Confins do Universo 216 - Editoras brasileiras # 6: Que Figura!
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Mônica – 50 Anos

17 março 2014

Mônica – 50 AnosEditora: Panini Comics – Edição especial

Autores: Estúdios Mauricio de Sousa (texto e arte).

Preço: R$ 65,00

Número de páginas: 160

Data de lançamento: Agosto de 2013

Sinopse

Seleção de HQs celebrando os 50 anos de criação da Mônica.

Positivo/Negativo

A dentucinha mais famosa do Brasil foi criada em 1963, como personagem coadjuvante das tirinhas de jornal do Cebolinha. Alguns anos depois, em maio de 1970, chegava às bancas a revista mensal que se tornaria o mais longevo caso de sucesso editorial dos quadrinhos nacionais.

Com o primeiro número de Mônica, Mauricio de Sousa alçava voos maiores que seu trabalho com as tirinhas nos jornais e que as tímidas primeiras incursões em revistas em quadrinhos, alcançando um sem-número de leitores de todos os cantos do Brasil, que aprenderiam a apreciar, amar e difundir toda a Turminha, que sairia dos gibis e passaria a fazer parte da cultura nacional.

Não é à toa que o nome Mônica é quase que sinônimo de força; Cascão, de sujeira; Magali, de comilança, e Cebolinha... todo mundo conhece alguém que troca o “R” pelo “L”. E é certeza que esse alguém, em algum momento, já foi inevitavelmente chamado pelo mesmo nome do menininho de cinco fios de cabelos espetados.

Mas a força de uma HQ não reside só em seus personagens principais, mesmo que um deles seja a Mônica. Assim, desde este primeiro número, a Turma já dividia as páginas com Jotalhão, Franjinha, Turma da Mata e Bidu, que, entre outros, ajudaram a estruturar a longa caminhada em anos e anos de revistas mensais. A capa desse álbum, aliás, é uma releitura da capa de Mônica # 1.

O leitor desta coletânea tem o prazer de conferir uma ótima seleção de histórias de diversas fases da “carreira” da dentucinha, que começa com uma HQ com traços, roteiros e ritmos bem diferentes dos atuais.

Em Mônica é daltônica?,  Zé Luis bola um plano no qual todos os meninos tentam fingir uma troca de cores, de maneira que a Mônica acredite que está enxergando tudo errado. Assim, ele explica que a única “cura” é evitar emoções fortes e esforços físicos. Não podia dar certo.

Dentre outras curiosidades dessa HQ, há o plano bolado pelo Zé Luis, e não pelo Cebolinha, que só viria a assumir depois esse “cargo”.

Também vale citar que as palavras que Cebolinha pronuncia errado são colocadas entre aspas, o que, aliás, dificulta a leitura dos balões, e o verdadeiro sopapo que Mônica dá na cara do troca-letras, um tanto quanto politicamente incorreto. O nocaute mantém nosso “herói” desacordado uma página inteira!

Comparando essa HQ, a primeira da revista Mônica, de maio de 1970, com uma edição atuais, algumas mudanças gritam aos olhos, e não só no visual dos personagens, atualmente mais arredondados e “fofinhos”. Ângulos, enquadramentos, a dinâmica das narrativas, os diálogos em si, tudo é bem diferente.

Óbvio que essa constante mutação – ou melhor, adaptação – dos quadrinhos do Mauricio está entre as razões que fazem com que, geração após geração, se siga tendo o prazer de curtir as revistas em bancas, ainda que, por vezes, os mais velhos “torçam o nariz”. Não é quase sempre assim?

A segunda HQ, publicada originalmente em Mônica # 2, também é um dos clássicos da Turminha. Cascão convoca sua prima para “derrotar” a dentucinha, e a menina consegue, sem usar nenhum tipo de violência – ela apenas faz uma carinha de enorme tristeza, que derruba qualquer um! A curiosidade é que essa “carinha” nunca é mostrada para o leitor.

Depois, mais uma das grandes HQs da personagem, agora da década de 1980: Um amor de ratinho, na qual Mônica participa de uma festa, fantasiada de ratinha. Sem querer, ela é diminuída de tamanho por uma das máquinas do laboratório do Franjinha, e passa a ajudar os ratinhos contra os gatos, sendo que um deles se apaixona por ela. Uma brincadeira com esse clássico dos quadrinhos nacionais foi feita na Graphic MSP Laços

Na sequência, Sansão é o nome do meu coelhinho, que foi publicada após um concurso para escolher o nome do bichinho de pelúcia da Mônica. Participam da HQ o Tarzum, Fantasmo, Batmão e os amiguinhos da Mônica. Os primeiros ficam felizes com a escolha do nome, os últimos, nem tanto.

A edição segue com HQs mais atuais, da década de 1990 em diante. O leitor acompanha Mônica e Magali sendo esticadas e ficando altas, para atuar junto com modelos e ajudá-las contra um tirânico estilista; a dentucinha tentando disfarçar que chorou quando soube que o menino que paquerava estava namorando; a Turminha participando de um piquenique e virando inseto; Mônica e Magali se desentendendo por causa de interrupções nas brincadeiras (uma para porque quer comer, a outra porque sai correndo atrás dos meninos); outra na qual a comilona faz uma série de previsões sobre o que vai ocorrer com a amiga.

Finalmente, como nos outros álbuns sobre os 50 anos dos personagens (Cebolinha, Chico Bento, Cascão e Bidu), a última história pula para o futuro. Numa trama mais sensível e saudosista, Mônica e Cebolinha estão bem velhinhos, juntos, rememorando a infância, discutindo, se entendendo e mostrando que recordar é viver, com um final bem divertido.

Esta é uma edição imperdível por vários motivos - para o fã, que vai se entreter com uma leitura de qualidade. Para o colecionador, que vai rever HQs importantes da personagem. E para o pesquisador, que acompanha parte fundamental da história de tantos anos de sucesso da Mônica.

História que, um dia, as lendas hão de contar que começou lá atrás, quando um garotinho nascido em Santa Isabel pegou um lápis, olhou para uma folha de papel em branco e, sabe-se lá se é verdade ou não, exclamou em voz alta: “Eu tenho um plano!”...

Classificação

5,0

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