John Constantine - Hellblazer - Origens - Volume 6 – O homem de família
Editora: Panini Comics - Edição especial
Autores: Jamie Delano (roteiros), Dick Foreman (roteiro edição # 32), Ron Tiner (arte # 28 a # 30), Sean Phillips (arte # 31 e # 34), Steve Pugh (arte # 32) e Dean Morter (# 33). Originalmente publicado em Hellblazer # 28 a # 34.
Preço: R$22,90
Número de páginas: 168
Data de lançamento: Outubro de 2013
Sinopse
Chega a hora do acerto de contas do mago canalha com o assassino em série Homem de Família, e isso pode ser muito mais difícil do que enfrentar um exército de demônios, pois pode custar a sanidade de Constantine.
Positivo/Negativo
Este volume traz o final da saga do Homem de Família, seu epílogo (o enterro de uma das vítimas do personagem) e algumas histórias que preparam o caminho para o arco final da fase Delano.
O forte aqui é a história do Homem de Família, publicada no Brasil pela primeira vez, e sem dúvida a melhor escrita pelo autor durante suas quase 40 edições – uma pena que tenha sido espalhada com histórias avulsas nos volumes 4 e 5, até esta conclusão.
Dick Foreman faz uma participação especial como roteirista, e sua edição, apesar de não ser marcante como as do volume anterior, não compromete.
O que é importante destacar sobre o horror, é que toda boa história do gênero trabalha com medos comuns do ser humano, potencializando-os e, assim, expiando a alma e natureza de cada um. Algo comum aos contos de Edgar Allan Poe.
Na segunda metade do Século 20, não houve (e ainda não há) medo maior do que o fim da dita família tradicional. Sabe aquela de propaganda de margarina, perfeita, no cerne da estrutura tradicional, em que o pai trabalha fora e é o provedor e autoridade domiciliar; a mãe é a dona de casa perfeita que lava, passa, cuida das crianças e mantém a cordialidade entre vizinhos, sempre com um sorriso de orelha a orelha; os filhos obstinados estudantes em busca do ideal americano, que se resume em espelhar as características de seus genitores, e quando ainda crianças são adoráveis e educadas?
Mais que isso: nenhum dos membros da família demonstra problemas ou complicações, todos são felizes e contentes sempre. Essa, por muito tempo, foi a ideia tradicional da estrutura do núcleo familiar.
E o grande medo, com os avanços das leis de divórcio, dos direitos femininos (desde o voto, a igualdade de salários, as oportunidades de emprego, o direito ao aborto) e mais recentemente os direitos homoafetivos, é justamente o do fim dessa estrutura lúdica do casamento perfeito e das famílias tradicionais.
Nos anos 1980, porém, essa ideia começou a cair por terra, com as cômicas famílias disfuncionais – que de certa forma funcionam. Fossem os Bundy de Married... with Children (Um amor de família) ou a ainda Os Simpsons, a noção utópica do que se dizia “tradicional” parecia cada vez menos conectado com a realidade.
Por sua vez, Jamie Delano abordou essa noção, mostrando que havia um asqueroso monstro correndo o país em busca de famílias perfeitas, e eliminando-as uma a uma, com métodos elaborados e cruéis.
E o que faz dessa terrível criatura ainda mais assustadora é que ele é apenas um homem. Um único homem.
Mas não... Talvez o fato realmente amedrontador nessa história é que a família de propaganda de margarina talvez nunca tenha existido, e só com o choque violento de realidade muitos enxergam isso.
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