Howard The Duck # 1
Editora: Marvel Comics – Revista mensal
Autores: Steve Gerber (roteiro), Frank Brunner (arte) e Steve Leialoha (arte-final).
Preço: US$ 0,25
Número de páginas: 32
Data de lançamento: Janeiro de 1975
Sinopse
Cansado da vida em Cleveland, onde foi parar após sair de sua terra natal, Howard, o pato, decide cometer suicídio. Mas na desesperada tentativa de tirar sua vida, acaba se deparando com o maligno Pro-Rata, o mago das finanças, que precisa da joia principal da calculadora-cósmica antes da meia-noite.
Nesse horário, a tabela estelar fechará o balanço e o vilão ficará com os dividendos do cosmos. Para isso, ele captura Howard e se manda, ao lado da voluptuosa Beverly, em uma missão para recuperar a joia.
Positivo/Negativo
Muitos devem se lembrar de Howard, o pato, pelo medonho filme produzido por George Lucas em 1986 (veja imagem abaixo), que bateu cartão na Sessão da Tarde, da TV Globo, por anos. Outros devem se recordar da seção de cartas da antiga revista Marvel MAX, que apresentava fãs implorando para ler as histórias novas de Howard, que seu criador Steve Gerber escrevia para o selo adulto da “Casa das Ideias”, mas que nunca chegou por aqui.
Seja pela presença embaraçosa da versão em película ou pela ausência da sua versão em papel, o personagem nunca foi realmente acompanhado no Brasil. Recentemente, chegou às prateleiras das livrarias o Marvel Comics – A história secreta, que, obviamente, relembra toda a história da editora.
Na obra, assim como na história das HQs norte-americanas, Steve Gerber tem um papel importante por lutar por seus direitos sobre Howard, que criou em 1973, na revista Adventure into Fear # 19, estrelada pelo Homem-Coisa e que ganhou título próprio em 1975 e é tema desta resenha.
A briga entre Marvel e Gerber começou em 1978 e foi uma das primeiras pelos direitos patrimoniais de um personagem. Isso levou a uma série de desdobramentos, além de um acordo extrajudicial entre a editora o autor.
Um dos principais derivados desse confronto foi a HQ Destroyer Duck, feita por Gerber em parceria com o magoado Jack Kirby, que havia anos estava afastado da “Casa das Ideias”, cuja argamassa ajudara a assentar.
Enquanto Gerber ficou longe da Marvel, Howard passou na mão de outros autores, como Bill Mantlo, mas nenhum soube lidar tão bem com o pato como ele. Sempre que havia algum convite para escrever algo, na Marvel ou em qualquer outro lugar, Gerber revisitava sua criação, também com o intuito de apagar tudo que outras pessoas faziam com Howard.
Uma dessas ocasiões foi o duplo crossover que fez quando roteirizou em 1996, tanto uma edição de Spider-man Team-Up, num encontro do aracnídeo com Howard, quanto a HQ Savage Dragon/Destroyer Duck, pela Image.
Na revista da Marvel, os heróis, ocultos por sombras, encontram-se brevemente com os personagens da concorrência. Porém, na história publicada pela Image, Destroyer Duck clona Howard e sequestra o original, pintando-o de outra cor e mudando seu nome para Leonard.
Assim, o personagem que volta para o Universo Marvel com o Homem-Aranha era só um clone vazio. E Gerber alegava que o verdadeiro Howard estava fora da Marvel para sempre.
Mas o tempo passou e, em 2001, Gerber topou voltar a escrever para a editora que tanto lhe incomodou, na versão para o selo MAX.
Nesta HQ de 1975, é possível ver por que o personagem e o seu criador tinham tanto a dizer na cultura dos quadrinhos. Em um tom cínico, a revista mostra o pato alienígena triste pela falta de reconhecimento na Terra em busca do suicídio. Isso o leva ao vilão Pro-Rata, o “mago das finanças”, que quer para si todos os “dividendos cósmicos” do universo, o que o tornaria um deus.
Para conseguir isso, Pro-Rata sequestra Howard e o manda em uma missão para recuperar a joia principal da calculadora cósmica.
O gibi traz a primeira aparição da voluptuosa Beverly, que ajuda Howard e se tornaria sua namorada. Além dela, o Homem-Aranha também dá as caras rapidamente, dando uma força para o pato a vencer o inimigo.
Estilisticamente, a HQ tem toda a cara dos anos 1970. A arte de Frank Brunner é uma pálida imitação do estilo de Jack Kirby, com muitos detalhes, poucos quadros, várias linhas cinéticas e monstros gigantes. O texto de Gerber, apesar de mordaz e divertido, é frequentemente redundante com a imagem, com longos recordatórios que não fariam a menor falta.
Entretanto, mesmo com alguns poréns, Howard, the Duck # 1, é uma leitura interessante, rápida e divertida. O cinismo e a forte crítica ao seu tempo já fazem valer a pena a leitura, mas saber todo o contexto da produção, torna o gibi uma relíquia histórica de grande importância.
Classificação