O Monstro
Editora: Independente – Edição especial
Autor: Fábio Coala (roteiro, arte e cor).
Preço: R$ 33,00
Número de páginas: 240
Data de lançamento: Setembro de 2013
Sinopse
O Monstro é um bicho de pelúcia que passa de criança para criança, ajudando-as em seus momentos mais difíceis.
Positivo/Negativo
Na infância, muitas vezes enfrentamos situações “monstruosas” por não entendermos direito como funciona o “mundo dos adultos”.
Há crianças que muito cedo vivenciam experiências traumáticas, como, por exemplo, a perda ou a separação dos pais, ou ainda uma doença grave, tornando-as introspectivas ou agressivas em demasia.
A dor causada pelo sentimento de rejeição ou pela angústia somente é curada com amor, nem que para isso seja necessário recorrer à imaginação e dar vida a um brinquedo querido, o qual se transforma em um amigo imaginário que resgatará a autoconfiança e a autoestima perdidas.
Ao atuar no Corpo de Bombeiros, Fábio Coala (autor do site Mentirinhas) ouviu um relato tão marcante que o motivou a escrever uma história sobre crianças e brinquedos, a princípio curta, mas que foi sendo ampliada e depois guardada e parcialmente esquecida.
Como tudo tem o seu momento de ser, anos depois aquela história foi desmembrada em diversas pequenas HQs, tiras e ilustrações (veiculadas na internet) e, em 2013, materializou-se em um romance gráfico, financiado por quase mil pessoas, via Catarse.
O Monstro traz quatro histórias de crianças que, no momento em que mais precisaram de ajuda, puderam contar com um simpático monstrinho roxo, com um olho verde e outro azul, zíper na barriga e louco por brócolis.
Quem liberta o Monstro do sótão é o Ney, menino que mora num orfanato junto com outras crianças. A partir daí, cada criança passa um tempo com o Monstro e vai repassando-o à próxima criança que necessita dele, como Claudião, César, Lito...
No momento em que as histórias se cruzam, uma nova história começa.
Aqui, Coala acerta a mão duplamente, tanto ao dosar a intensidade emocional de cada personagem quanto ao ir entrecortando as narrativas de presente e passado, as quais são todas apresentadas em preto e branco, ganhando cor toda vez que o Monstro surge.
Personificar uma deidade do bem com uma aparência de “bicho papão” foi outro acerto, pois, além de dar densidade à personagem, remete aos gênios dos contos de fadas e das fábulas, os quais tinham fenótipos medonhos e até pregavam peças, mas em geral faziam o bem àqueles que mereciam.
Por falar em contos de fadas, O Monstro também emprega outra forte característica deles, que é partir de um problema real, buscar uma solução no campo da fantasia e depois voltar à realidade para pô-la em prática, proporcionando crescimento e superação.
A edição caprichada traz extras muito bacanas, como a primeira história em quadrinhos com o Monstro, thumbnails, estudos de personagens, esboços de páginas e ilustrações feitas por convidados especiais. Coala apenas é traído pelo "monstro" da língua portuguesa e dá algumas derrapadas, como nas páginas 55 (na qual há um "cancei") e 185 (faltou o "u" em "troxessem"). Nada que altere o prazer da leitura, mas vale ficar mais atento.
No final do álbum, há ainda um presente para os leitores: um link com uma senha que leva a uma página de HQ bônus.
Classificação