O Incrível Hulk # 1 (GEA)
Editora: GEA - Grupo de Editores Associados
Autores: Roy Thomas (textos) e Herb Trimpe (desenhos).
Preço: Cr$ 1,50 (preço da época)
Número de páginas: 24
Data de lançamento: 1972
Sinopse: Sinceramente... Homem-Areia! - Internada num hospital, Betty Ross recebe a visita de Bruce Banner, que, na pele do Hulk, havia escapado de mais um ataque do General Ross.
No mesmo local, o Homem-Areia surge com o propósito de obrigar algum médico a curar-lhe da estranha enfermidade que o está transformando em diamante. O vilão consegue trocar de sangue com Betty Ross, e Banner facilita voluntariamente a transformação no gigante verde para vingar sua amada.
Tem início uma batalha épica entre duas das criaturas mais perigosas da Terra.
Positivo/Negativo: Um excelente roteirista, que logo se tornaria célebre por seu trabalho com o bárbaro Conan; um desenhista seguidor fiel da escola de Jack Kirby; um vilão interessante e poderoso (embora apresentado aqui com um uniforme risível); um protagonista ainda em "início de carreira", cheio de possibilidades... Em suma, belos elementos que tornaram esta HQ uma boa estréia do Hulk, na saudosa GEA - Grupo de Editores Associados.
O Hulk de Herb Trimpe não é grande, nem muito assustador. As cenas de batalha também não apresentam tanto impacto e destruição, e os quadrinhos diagramados da forma clássica não contribuem para isso. E a cena tensa e chamativa da capa não chega nem perto de acontecer na história.
Mas são exatamente esses elementos que tornam divertida a leitura do gibi nos dias atuais. E há ainda uma certa inocência nos diálogos e na trama, que faria torcer o nariz dos leitores das novas gerações, mas que seriam muito bem-vindas para atenuar a boçalidade da maioria das atuais aventuras de super-heróis.
Entretanto, o que torna interessante esta edição (além de ser a primeira revista mensal do Hulk no Brasil) é um fato ocorrido dez anos após seu lançamento. Em 1982, o cantor e compositor Zé Ramalho (fã confesso de quadrinhos) gravou a música Força Verde, em seu LP de mesmo nome, cuja letra é a cópia - palavra por palavra - do texto introdutório deste gibi, que por sua vez é a tradução de um poema de William Butler Yeats, poeta e dramaturgo irlandês, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1923.
Foi uma espécie de plágio duplo (sobre o poema original e mais ainda sobre a tradução brasileira), que repercutiu bastante na época, e cuja descoberta se deve a um colecionador de HQs da Paraíba, que denunciou o ocorrido num jornal local.
Embora, obviamente, o texto não tenha sido escrito para o Hulk, o roteirista Roy Thomas o usou devido à incrível semelhança com a descrição conceitual do Golias Verde. Confira abaixo.
Ainda há pouco era apenas uma estrela candente / Parecia uma imensa tocha antes do mergulho / Agora vem à tona, sua ira é intensa e você deseja saber se há algo que possa acalmá-lo outra vez / Os pássaros, a lua cheia e todo o céu leitoso, e todas as formas da natureza foram destruídas pela imagem do homem e seu choro / A moça dos lábios vermelhos mostrava toda a grandeza do mundo em lágrimas / Condenado como Ulisses / E como Príamos, morto com seus companheiros / Apareceu no momento em que a Lua se ia elevando / E todo o pranto forma a imagem do homem e seu lamento.
Outro atrativo é a seqüência de propagandas de outras publicações Marvel da editora, que inclui a de um certo Defensor Destemido, hoje conhecido por todos como Demolidor.
Uma edição imperdível não só para os fãs do Hulk, mas para qualquer colecionador de HQs. Vale a pena procurar nos sebos.
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