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Reviews

The Multiversity # 1

22 agosto 2014

The Multiversity # 1Editora: DC Comics

Autores: Grant Morrison (roteiro), Ivan Reis (desenhos), Joe Prado (arte-final) e Nei Ruffino (cores).

Preço: US$ 4.99

Número de páginas: 48

Data de lançamento: Agosto de 2014

Sinopse

Uma ameaça começa a atacar diferentes realidades do Multiverso, e cabe a Nix Uotan, o último Monitor, investigar o que está acontecendo. Mas ele mal sabe que é um alvos principais e, ao ficar à beira da aniquilação, a única salvação pode ser a união de diversos super-heróis de Terras paralelas, numa jornada que os levará à muitas descobertas multidimensionais.

Positivo/Negativo

Após oito anos de desenvolvimento, a primeira edição da ambiciosa saga de Grant Morrison para reapresentar o Multiverso da DC tem início.

O conceito de universos paralelos que coexistem com versões diferentes dos personagens existe há muito tempo. Na década de 1950, a editora reformulou diversos heróis, que foram reapresentados aos leitores com bases mais científicas. Alguns exemplos: o Flash da Era de Ouro, Jay Garrick, foi substituído por Barry Allen; e o Lanterna Verde, até então com origem mística e chamado Alan Scott, foi recriado como Hal Jordan, membro de uma organização responsável por manter a paz no universo, a Tropa dos Lanternas Verdes.

Essas releituras foram o início do que ficou conhecido como Era de Prata dos quadrinhos.

Em 1961, com a publicação de The Flash # 123, o escritor Gardner Fox e o desenhista Carmine Infantino apresentaram a história Flash of Two Worlds (Flash de Dois Mundos), na qual o novo Flash, Barry Allen, se encontrava com a versão anterior, Jay Garrick. Assim, para justificar a existência de duas versões distintas do mesmo herói, foi decidido que cada um vivia em um mundo paralelo.

Com o passar do tempo, o uso indiscriminado desse artifício começou a causar confusões cronológicas. Além de suas próprias criações, quando a DC adquiria propriedades de outras editoras, uma nova realidade alternativa era criada para acomodá-las. Por exemplo, os personagens da Charlton Comics (Besouro Azul, Questão, Pacificador, Capitão Átomo e outros), ou da Fawcett Comics (Capitão Marvel, atualmente conhecido como Shazam) tinham suas próprias Terras dentro de um Multiverso cada vez maior.

Assim, uma infinita variedade de universos surgiu. Autores e, principalmente, leitores, começaram a ter dificuldades de acompanhar tudo isso. Histórias eram contadas, recontadas e contraditas indiscriminadamente. Até que, em 1986, foi lançada a que, para muitos, é a maior e mais importante saga dos quadrinhos de super-heróis: Crise nas Infinitas Terras.

Nela, um ser chamado Antimonitor controlava uma onda de antimatéria com o objetivo de destruir o Multiverso, e coube ao Monitor juntar uma equipe de super-heróis de diferentes mundos para impedir a aniquilação de toda a existência.

Sob o comando de Marv Wolfman (texto) e George Pérez (arte), o objetivo era arrumar a confusão e tornar o Universo DC uma única e coesa realidade, abandonando o Multiverso. Toda a cronologia foi zerada e reiniciada, com novas origens para os personagens.

E assim ficou por alguns anos, mas um conceito tão influente não seria facilmente esquecido. Sagas complementares começaram a surgir, como Zero Hora (1994), O Reino (1999, continuação de O Reino do Amanhã), Crise Infinita (2005), 52 (2006) e Crise Final (2008). Todas, de uma maneira ou de outra, abordavam o conceito de realidades alternativas e, aos poucos, tornou o assunto cânone dentro da continuidade.

Mas tudo permanecia vago, sem muitos detalhes. O Multiverso voltou, agora formado por 52 realidades paralelas, mas suas regras não estavam definidas. Foi quando Morrison começou a trabalhar em Multiversity.

O trabalho era grande, e as mudanças editoriais atrasaram o cronograma. A DC decidiu, mais uma vez, fazer um reboot. Desta maneira, em 2011, foi publicada a minissérie Ponto de Ignição, com a mesma meta de Crise nas Infinitas Terras: reiniciar a continuidade das histórias. E assim nasceu a fase Os Novos 52.

Entretanto, desta vez, a editora abraçou a ideia de continuar com o Multiverso como ele havia sido reintroduzido alguns anos antes, com os 52 mundos distintos. Duas novas revistas mensais já abordavam o assunto: Earth 2 e World’s Finest. Até mesmo Action Comics # 9 (2012), do próprio Morrison, mostrou um desses mundos.

E é aí que Multiversity se encaixa. Nesta saga, Morrison definirá o funcionamento desse Multiverso, e revelará quais são os 52 mundos e quem vive neles. Inclusive, um mapa foi divulgado, mostrando como cada propriedade da editora se relaciona com as demais. Não só os super-heróis, mas também os Novos Deuses, Apokolips, Deuses, Paraíso, Inferno, Sonho, Força da Aceleração, a Sangria e a Fonte. Como todos esses conceitos coexistem, e como se “viaja” de um para o outro.

