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MORRO DA FAVELA

1 dezembro 2011

MORRO DA FAVELA

Editora: Leya / Barba Negra - Edição especial

Autor: André Diniz (roteiro e desenhos) e Maurício Hora (fotos).

Preço: R$ 39,90

Número de páginas: 128

Data de lançamento: Junho de 2011

 

Sinopse

Nesta graphic novel, o quadrinhista André Diniz retrata as memórias do fotógrafo Maurício Hora, morador do Morro da Providência, no Rio de Janeiro, também conhecido como Morro da Favela, a primeira favela brasileira, nascida em 1897.

Da infância como filho do primeiro traficante de drogas do morro ao reconhecimento em sua profissão, já adulto, as páginas retratam a relação de Hora com a vida e a morte, a polícia e os bandidos, a prisão e a liberdade, o contraste entre o morro e o asfalto.

Positivo/Negativo

André Diniz é, hoje, o quadrinhista mais prolífero do Brasil. Nos últimos anos, ele publicou trabalhos inéditos, sozinho ou em parceria, por editoras como Escala Educacional (A revolução russa, A revolta de Canudos etc.), Conrad (7 vidas - A aventura de uma pessoa em seus passados), Record (O Quilombo Orum Aiê), Franco (Chico-Rei e Ponha-se na Rua), Pallas (A cachoeira de Paulo Afonso) e, agora, a Leya / Barba Negra. E o principal: suas obras têm sempre primado pela qualidade.

Quando surgiu para o mercado, no começo dos anos 2000, com os bons Fawcett, desenhado por Flavio Colin e recentemente relançado pela Devir, e Subversivos - Companheiro Germano, com arte de Laudo, Diniz já se mostrava um promissor roteirista, preocupado em pesquisar muito para contar suas histórias, sempre passadas no Brasil.

Por sua própria editora, a Nona Arte, Diniz lançou ainda HQs escritas e desenhadas por ele mesmo. E nelas ficava claro que, na época, seu traço estava bem aquém do seu texto.

Estava.

Hoje, André Diniz encontrou um equilíbrio. Seus roteiros continuam bem elaborados e com um ritmo de leitura preciso e, nos desenhos, ele desenvolveu um estilo - nitidamente influenciado por Colin - cujo grafismo se encaixa com naturalidade nos temas de suas histórias.

É o que se vê em Morro da favela. Trabalhando num contraste interessante de luz e sombras e com um traço anguloso, o autor prende a atenção do leitor com uma arte muito chamativa. O único senão é quando o texto "pede" por expressões faciais mais sofridas, marcadas pelo tempo, em close, algo que ainda não conseguiu implementar nesse seu estilo atual.

Mas o grande destaque deste álbum é o roteiro. O tema "favela mais morador que vira sucesso mundo afora, porém continua vivendo por lá", nas mãos de alguém menos habilidoso, teria tudo para virar uma história cheia de dramaticidade e superação exageradas. Felizmente, não passa nem perto disso.

Morro da favela é, sim, uma lição de vida, mas sem precisar apelar para esses recursos. Tudo flui com extrema naturalidade. A vida de Maurício Hora, o primeiro fotógrafo a clicar o Morro da Providência durante a noite, quando o território estava sob domínio dos traficantes, é contada de forma crua, dolorida até. Mas entremeada de passagens bacanas, como a descoberta de sua paixão pela fotografia, por exemplo.

O resultado é um belo álbum (de extremo bom gosto o projeto gráfico do livro e a opção da editora de colocar, nas páginas finais, fotos coloridas de Maurício Hora), que proporciona uma leitura gostosa e mostra que as favelas têm muita, muita coisa para mostrar além de drogas, tiroteio e samba.

Os cliques de Maurício Hora comprovam isso. E este álbum de André Diniz também.

Classificação:

4,0

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