passou e com a força criativa do então editor-chefe Dan Didio, a DC abriu as portas para interpretações mais autorais de seus grandes ícones. Mark Waid recontou a origem de Kal-El em Superman - O legado das estrelas, e Grant Morrison finalmente poderia narrar a aventura de seus sonhos em All-Star Superman, que aproveitou muitas de suas ideias anteriores para o herói e conquistou o troféu Eisner por dois anos consecutivos.

Grandes Astros - Superman começou a ser publicada em 2006 e já se destacou pela imagem de capa da primeira edição (por Frank Quitely), com o visual do defensor da Terra totalmente relaxado, sobre as nuvens. O tom de otimismo e confiança é uma constante ao longo dos 12 capítulos da saga, contrastando com as tendências mais sombrias dos quadrinhos recentes.

Curiosidade: Morrison conta que vislumbrou seu campeão imbatível após encontrar um homem fantasiado de Superman numa convenção de quadrinhos, que passou a responder suas perguntas como se fosse o herói kryptoniano.

E como a trama versa sobre o Homem de Aço enfrentando seu destino final, é ainda mais impressionante como os autores apresentam o sentimento de esperança e abnegação, capazes de superar quaisquer adversidades em prol do bem maior. Grandes sacadas, como os avanços científicos decorrentes da presença do Superman, a revelação de sua identidade secreta para Lois Lane, os segredos da Fortaleza da Solidão e um Mundo Bizarro inédito contribuem para a sensação de deslumbramento.

Morrison e Quitely conseguiram a representação máxima para os ideais dos criadores Jerry Siegel e Joe Shuster, que moldaram soluções imediatas para tempos de crise, na década de 1930. A cena do Superman no resgate de uma garota suicida, no décimo capítulo, pode ser considerada uma das mais pujantes da década, e encanta por sua simplicidade. O maior herói de todos os tempos não apenas protege o mundo de ameaças externas, como ajuda na derrota de nossos demônios interiores.

Personagens consagrados como Lois Lane, Lex Luthor, Bizarro e Jimmy Olsen também têm reinterpretações diferenciadas e contundentes em Grandes Astros - Superman. É como se os autores entendessem perfeitamente o funcionamento de 70 anos de histórias em quadrinhos e mídias distintas, misturando tudo num turbilhão de emoções e conceitos inusitados.

Apesar da forte influência da Era de Prata, quando o personagem passava pela supervisão do editor Mort Weisinger, o texto de Morrison é bastante progressivo e não se prende a homenagens e referências datadas.

A arte de Frank Quitely está magnífica, num show de narrativa que contribui para o clima da epopeia derradeira do Homem de Aço e faz dele o colaborador ideal para o escocês insano.

Em 2011, Grandes Astros - Superman foi adaptado para um longa-metragem de animação que se manteve fiel ao espírito do original, apesar dos cortes, e já influencia o vindouro Superman - O Homem de Aço, a ser lançado em 2013, como se comprova numa linha de diálogo no trailer do filme.

Para fãs novos e antigos, o super-herói original dos gibis surge como uma força única que leva à superação de qualquer desafio. Um ideal de nobreza e triunfo que Grant Morrison e Frank Quitely entenderam como ninguém.

 

Classificação:

4,0

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