A trama começa com o último Monitor investigando o que aconteceu com a Terra-7 (onde vivem análogos dos heróis da Marvel), atacada por uma misteriosa força que a deixou à beira da destruição – as leis da física não funcionam mais. Seu objetivo é destruir o Monitor. Um único ser escapa do ataque: Thunderer, que é enviado para a Casa dos Heróis, ou a Multiversidade, local que dá acesso às 52 realidades do multiverso.

A missão, agora, é recrutar um grupo de heróis para salvar o Monitor e, consequentemente, a existência.

Cada realidade ocupa o mesmo espaço, mas separadas por frequências vibracionais. Sabe-se o que está acontecendo em cada uma delas por meio de revistas em quadrinhos, pois as histórias que pensamos ser fictícias são, na verdade, acontecimentos de outros mundos do Multiverso.

E é este o meio que Nix Uotan, o último Monitor, utiliza para monitorar os acontecimentos: lendo quadrinhos.

Assim, nós, os leitores, fazemos parte do Multiverso da DC, e somos usados como personagens da trama. Ao lermos Multiversity, é como se tivéssemos acesso aos acontecimentos de mundos paralelos, e Morrison brinca com este conceito nos tirando do estado passivo e tornando-nos parte integral da narrativa.

O monstro, vilão da história, é um grande olho com asas, que por vezes aparece como se encarando o leitor, fazendo exigências, emulando um efeito hipnótico.

Quadrinhos dentro de quadrinhos, com diferentes níveis de realidades da existência. Ao decorrer das páginas, você recebe instruções, como se a leitura fosse determinante para o futuro dos personagens e o desfecho da trama. Algo que, certamente, será abordado nas próximas edições.

Outra personagem importante reaparece aqui. A Precursora é, agora, um sistema de inteligência artificial criado pelo Monitor, com a tarefa de guiar a força-tarefa contra a ameaça.

Ainda são apresentados o Capitão Cenoura, vindo de uma realidade habitada por cartuns; Red Racer, uma versão alternativa do Flash, leitor nerd de quadrinhos e, por isso mesmo, com certo conhecimento das outras realidades; e o Dino-Cop, que parece ser uma versão do Savage Dragon, da Image.

O escritor também referencia revistas passadas e futuras. Na página 2, The MultiversityUltra Comics, tem influência antes mesmo de ser publicada, o que só acontecerá nos próximos meses no “nosso mundo”. Na página, 4, aparecem as capas de The MultiversityThe Just # 1 (outubro de 2014) e variante de The Multiversity # 1 (inspirada em Action Comics # 1, de 1938).

Já na 24, a já citada Action Comics # 9 (publicada no Brasil em Superman # 9, da Panini. Clique aqui para ler o review da edição), com o presidente Superman da Terra-23, ganha todo um novo contexto.

As Terras mencionadas nesta primeira edição, ou já reveladas, são as seguintes:

  • Terra-0: personagens de Os Novos 52;
  • Terra-2: a que é abordada nas séries Earth-2 e World’s Finest;
  • Terra-3: a do Sindicato do Crime, como visto em Vilania Eterna;
  • Terra-4: não especificada;
  • Terra-5: não especificada;
  • Terra-6: versões dos heróis DC criadas por Stan Lee;
  • Terra-7: análogos dos super-heróis da Marvel;
  • Terra-8: também povoada por análogos dos heróis da Marvel, chamada aqui de Major Comics. É como se fosse a versão Ultimate dos personagens da Terra-7.
  • Terra-10: não especificada;
  • Terra-11: de onde vem a Aquawoman, mas sem mais detalhes;
  • Terra-16: ameaças foram eliminadas há muito tempo pelos antigos heróis, e a próxima geração de super-humanos acaba sendo mais supercelebridades do que super-heróis;
  • Terra-20: protegida por uma Sociedade da Justiça bem diferente da que conhecemos;
  • Terra-23: onde vive o presidente Superman, habitada por contrapartes de raça negra dos heróis tradicionais;
  • Terra-26: um mundo habitado por seres de desenhos animados, provável lar do Capitão Cenoura;
  • Terra-33: ex-Terra-Primordial. O “mundo real” do leitor, sem seres superpoderosos;
  • Terra-36: mundo natal do já mencionado Red Racer;
  • Terra-41: lar do anteriormente comentado Dino-Cop.

Tudo isso ilustrado pelos excelentes desenhos de Ivan Reis e a competente arte-final de Joe Prado, ambos brasileiros. Eles mostram, mais uma vez, porque Reis é um dos desenhistas mais requisitados da DC, e atingiu o status de, talvez, o principal nome da editora.

The Multiversity abre a porta para o surgimento de conceitos e personagens interessantes não só dentro da minissérie, mas para os outros autores usarem no futuro. Uma nova mitologia a ser explorada.

Classificação

4,5

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