Kingdom Come
Editora: Warner Books - Romance
Autores: Elliot S! Maggin com base na história de Mark Waid e Alex Ross.
Preço: US$ 20,00
Número de páginas: 360
Data de lançamento: 1998
Sinopse
Romance inspirado na clássica minissérie Reino do Amanhã, que narrou um futuro sombrio para o Universo DC.
É um mundo sem o Superman. Emergiu uma nova geração de superseres sem o apreço de seus predecessores pela vida humana e os mais elevados valores que guiaram sua existência. Até que uma tragédia sem precedentes força o Homem de Aço e seus colaboradores originais a voltarem à ativa.
Mas o que parecia a solução do problema acaba gerando uma crise ainda pior.
Positivo/Negativo
Elliot S! Maggin não criou o Superman, mas entendeu a criação máxima de Jerry Siegel e Joe Shuster como nenhum outro escritor antes ou depois, partindo de sua essência e acrescentando camadas valorosas ao conceito.
O Homem de Aço, em sua visão, era uma força verdadeiramente divina, voltada para o bem maior de toda a criação, o líder capaz de inspirar o melhor da humanidade num universo em que há certo e errado, e essa distinção moral não é difícil de fazer. Maggin começou questionando se deve haver um Superman, e concluiu com a contínua validação dos esforços do super-herói definitivo.
Já afastado dos quadrinhos do ícone havia duas décadas, o autor recebeu um presente inesperado do roteirista Mark Waid, em 1996: a obra Kingdom Come era dedicada a ele, e Waid selecionara pessoalmente Maggin para adaptar o gibi à prosa literária. Não houve hesitação em aceitar.
É o raro caso de adaptação para mídia distinta que conseguiu acrescentar ao trabalho original, enriquecendo muito a experiência de leitura. Em entrevista concedida na época do lançamento, Maggin afirmou não ter escrito apenas uma “adaptação literária”, mas sim um verdadeiro romance.
Vale lembrar que, apesar dos excelentes argumentos para os quadrinhos, as contribuições mais notáveis do autor ao mito do Superman foram os romances Last Son of Krypton e Miracle Monday, e ele foi a escolha perfeita para dar nova vida ao trabalho de Mark Waid e Alex Ross.
Se a minissérie original tinha a limitação dos quatro capítulos (em oposição aos 12 de Watchmen, por exemplo), o livro de Maggin é um tomo volumoso, que explora a personalidade de coadjuvantes e investe com paixão no cerne de Superman, Batman e Mulher-Maravilha.
Sob muitos aspectos, Reino do Amanhã funcionou como metáfora para a situação criativa dos quadrinhos de super-heróis na década de 1990, com hordas de superseres violentos e a velha guarda emergindo para tomar de volta o seu lugar de direito.
Mas tal alegoria seria apenas parte do apelo, e o texto de Maggin deixa evidente o foco na alma de Kal-El e em sua luta para encontrar o Homem no Super-Homem. Destaque merecido para a cena não mostrada no gibi da morte de Lois Lane pelas mãos do Coringa, e para o confronto final com o Capitão Marvel com um novo entendimento sobre a natureza da magia.
O texto é bastante ágil e revela doses singelas de humor que contrastam com a natureza mais sombria da obra, sobretudo na interação de personagens menores, como Ted Kord e Oliver Queen.
Também é louvável a exploração da fé por meio do pastor Norman McCay, narrador e bússola moral da trama. Histórias devem versar sobre a própria vida e tudo o que há de mais importante nela, e Kingdom Come não foge à regra.
O livro conta com quatro pinturas originais de Alex Ross, mais quatro ilustrações pequenas em preto e branco. Além disso, há um breve poema na abertura do volume assinado por Mark A. Semich, fã que teve destaque na internet por criar o site Superman Through The Ages!, aceitando aqui um papel diferente.
Mas é de fato Elliot S! Maggin que merece os principais louvores, com base numa das passagens mais marcantes de todo o seu trabalho. Ele perseguiu a inspiração das mais belas musas, levou os leitores a visitar lugares que jamais imaginaram conhecer e marcou o cosmos com os valores indeléveis da compaixão e da criatividade, e não poderia haver missão mais nobre para um escritor do Superman.
Classificação