Confins do Universo 216 - Editoras brasileiras # 6: Que Figura!
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Hideout

22 dezembro 2014

HideoutEditora: Panini Comics – Edição especial

Autor: Masasumi Kakizaki (roteiro e desenhos) – Originalmente em Hideout (tradução de Drik Sada)

Preço: R$ 17,90

Número de páginas: 224

Data de lançamento: Outubro de 2014

Sinopse

Em uma noite escura e chuvosa, um homem persegue sua vítima aterrorizada. A decisão de Kirishima Seiichi é clara: ele matará sua esposa.

Um ano antes, ele era feliz. Um escritor de sucesso e pai de uma jovem criança. Tudo parecia estar muito bem. Mas essa felicidade precisava terminar. O dia em que o editor terminou a parceria dos dois, a escuridão invadiu sua vida. A queda começou, página por página, no que parece ser o último romance dele.

Positivo/Negativo

Quando folheado, o que mais chama a atenção neste mangá de volume único é a minuciosa arte de Masasumi Kakizaki, cheia de detalhes, hachuras e hiper-realista. O clima de terror se eleva com o traço do autor.

Kakizaki mostra total domínio da narrativa em Hideout. Os detalhes, angulações e splash pages (arte em página dupla) ditam o ritmo das ações e deixam o leitor com mais interesse de adentrar na trama, nada original, mas que bebe do terror psicológico e gore cinematográfico. Impossível não se lembrar de filmes ocidentais como O massacre da serra elétrica (1974).

Mas os clichês do gênero são bem tratados na HQ. Vítimas desesperadas, chuvas torrenciais e recantos escuros de uma misteriosa floresta são explorados com direito a flashbacks moldando as atitudes e personalidades dos personagens, mesmo que eles sejam mais “preto no branco” e não tenham tantas nuances de cinza como a arte produz.

A construção deles é a principal deficiência da narrativa. O jovem escritor é vítima incondicional da própria esposa, uma verdadeira vilã de telenovela consumista. Não obstante, o quadrinhista faz bom uso das reviravoltas, como em todo bom filme de terror psicológico.

Também merecem destaque algumas sutilezas ao longo da trama. Para justificar a existência dos antagonistas, Kakizaki encaixa uma explicação histórica que tem relação com a ilha paradisíaca aonde o casal de protagonistas vai para se reconciliar.

Mesmo digno de elogios, um detalhe curioso no traço anatômico do autor chama a atenção por mais de uma vez: quando o personagem principal encara o inusitado – como na splash page de abertura na página 156 e 157 ou na 178 –, seus olhos arregalados estão desenhados como se estivessem acima das sobrancelhas, dando um aspecto estranho e incoerente com a arte.

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A Panini produziu um mangá à altura do item de colecionador. Papel offset de boa gramatura e impressão (o que contribui bastante para o clima da história e apreciação do desenho), formato 13,5 x 20 cm, capa cartonada com aplique de verniz e orelhas, além das usuais primeiras páginas coloridas, como manda a tradição nipônica.

No final da leitura, com a nota do autor falando de sua influência direta com o Ocidente por meio do terror de romancistas como Stephen King, Hideout segue em linhas de ortografia a sua cartilha e cumpre o entretenimento para os fãs do gênero.

Classificação

3,5

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