Planetary – Volume 2 – O quarto homem
Editora: Panini Comics – Edição especial
Autores: Warren Ellis (roteiro), John Cassaday (arte), Laura Martin e David Baron (cor) – Originalmente em Planetary # 7 a # 12.
Preço: R$ 19,90
Número de páginas: 160
Data de lançamento: Dezembro de 2013
Sinopse
A equipe de campo do Planetary, composta por Jakita Wagner, Elijah Snow e Baterista, viaja o mundo para desenterrar a História do Século 20 e descobrir qual foi o tamanho da interferência do grupo conhecido como Os 4.
E tudo isso vai levar à revelação de quem é o Quarto Homem, responsável pela organização Planetary.
Positivo/Negativo
Planetary é uma série que se constrói sobre referências, e não como uma estante para essas referências. E por mais estranho que isso pareça ser, é justamente isso que a torna acessível mesmo para aqueles leitores que não sabem o que Warren Ellis e John Cassaday citaram nesta ou naquela edição específica.
Sim, isso mesmo. Cada edição (veja aqui a resenha do primeiro volume) se constrói a partir de um conjunto de referências às histórias da Cultura Pop do Século 20, passeando pelos diversos meios e adaptando a linguagem das HQs para representar a linguagem desses novos meios.
Para dar conta disso, Ellis não tem pudor algum em mesclar gêneros e personagens-citação (que são aqueles que se assemelham a outro muito conhecido, são reconhecíveis, mas não são ele).
A história que abre a edição é rapidamente identificada pelo leitor como uma homenagem à linha Vertigo, da DC Comics. Como se trata dos depressivos anos 1980, a trama é de um funeral, com direito a uma espécie de “onde está Wally” na cena do enterro, para que se identifique quem representam aqueles personagens-citação.
O enterro é de Jack Cole, um mago urbano inglês que usava capote, era mau-caráter e fumante inveterado. Lembrou algum outro personagem com as mesmas iniciais? Os dois próximos parágrafos contêm uma informação sobre o desfecho dessa história, então, caso não queira saber nada disso ainda, recomenda-se que os salte.
No final, Jack Cole aparece vivo e estoura o peito de um super-herói raivoso e musculoso com uma escopeta. Ele é acusado pelo uniformizado de ter revelado o lado podre e obscuro dele, assim como os escritores ingleses fizeram com os superseres na década de 1980.
Então, Cole se despe de seu capote, acende um cigarro numa cena muito popular com outro personagem de Ellis (a saber, Spider Jerusalém) e anuncia: “Os anos 80 acabaram há tempos. É hora de ir em frente. Hora de ser outro alguém”. A mensagem é clara: chega de super-heróis ultraviolentos, chega dessa depressão tão oitentista.
A aventura seguinte é uma linda homenagem aos filmes de ficção científica e ao cinema de modo geral. A loira que aparece no começo se assemelha a Marilyn Monroe, um ícone da tela grande e peça central em diversas teorias da conspiração.
Aqui, os quadros assumem, em boa parte da narrativa, um formato horizontalizado, com inclusões em preto e branco, como se o leitor visse um filme antigo. Se revela mais um pouco dos planos d’Os 4 na história do Século 20.
A próxima história apresenta um novo personagem (que existiu no passado de Planetary), Ambrose Chase, e o conceito de viajar não para outras dimensões, mas para lugares ficcionais, usando foguetes e ficcionautas.
Os clichês e marcas de filmes de ficção científica como Matrix são explorados como regras de funcionamento do mundo, assim como a gravidade o é no mundo em que o leitor está. A edição é dedicada a Grant Morrison, um dos autores com grande interesse nessa relação realidade-ficção.
Logo depois, vem o conto que homenageia Superman, Lanterna Verde e Mulher-Maravilha e mostra como a influência d’Os 4 impediu a existência desses super-heróis no universo WildStorm (onde se passam as aventuras de Planetary).
Vale atentar, além das referências às origens desses personagens, a relação entre a princesa amazona e Jesus Cristo. veja o diálogo pinçado da página 92: “– E vão me odiar, mãe./ – Sim, vão. Você os amedrontará. Eles a odiarão, insultarão, mentirão a você e tentarão magoá-la e matá-la.”.
A penúltima história traz uma homenagem na capa e nas primeiras páginas à narrativa de Jim Steranko em Nick Fury (um personagem com tapa-olho e charuto é morto logo na primeira página). No todo, a trama fala sobre espionagem e jogos mentais (guarde essa informação em mente quando ler a próxima aventura) e é apresentada ao leitor mais uma criança do Século 20: John Stone, agente da Storm.
Encerra o álbum a revelação sobre quem é o quarto homem. Evitando detalhes para não corromper a surpresa de ninguém, a história parece homenagear a própria série Planetary (a capa seria uma dica).
Após mais um volume de Planetary, continua valendo a citação: “Esse é um mundo estranho. Vamos mantê-lo assim.”
Classificação