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Legião

5 setembro 2014

LegiãoEditora: Zarabatana – Edição especial

Autor: Salvador Sanz (roteiro e arte) – Originalmente em Legion (tradução de Paulo Ramos).

Preço: R$ 44,00

Número de páginas: 64

Data de lançamento: Setembro de 2014

Sinopse

Uma melodia que nunca deveria ser tocada, uma cor que nunca deveria ser vista e uma forma que nunca deveria ser esculpida. Com as três descobertas feitas, não há volta: a passagem foi aberta.

Positivo/Negativo

No decorrer das eras e através das inúmeras culturas pelo globo, os portões do inferno têm tantas interpretações quanto cadeados.

Tão antiga quanto os conceitos pós-morte, a arte carrega a característica de abrir as percepções do ser humano. A pintura, a escultura e a música fazem parte essencial da História.

O novo “pesadelo gráfico” (como define o veterano quadrinhista Enrique Alcatena, no seu prefácio) do argentino Salvador Sanz coloca a criação artística como instrumento de destruição. Essa é a espinha dorsal exposta de Legião.

Quinta edição da Coleção Fierro da Zarabatana, que já lançou, do mesmo autor, Noturno e Angela Della Morte.

O tema lembra o conterrâneo Jorge Luís Borges (1899-1986) em obras como o conto Tlön, Uqbar, Orbis Tertius, publicado na coletânea Ficções (lançada originalmente em 1941). Nela, o escritor mostra várias metáforas sobre o modo como as ideias influenciam a realidade. A arte como uma força destrutiva, apocalíptica.

Ambientado em uma sinistra Buenos Aires, o álbum mostra Azul, uma artista plástica que descobre uma cor nunca vista antes, denominada ultramal. Paralelamente, um roqueiro de garagem daltônico chamado Félix fica um dia inteiro em transe compondo uma estranha melodia com a sua guitarra.

Como a neve mortífera do clássico platino Eternauta, a capital argentina é tomada por uma chuva torrencial de sangue, anunciando a vinda de estranhos seres ornados de línguas, orelhas e outras partes humanas e de animais, montados em bestiais quadrúpedes parecidos com búfalos infernais.

“Minha inspiração vem de muitos lugares. Sempre fui interessado no gênero horror na literatura e no cinema, mas a música é uma grande influência para mim. Ela se assemelha à escuridão”, chegou a declarar Salvador Sanz.

Logo na página de abertura, nota-se nos detalhes muitas de suas inspirações. Nela, aparecem referências musicais como as bandas de metal norueguesas Tristania e Dimmu Borgir, além da inglesa Venom. E há ainda um pôster de A noite dos mortos-vivos, clássico de terror dos anos 1960 dirigido por George A. Romero.

O horror de Sanz também se localiza de maneira geográfica. No decorrer do álbum, são mostrados locais como o Shopping Abasto e seus arcos (presentes também na bela capa), o Parque Rivadavia e o Planetário de Buenos Aires, que dividem atenção com um monumento que usa como argamassa inúmeros corpos desmembrados.

A arte hiper-realista do quadrinhista tem uma mistura underground estilizada das feições dos personagens que lembra Richard Corben. O uso sutil das cores sóbrias hiperboliza o clima e a narrativa de medo promovida pelo argentino.

A edição da Zarabatana tem a qualidade vista nas outras obras de Salvador Sanz publicadas no Brasil. Com capa cartonada (sem orelhas), aplique de verniz, papel couché de alta gramatura e excelente impressão. Como bônus, esboços e estudos de personagens nas últimas páginas.

A editora novamente acertou em cheio trazendo de volta um dos grandes nomes da nova geração de historietas. Uma rara passagem para os leitores também perceberem que a América Latina é um bom lugar para se começar o fim do mundo.

Classificação

4,5

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