A Origem de Tarzan
Editora: Ebal - Edição especial
Autores: Joe Kubert (texto, desenhos e arte-final).
Preço: Cr$10,00 (preço da época)
Número de páginas: 112
Data de lançamento: Fevereiro de 1974
Sinopse
Um pequeno safári avança pela selva africana. Nele, uma bela jovem à procura de um explorador desaparecido, seu pai. Do nada, uma pantera negra surge ameaçando a vida da moça, mas antes que seu valente guia possa fazer algo, surge o senhor das selvas, que mata a fera numa violenta luta e desaparece sem deixar vestígios logo em seguida.
Quem é aquele misterioso selvagem que a salvou? Klaxton, o guia, começa então a contar a lenda de Tarzan, num engenhoso flashback, desde o motim que fez com que Lorde e Lady Greystoke fossem abandonados numa praia selvagem, passando pela morte de seu pai por Kerchak, o gorila, a infância nos braços de Kala, a macaca, sua mãe adotiva, o contato com a civilização, até o encontro com o Tenente Paul D'Arnot e com Jane Porter, sua amada.
Por fim, o pai da jovem é trazido são e salvo de volta para ela pelo Homem Macaco que novamente desaparece na selva.
Positivo/Negativo
Em 1972, depois de mais de 25 anos de publicação pela Dell/Gold Key, Tarzan mudou de editora nos Estados Unidos. Embora a numeração tenha continuado, a edição 207 de sua revista era totalmente diferente do que os fãs do herói tinham visto até então. A DC Comics tinha começado com estardalhaço.
No comando editorial de Tarzan (e de todas as revistas ligadas a personagens de Edgar Rice Burroughs) estava um nome muito conhecido e respeitado pelos leitores em outro gênero, os quadrinhos de guerra: Joe Kubert.
Desde 1968, Kubert era um dos editores da DC, sob o comando de outra lenda, Carmine Infantino, fazendo parte de uma leva de artistas responsáveis pela renovação da DC, onde até então o ponto de vista que sempre prevalecia era o dos editores e argumentistas.
Isso fez com que a editora, antes taxada de "corretinha", de repente se tornasse mais propensa a arriscar e experimentar, não apenas nos temas abordados nas histórias, mas sobretudo na parte gráfica.
Kubert estava no auge de sua forma criativa, mesmo tendo uma carreira de quase 30 anos nos comics, boa parte desse tempo trabalhando para a DC. Era um artista maduro, criativo, versátil e capaz de contar uma história em imagens como poucos.
Desenhar o Homem-Macaco sempre foi o sonho de vários desenhistas norte-americanos e Kubert, que leu na infância o Tarzan de Hal Foster, não era exceção. Aliás, de certa maneira, é o Tarzan de Foster que Kubert traz de volta, bastante rejuvenescido, mas com a mesma característica de pouco papo e muita ação.
A história da origem de Tarzan dos Macacos, já bastante conhecida, é abordada aqui de uma maneira magistral, com um narrador que faz parte da trama contando tudo como uma lenda nativa, que se confirma no decorrer da aventura.
Mas o mais importante aqui não é propriamente a história e sim a caracterização do herói. Ninguém via há muito tempo, desde Foster e Hogarth, um Tarzan como o de Kubert. O personagem que os fãs tinham se acostumado a ler tinha pouco de selvagem, sendo muito mais correlato ao herói do cinema do que ao dos livros.
É verdade que houve uma fase primorosa pouco antes da de Joe Kubert, com desenhos de outro gigante, Russ Manning, mas o aspecto selvagem não estava presente nela também, por influência dos editores.
Kubert resgatou um Tarzan que não apenas mata feras e homens, mas o faz com realismo, esforço e veracidade, sem perder nada em dignidade ou nobreza de caráter. Ele fica ferido depois das lutas e nem sempre consegue as coisas com facilidade. Ou seja, é um Tarzan em que dá para acreditar.
Por isso, acabou virando modelo. É dele que saiu o Tarzan interpretado por Christopher Lambert no filme Greystoke e até (atenuadamente) o do desenho animado da Disney. Não é um super-herói, e sim um ser de carne e osso, bastante verossímil.
A Ebal publicava Tarzan desde 1951, bem como vários heróis da DC ao longo de muito tempo. Quando essa série surgiu nos Estados Unidos, resolveu lançar os primeiros quatro números reunidos num almanaque colorido, que chamou de A Origem de Tarzan.
A edição foi uma das várias publicações comemorativas dos 40 anos do Suplemento Juvenil e tem o tradicional belo acabamento dos quadrinhos da editora de Adolfo Aizen. Não é difícil de achar essa edição à venda na internet ou em sebos, pois as tiragens foram grandes, e vale muito a pena comprá-la, junto com sua prima-irmã A Volta de Tarzan.
Para os puristas, esse material acaba de ser relançado nos Estados Unidos pela Dark Horse como Tarzan: The Joe Kubert Years, pelo módico preço de 50 dólares.
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