Klaus
Editora: Balão Editorial – Edição especial
Autor: Felipe Nunes (texto e arte).
Preço: 28,00
Número de páginas: 112
Data de lançamento: Novembro de 2014
Sinopse
O jovem Klaus está em busca da verdade sobre sua vida. Apesar de ter pais atenciosos e exigentes, ele está perdido em um mundo que lhe é estranho. Sente-se diferente de tudo e de todos, e de fato o é. Mas não somos todos?
Agora, Klaus precisará lidar com os meandros da passagem da adolescência para a vida adulta enquanto descobre que suas diferenças com os outros não são meramente um acaso, mas algo estranhamente oculto que está prestes a se revelar.
Positivo/Negativo
Klaus é o álbum mais recente de um artista muito jovem, que teve uma curva de aprendizado tão gigantesca desde os primeiros fanzines, que não há como prever o que publicará a seguir, mas é certo que promete.
A primeira coisa que chama atenção nesta HQ é a qualidade da arte. O álbum tem uma leveza, uma harmonia e uma atenção aos detalhes visuais que enchem os olhos.
A arte começa bem logo no primeiro quadro, com uma linda casa em estilo chinês onde moram o garoto Klaus e seus pais – um casal de tigres. O desenho se mantém muito bom durante toda a HQ, um traço estilizado, dinâmico e cheio de vida. E, para completar, com uma arte-final impecável.
Nunes encontrou aquele equilíbrio para arte-final que preserva a precisão do traço ágil e estilizado e a harmoniza com marcas expressivas de pincel. Tudo na medida certa. Vale dizer que o fato de a história ser em preto e branco, sem tons de cinza, ajuda muito a valorizar o trabalho.
Sem dúvida, só a arte de Nunes já seria o bastante para justificar publicar e ler este álbum.
Mas Nunes não para aí.
A premissa de Klaus não é original, obviamente. Um garoto criado por animais é o mote tanto de histórias clássicas (Tarzan e Mogli), quanto de desenhos atuais como Meu amigo da escola é um macaco (série do Cartoon Network).
Talvez nem a abordagem de Nunes seja original. Contudo, a HQ é uma metáfora tão forte sobre a adolescência, sobre se sentir um estranho em casa e não saber seu lugar no mundo, que ganha o leitor pela elegância na abordagem de emoções tão confusas e intensas.
O ritmo da trama é bem interessante: começa tranquilamente, vai apresentando os elementos, saca vários clichês de histórias nas quais o personagem principal descobre algo que nunca imaginava (no caso, fica claro para qualquer leitor desde a primeira página) e, de repente, entra em um ritmo narrativo tão frenético e intenso que, quando termina, é preciso um ou dois minutos para respirar e sentir que acabou.
Klaus certamente é o melhor trabalho de Nunes até o momento, mas, pela evolução que o autor vem demonstrando, não por muito tempo.
Classificação