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Máscaras

3 julho 2015

MáscarasEditora: Mythos – Edição especial

Autores: Chris Roberson (roteiro), Alex Ross e Dennis Calero (arte) – Originalmente em The Masks # 1 a # 8 (tradução de Érico Assis).

Preço: R$ 79,90

Número de páginas: 264

Data de lançamento: Abril de 2015

Sinopse

O Sombra, Besouro Verde, Kato, O Aranha, Zorro, Lama Verde, Miss Fury, Terror Negro e Morcego Negro. Em 1938, esses justiceiros mascarados operavam à margem da lei, trabalhando de modo independente para disseminar o medo no coração dos malfeitores.

Porém, quando os políticos corruptos do Partido da Justiça transformam Nova York num Estado fascista dirigido por mafiosos, quando um regime opressivo concede a tropas de assalto autoritárias liberdade para prender, extorquir e executar os inocentes, os heróis devem se unir por um bem maior.

Em desvantagem numérica e com menos armas, os lendários justiceiros emergem das sombras para lutar pela justiça.

Positivo/Negativo

Servindo de alicerce para o conceito de super-heróis nos quadrinhos usado até hoje, os personagens da literatura pulp que povoaram o primeiro terço do século passado tem uma posição importante para ser relembrada, homenageada ou até mesmo “modernizada”.

Independentemente de saber a exata função deste crossover lançado pela Dynamite entre os heróis dos pulps, o resultado deixa a desejar em várias camadas e aspectos, à medida que a história sem muitos meandros vai se “desenvolvendo”.

O clima aqui poderia ser o prometido – aventureiro, despretensioso e com o frescor de outrora –, porém o roteirista Chris Roberson (de iZombie) reúne tantas situações constrangedoras, que até mesmo se Máscaras fosse produzida para “mimetizar” a estrutura narrativa da época, ficara difícil de acreditar.

Quando o tal Partido da Justiça transforma Nova York num Estado fascista por meio de uma força especial que mais parece a Gestapo, com armaduras negras ostentando o brasão de caveira com ossos cruzados (mais tarde é descoberto que a nova corporação é formada por criminosos), não é mostrada a situação da corporação policial que atuava até então, por exemplo.

Para não dizer que Roberson não falou dos “homens da lei”, antes aparecem dois policiais xenofóbicos (todos seriam corruptos?) que prendem o ilustrador Rafael Veja, alter ego do Zorro, que veio da Califórnia para conseguir emprego em Nova York.

Várias incoerências narrativas, pontas soltas e personagens (a maioria coadjuvantes dos protagonistas, com exceção de Kato, parceiro do Besouro Verde) que vêm e vão desfilam nas páginas do encadernado.

A única mulher que ganha destaque na capa escolhida para a edição, Miss Fury, e heróis como o Terror Negro quase não são aproveitados nessa trama simplória e cheia de vocabulário pomposo, porém vazio.

A situação narrativa vai piorando quando o governo nova-iorquino institui um novo imposto assistencial que deverá ser pago na hora, no meio da rua, senão o cidadão é conduzido para “campos de concentração”.

Não bastasse o roteiro usar esses artifícios insípidos e incoerentes para justificar a união dos mascarados, os discursos de ambos os lados – mocinhos e bandidos – são tão pedantes, carregados de clichês e repetitivos, que tornam o simples ato de terminar a edição um esforço hercúleo.

Um exemplo é o Sombra, que mais parece uma vitrola quebrada e só abre a boca para falar frases sem inventividade sobre a “verdadeira justiça”. É impressionante quantas vezes aparece a palavra nos balões negros do personagem: justiça pra lá, justiça pra cá, sem nenhuma novidade, relevância ou mudança de assunto. Nem parece o mesmo personagem do encadernado da Dynamite, O fogo da criação, também lançado pela Mythos.

Quando se pensa que não podia piorar, Chris Roberson coloca um clima de mistério sobre quem seria o mentor da “infalível” empreitada de dominar os Estados Unidos com o exército da força policial marchando em desfile para a capital do país.

Um antagonista que, quando revelado com direito a alusão de um objeto, o leitor tem uma grande surpresa: não a da reviravolta, mas a de saber que o personagem foi discretamente citado antes, quando volta as páginas para recapitular se o dito cujo apareceu antes.

Completando o quadro, depois de Alex Ross pintar sua arte sempre competente e hiper-realista no primeiro capítulo, o resto fica por conta do traço de Dennis Calero, desenhista da adaptação As crônicas marcianas, de Ray Bradbury (lançada aqui pela Globo), Cowboys & aliens (Galera/Record) e X-Men Noir (Panini).

Sem brilho, posada, truncada e com diagramações sem tanta inventividade, sua arte apresenta muitos “vãos” nas cenas de ação, sem oferecer o dinamismo vital para um dos principais quesitos para entreter neste gênero.

Pode até se dizer que a arte de Calero casa perfeitamente com o roteiro burocrático e sem ritmo de Roberson. Um matrimônio desastroso.

Não se esperava uma história “revolucionária” ou “definitiva” em Máscaras. Porém, poderia se pedir o mínimo de criatividade, uma boa história, mesmo utilizando certos clichês (desde que respeitando a inteligência do leitor).

Na época da literatura pulp, vale frisar, o gênero apresentava o puro entretenimento para as massas de leitores norte-americanas por um preço acessível.

A edição luxuosa em capa dura e papel couché da Mythos não cumpre nenhum dos dois objetivos. Como a editora pratica em outros volumes, o preço do encadernado está bem “salgado” em relação ao número de páginas.

O material extra ocupa mais de 80 páginas (das 264) do volume. São amostras de roteiro, estudo dos personagens por Ross e uma infinidade de capas alternativas por vários artistas.

Bem abaixo até do péssimo O Aranha – O terror da Rainha Zumbi, da mesma coleção da Dynamite, Máscaras só não ganha um “zero” por causa da contribuição de Ross na história introdutória. Geralmente, o quadrinhista serve como um bom “garoto-propaganda” com suas capas.

Classificação

0,5

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