O espetacular Homem-Aranha – Renove seus votos # 1
Editora: Panini Comics – Série sem periodicidade definida
Autores: Gerry Conway, Anthony Holden e Kate Leth (roteiro), Ryan Stegman, Anthony Holden, Marguerite Sauvage e Nathan Stockman (desenhos) e Sonia Oback e Jesus Aburto – "Aburtov" (cores) – Originalmente em The Amazing Spider-Man – Renew Your Vows # 1 a # 5.
Preço: R$ 19,90
Número de páginas: 120
Data de lançamento: Julho de 2018
Sinopse
A vida não está nada má para a família Parker! Peter agora divide suas responsabilidades de manter a cidade de Nova York segura com sua esposa Mary Jane e, meio a contragosto, é verdade, com sua filha Annie.
Porém, o Amigão da Vizinhança vai precisar de toda a ajuda possível para deter os supervilões que assolam a cidade, inclusive alguns de seus velhos inimigos e uma terrível ameaça vinda do subterrâneo.
Positivo/Negativo
Os fãs do Homem-Aranha há muito reclamam que o herói mudou bastante em comparação àquele jovem que tinha problemas financeiros e outras dificuldades da sua vida como Peter Parker, enquanto concilia seus deveres como combatente do crime.
Muito desse sentimento de estranhamento se deve à atual fase do personagem, capitaneada pelo escritor Dan Slott.
Nos roteiros dele, em especial na fase Totalmente Nova Marvel (2016), Peter virou o presidente das Indústrias Parker, trabalha na S.H.I.E.L.D., tem um romance com a heroína Harpia, e utiliza muitos apetrechos tecnológicos em seu traje.
O pontapé para essas mudanças drásticas se deu no evento Um dia a mais (edições # 81 e # 82 do primeiro volume da série do Homem-Aranha pela Panini), no qual, para salvar a Tia May, o herói faz o famigerado pacto com o demônio Mephisto. O preço? Seu casamento, que já durava quase 20 anos nos quadrinhos, com a modelo Mary Jane.
Foi assim que o editor Joe Quesada, um notório detrator da ideia de o Homem-Aranha ser casado, teve a chance de rejuvenescer o personagem, entregando-o a uma equipe de roteiristas, dentre eles Dan Slott.
Mas a ideia do Aranha casado ainda era muito popular entre os fãs (afinal, foram quase 20 anos de histórias – boas e ruins – com o casal). Sempre cobrada, a Marvel viu no evento Guerras Secretas, escrito por Jonathan Hickman, uma chance de contar uma nova história com o casal Parker. Desta vez, acompanhada de uma filha, Annie.
Essa história saiu no Brasil em Guerras Secretas – Homem-Aranha # 1 (2016) e teve uma aceitação boas entre os fãs, como já acontecera nos Estados Unidos.
Partindo do pressuposto que os heróis e seus inimigos estavam desaparecidos, o Homem-Aranha vivia escondido com sua família em um mundo dominado pelo vilão Regente. Nessa minissérie, escrita Dan Slott e com arte de Adam Kubert, os fãs puderam ver novamente Peter e Mary Jane juntos, mesmo que por pouco tempo.
Mas o fim dessa história não durou tanto tempo. Sabendo que a ideia agradava muitos leitores, e tendo consciência de que as mudanças que transformavam o Homem-Aranha em empresário desagradavam outros tantos, a Marvel apostou na ideia de dar prosseguimento às histórias do casal Parker e sua filha Annie.
Foi assim que O espetacular Homem-Aranha – Renove seus votos virou um título fixo, mesmo que se passe em um universo paralelo, na grade da "Casa das Ideias".
São muitas mudanças e decisões editoriais que dão origem a esta história (e o encadernado da Panini não faz questão de lembrar nada disso, contando apenas com uma rápida recapitulação), e o leitor novato pode até pensar que precisará de um manual para entender este volume inicial. Ledo engano.
A história tem uma leveza e um ritmo que os fãs pediam há tempos, não precisando de prévio conhecimento dos fatos anteriores. Basta saber que Peter e Mary Jane têm uma filha e que agora (contra a vontade do pai) todos querem combater o crime. Isso vem muito da escolha do autor para escrever a história: Gerry Conway.
Para quem não sabe, ele foi o escritor que assumiu o título do Aranha logo após a saída de Stan Lee, sendo considerado um dos grandes roteirista da Marvel. Conway, inclusive, é o roteirista da famosa história em que a então namorada de Peter, Gwen Stacy, é assassinada pelo Duende Verde. Ou seja, é alguém que conhece bem o personagem.
Algum leitor pode desdenhar deste título, por achar que Conway ainda escreve gibis como há 50 anos. É um erro afirmar isso. Neste volume, dividido em cinco partes, ele acerta ao tratar em cada um dos três primeiros capítulos as personalidades de Peter, Mary Jane e Annie.
Cada personagem tem um ponto de vista trabalhado na obra, até o momento em que todos se juntam para derrotar o Toupeira, que, infelizmente, é mal trabalhado, pois está ali apenas para ser o vilão genérico da trama que unirá a família Parker.
O escritor apresenta um Peter com problemas para aceitar que sua família lute contra o crime ao lado dele – é um marido e pai superprotetor. Mary Jane é bem mais atuante, dona de uma loja e que tomou gosto por ajudar seu marido. E, principalmente, Annie pode até se juntar a Jonathan Kent, filho do Superman da DC Comics, como uma personagem infantil relevante e cativante.
Esta edição é um excelente ponto de partida para apresentar essa nova dinâmica familiar. Conway ainda planta sementes para as próximas histórias, com a presença do neto de Norma Osborn (o Duende Verde), em especial na parte 5, quando a família enfrenta um tradicional vilão do Aranha, o Homem-Areia.
Na arte, outro conhecido do herói. Ryan Stegman desenhou a fase Homem-Aranha – Superior, de Dan Slott, e entrega boas cenas de ação. Mas há uma ou outra cena com a narrativa prejudicada, como a que Peter e Mary Jane se enroscam em uma teia. Na parte 5 da trama, quem assume o lápis é Nathan Stockman, com um tom mais cartoon.
A revista traz ainda duas histórias curtas e fechadas, com roteiros de Anthony Holden e Kate Leth, mostrando mais da dinâmica Peter e Annie e Mary Jane e Annie. Ambas podem soar infantis, mas são essenciais para trazer humor e mostrar mais da carismática Annie.
Renove seus votos # 1 é uma ótima oportunidade para rever o casal Peter e Mary Jane, e conhecer a filha deles, Annie. Peca apenas no uso vilões genéricos e dispensáveis para a trama. Mas a diversão compensa.
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