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Reviews

John Constantine - Hellblazer - Origens - Volume 5 – Histórias raras

28 fevereiro 2014

John Constantine - Hellblazer - Origens - Volume 5 – Histórias rarasEditora: Panini Comics - Edição especial

Autores: Roteiros: Jamie Delano (Anual 1989 e edição # 24), Grant Morrison (# 25 e # 26) e Neil Gaiman (# 27); arte: Bryan Talbot (Anual 1989), Dean Morter (Anual 1989), Ron Timer (# 24), David Lloyd (# 25 e # 26), Dave McKean (# 27). – Originalmente publicado em Hellblazer Anual # 1 (1989) e Hellblazer # 24 a # 27.

Preço: R$ 22,90

Número de páginas: 168

Data de lançamento: Março de 2013

Sinopse

Coletânea de histórias curtas do mago canalha John Constantine, que contam seus primeiros dias após uma estada no manicômio de Ravenscar, o primeiro contato com o assassino em série Homem de Família, o encontro com um fantasma que assombra um prédio e um passeio pelo interior da Inglaterra para descobrir alguns segredos na vida de pequenas comunidades.

Positivo/Negativo

Quem por ventura perdeu qualquer um dos volumes anteriores, ou não sabe por onde começar com a série, este volume é uma excelente pedida. Ele não só reúne vários dos maiores nomes dos quadrinhos, como algumas das mais reverenciadas histórias do personagem, e não apenas pelos medalhões.

Jamie Delano apresenta suas melhores cartas, abrindo a edição com a inédita edição anual de 1989, contando a reintegração de Constantine após sua internação no sanatório de Ravenscar (depois dos eventos de Newcastle, relatados na edição Hellblazer 11, ou no Volume 3 da série Origens).

Em seguida, é apresentada uma história do passado, contando um pouco sobre a ancestral árvore genealógica do anti-herói. Ao final deste anual é mostrado um clipe da única canção gravada pela banda punk de Constantine, a Membrana Mucosa.

A apresentação ao Homem de Família é emblemática e poderosa, tanto que é impossível não sentir um frio na espinha quando, logo no começo da história, já é mostrada uma das obras do assassino.

Curiosamente, ele é o primeiro inimigo humano de Constantine, sem qualquer tipo de envolvimento mágico, místico ou ligação com entidades sobrenaturais, e isso faz dele ainda mais incrível e perigoso como inimigo. Delano, com primor único, constrói um vilão sem igual, e há um subtexto interessante para essa história, mas mais sobre isso só no próximo volume, quando a história chega ao final.

A ótima HQ de Morrison, cheia de referências kubrickianas – desde o nome da segunda parte da história (Como aprendi a amar a bomba), que faz referência ao clássico filme Dr. Fantástico, de 1964, assim como a “hiperviolência” praticada e cultuada por grupos de mascarados de Laranja Mecânica, de 1971, ou mesmo o clima entre o terror sobrenatural e psicológico de O iluminado, de 1980.

É a arte de David Lloyd que constrói e fomenta essa atmosfera de pesadelo real, permeando numerosas nuances do comportamento humano.

Encerrando a edição, Neil Gaiman, que já utilizara o personagem em Sandman # 4 (1989), e voltaria a trabalhar com o personagem em Os Livros de Magia (1990-91), além de trabalhar com uma ancestral do personagem, lady Johanna Constantine, que ganharia notável importância.

Gaiman produz talvez sua mais emblemática história com Constantine. Um conto sobre solidão e isolamento na sociedade moderna. Sobre como é fácil num mundo com milhões de pessoas, que algumas estejam em condições subumanas, e nós – os demais – indiferentes.

Apesar de tanta genialidade e brilhantismo do material original, a Panini infelizmente pisa na bola em alguns pontos, com erros bobos como o título das histórias na página de rosto de Alerta de defesa e Como aprendi a amar a bomba, invertendo as duas. Não compromete, mas mostra falta de cuidado.

O que compromete mesmo é a tradução, que falha em diversos pontos com adaptações que tiram o sentido original, sem uma nota ou algo do tipo, que viria a calhar, como no caso do título da primeira história O Santo Sanguinolento – no original, The Bloody Saint, que dá também o sentido de O Santo Maldito (ou Desgraçado), uma vez que Bloody em inglês, principalmente o britânico, tem outras traduções que não as literais, normalmente apenas uma forma de praguejar.

Vênus do varejo (Venus of Hardsell) também é uma tradução questionável, pois Hardsell seria algo mais próximo de “venda forçada” ou “venda a qualquer custo”, o que é diferente da noção de varejo, algo regulado por regras. Nesse caso, ao menos, há o título original, deixando claro que é uma tradução livre.

De maneira semelhante, ao final da história de Grant Morrison, Constantine usa um dos bordões mais famosos do Homem de Aço “Up, up and away” (conhecido no Brasil como “Para o alto e avante”). Mas, na edição da Panini, aparece como “Descendo toda a vida”, com o tradutor tentando manter o tom levantado pela história.

Só que é justamente o bordão do Superman que serve como o contraponto que a série representa aos heróis tradicionais do Universo DC – em um momento ainda no início da produção de quadrinhos para adultos, antes do surgimento do selo Vertigo.

O mesmo acontece com a emblemática história de Neil Gaiman, Hold me, em que foi suprimido o pronome reflexivo e o título ficou Abraço. Isso tira parte do impacto do nome da HQ, uma vez que é justamente esse minúsculo pronome que elegantemente aproxima o leitor pelo egocentrismo nele contido.

Abrace-me ou Me abrace é como uma súplica, enquanto Abraço, por mais poético e drummondiano que seja, reflete algo bem diferente do tom da história – que nada tem de poética, e sim de crítica –, que é um tanto depressiva.

De forma geral, não tira os méritos do excelente material original, mas faltou cuidado editorial.

Classificação

4,0

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