O Sombra – Volume 1 – O fogo da criação
Editora: Mythos – Edição especial
Autores: Garth Ennis (roteiro) e Aaron Campbell (arte) – Originalmente em The Shadow # 1 a 6 (tradução de Jotapê Martins).
Preço: R$ 39,90
Número de páginas: 208
Data de lançamento: Outubro de 2013
Sinopse
O ano é 1938. Uma noite de carnificina na zona portuária de Nova York lança o Sombra numa conspiração envolvendo o destino do próprio mundo.
Enquanto as nuvens da tempestade adensam-se ao redor do globo, prenunciando a guerra, agentes do serviço de inteligência militar estadunidense têm um encontro com Lamont Cranston, o alter ego do misterioso justiceiro, determinados a derrotar a horda de espiões e assassinos em busca do maior de todos os prêmios.
Positivo/Negativo
O Sombra é um personagem que nasceu na Era do Rádio. Criado por Walter Brown Gibson, sob o pseudônimo Maxwell Grant, no começo dos anos 1930, o justiceiro chegou a ser interpretado pelo futuro cineasta Orson Welles nas ondas radiofônicas.
Consequentemente, graças a sua popularidade, o Sombra migrou para a literatura pulp, para o cinema em várias produções e, posteriormente, para as histórias em quadrinhos.
Duas grandes obras dos anos 1980 são lembradas pelos fãs de HQs: a minissérie reboot de Howard Chaykin e a série escrita por Andy Helfer com a arte de nomes como Bill Sienkiewicz, Marshall Rogers e Kyle Baker (leia uma resenha dessa fase clicando aqui).
Recentemente, a Dynamite Entertainment passou a investir em vários personagens dos pulps. Este arco O fogo da criação – lançado originalmente em 2012 – é o primeiro do projeto da editora a ser publicado no Brasil, seguido de O Aranha – O terror da Rainha Zumbi.
O pontapé inicial da nova empreitada ficou por conta de Garth Ennis, famoso pelos seus personagens escatológicos, sua violência nada moderada e uma linguagem à la Quentin Tarantino. Mas uma das características pouco conhecidas do irlandês é o seu conhecimento sobre a História, sobretudo as Grandes Guerras.
O autor se contém e deixa de lado alguns aspectos para contar uma boa trama do justiceiro de gargalhada estridente e manipulador de mentes mais fracas.
Apesar de ser ambientado na véspera da Segunda Guerra Mundial, Ennis “arranha” a nostalgia e o romantismo dos jogos de espionagem da época para exercitar a sua marca registrada no uso gráfico da violência, com rajadas de bala e banhos de sangue dignos da fase de Chaykin (que faz as capas originais, junto com Alex Ross, Jae Lee, John Cassaday e Ryan Sook, todas presentes no final do encadernado).
O escritor mostra como é versado no assunto histórico em muitos momentos beirando o didatismo, mas não deixa de imprimir sua sagacidade no cinismo e na esperteza do playboy Lamont Cranston, o alter ego do protagonista, bem mais atuante nas páginas do enredo do que sua contraparte.
Mesmo sem os seus exageros habituais, fica fácil perceber as características onipresentes de personagens elaborados pelo autor, como um agente metido a sabichão do serviço de inteligência norte-americano que pensa estar no comando da operação ou os sanguinários inimigos do exército japonês e o mercenário chinês.
Somado aos seus diálogos afiados, tudo contribui para uma leve aventura de espionagem, sem grandes reviravoltas, mas com toda a vitalidade e potencial que o Sombra pode canalizar.
A correta e sombria arte de Aaron Campbell oferece o toque nostálgico para o enredo com seus detalhes na reconstituição de época. O destaque fica para suas splash pages, os quadros de página inteira.
A edição da Mythos tem capa dura, papel couché de alta gramatura e acompanha uma série de cards com os personagens da Dynamite que a editora vai publicar.
A título de curiosidade: uma das capas assinadas por Howard Chaykin é praticamente uma fotocópia de um momento sangrento da sua própria minissérie com o Sombra, intitulada Crime & Castigo e publicada por aqui em Batman (2ª série), revista em formatinho da Abril.
Classificação