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Signal to Noise

26 julho 2004
MATERIAL IMPORTADO – INÉDITO NO BRASIL

 

Signal to NoiseEditora: Dark Horse Comics - Edição especial

Autores: Neil Gaiman (roteiro) e Dave McKean (arte).

Preço: U$ 11.95

Número de páginas: 80

Data de lançamento: Outubro de 1992

Sinopse

Um diretor de cinema está morrendo de uma doença terminal. Apesar disso, continua escrevendo seu último, e talvez mais brilhante, roteiro, para um filme que nunca irá dirigir, exceto em sua mente.

A história do filme, que se mistura com a vida do diretor, narra o último dia do ano de 999 d.C., numa vila européia. O que acontecerá com a chegada da meia-noite? Será o fim de tudo, o apocalipse?

Positivo/Negativo

Originalmente publicada de forma seriada na revista inglesa The Face, no início dos anos 90, e posteriormente lançada como graphic novel, em 1992, pela Dark Horse, nos Estados Unidos, Signal To Noise é possivelmente o melhor trabalho da dupla Neil Gaiman e Dave McKean.

Isto porque trata-se de um trabalho adulto, maduro, independente, uma obra fechada, que pode ser lida por qualquer pessoa, fã ou não de quadrinhos, e, acima de tudo, é uma ótima história, ricamente ilustrada.

Signal to Noise é, sem dúvida, um dos trabalhos mais "europeus" da dupla que ficou tão famosa publicando Sandman no mercado norte-americano.

A história é contada numa narrativa paralela, entre o drama vivido pelo diretor de cinema (cujo nome nunca é mencionado), que tem poucos meses de vida, e sua obra, que enquanto é escrita também é filmada na cabeça do artista.

Tudo isso ilustrado, num generoso espaço (as páginas tem 22,5 x 30 cm, no formato magazine da The Face), com mestria por Dave McKean.

Pintura, desenho, colagens, fotografia e até texturas geradas por computador (algo ainda incomum em 1992) se misturam para dar mais ambigüidade e agregar valor ao roteiro de Gaiman.

A narrativa emprega tanto as splash pages (com uma única ilustração que procuram criar um impacto visual), como a grade estruturada (típica de artistas como Keith Giffen e Frank Miller) de 16 quadros por página.

O álbum está dividido em capítulos (foi criado para ser serializado), com interessantes páginas duplas de texturas, poesia e divagações gráficas separando-os.

Gaiman consegue mesclar as duas tramas de um modo que mantém o leitor interessado. Será que o cineasta vai morrer? Ele terminará seu filme ou, pelo menos, o roteiro? E quanto à história que quer contar? O que acontecerá quando o povo deste vilarejo europeu, na virada do primeiro milênio? Será que as pessoas no alto da montanha encontrarão seu final ou ficarão desapontadas quando a existência continuar como antes?

Signal to Noise é um conto sobre o apocalipse de uma comunidade servindo de contraponto ao fim da vida de um indivíduo, enquanto ele pondera sobre o sentido de sua existência.

A obra pode ser explicada como a razão entre a mensagem percebida e o ruído ou estática que a envolve. Existem muitas alusões gráficas a este paralelo, como closes em telas de TV, nas quais podem ser vistas tanto a imagem transmitida (o conteúdo), quanto as linhas que compõem a mesma, uma espécie de textura digital.

Num dos momentos mais brilhantes, uma fileira de pessoas na montanha, vista de cima, vai quadro a quadro se transformando, à medida que a "câmera" se afasta, nas linhas da palma da mão do diretor.

Estamos sós em meio à multidão, o sinal está perdido em meio ao ruído, e procuramos um sentido para nossas vidas. Isto é Signal to Noise.

Em 1999, Signal o Noise foi adaptada para o teatro por Robert Toombs e Marc Rosenbush. A peça foi encenada em Chicago, e no elenco estavam William J. Norris, Mary Zentmyer, Peter Toran, David Skidmore, Michael McAlister, Jane deLaubenfels, Ann Marie Hieman, Glenn Fahlstrom, Bill Ryan, Matt Diehl, Melissa Van Kersen, Cathleen Sperling, Robert Hungerford, Mary Kathryn Bessinger, Robert Buscemi, e Mark Mysliwiec.

A arrecadação de uma destas apresentações foi doada para o Comic Book Legal Defense Fund, uma instituição sem fins lucrativos que ajuda os artistas de quadrinhos com seus problemas legais nos EUA.

Até o presente momento, infelizmente, esta obra permanece inédita no Brasil.

Classificação

5,0

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