O ANIVERSÁRIO DE ASTERIX E OBELIX - O LIVRO DE OURO
Autor: Albert Uderzo (roteiro e desenhos).
Preço: R$ 25,90
Número de páginas: 56
Data de lançamento: Novembro de 2009
Sinopse: Passados 50 anos, Asterix e Obelix estão velhos e cansados. Eles mal têm forças para lembrar e recontar seus antigos feitos. A vida não é mais mesma para os nossos heróis gauleses?
Mas eis que surge o senhor Albert Uderzo, para se vangloriar da ideia de envelhecer os seus personagens. E logo ele se arrepende de sua ousadia e, mediante fortes argumentos de Obelix, tudo volta ao normal.
Assim, a dupla de heróis gauleses pode curtir as comemorações de meio século anos de existência.
Positivo/Negativo: No que se refere aos desenhos, este 34º álbum de Asterix é um dos mais belos da coleção. Há páginas (28, 30,35 e 47) que enchem os olhos pela composição, traço, cores e detalhes.
Além disso, citações e adaptações da obra de artistas plásticos como Delacroix, David, Manet, Arcimboldo, Munch, Coubert e Rodin para o mundo dos irredutíveis gauleses confirma, novamente, o talento e o extremo bom gosto do mestre Albert Uderzo e sua equipe.
Tanto esmero na forma tem um propósito bem claro: lembrar que, não por acaso, Asterix e companhia estão em cartaz há 50 anos. Para leitores veteranos, é uma festa reencontrar antigos personagens que fazem parte desse ícone da cultura pop.
No entanto, é uma pena que este álbum seja apenas uma repetitiva autocelebração. Falta à edição comemorativa o elemento, tão ou mais importante que os desenhos de Albert Uderzo, que explica o sucesso desta HQ: um roteiro à altura dos feitos por René Goscinny.
Do primeiro ao último álbum escrito por Goscinny, leitores de todo o mundo deleitaram-se com aventuras que combinaram, de maneira raríssima no mundo das HQs, a diversão e o refinamento intelectual.
Albert Goscinny, falecido em 1977, escritor de grande erudição (coautor de outro marco das HQs de língua francesa, Lucky Luke), criou aventuras que exploravam aspectos da cultura do antigo mundo greco-romano, historicamente fundamentados, associados a uma delirante e crítica análise da política externa e da França do século XX.
Um exemplo da refinada ironia do texto de Goscinny é uma passagem da aventura Asterix e os Godos, na qual Asterix pergunta ao druida Panoramix se os godos, ancestrais dos alemães,voltarão a invadir a Gália (antiga província romana que dará origem à França moderna). A resposta do criador da poção mágica é sucinta: não tão cedo.
Esta brincadeira histórica, que se reporta à Segunda Guerra Mundial, é parte do raciocínio que transforma a única aldeia gaulesa livre da dominação romana na Resistência Francesa, versão século 1 a.C.
Mas Goscinny, longe de cometer o erro de ser simplista por seus roteiros, compreendia muito bem que a França não é apenas gaulesa, mas que também deve muito às influências latinas, fruto da invasão romana.
Assim, a arquitetura, o urbanismo e as estradas romanas na Gália, para ficar apenas com três exemplos, estão presentes nas páginas de Asterix para compor o quadro de versão satírica e livre da obra de Júlio Cesar sobre a invasão da Gália, A Guerra Gálica.
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