Superior
Editora: Panini Comics – Edição especial
Autores: Mark Millar (roteiro) e Leinil Francis Yu (arte) – Originalmente em Superior # 1 a # 7.
Preço: R$ 56,00
Data de lançamento: Janeiro de 2014
Número de páginas: 208
Sinopse
Simon Pooni é um garoto de 12 anos, estrela do time de basquete da escola, que vê sua vida mudar quando descobre ter esclerosa múltipla. Cada vez mais afetado pela doença, só consegue se locomover com muletas ou cadeira de rodas, e perdeu a visão de um olho.
É quando surge um estranho macaco espacial oferecendo realizar qualquer desejo, e Simon decide virar seu super-herói preferido do cinema: Superior. Mas o “presente” não é tão generoso, como ele descobrirá.
Positivo/Negativo
Superior é mais uma iniciativa de Mark Millar de publicar personagens autorais pelo selo que ele batizou de MillarWorld, após O Procurado, Kick-Ass, Nêmesis, The Secret Service e outros.
Procurando variar de estilo e artista em cada projeto, desta vez o autor mergulha de cabeça no gênero super-heróis, ao lado do desenhista Leinil Francis Yu, para contar uma história pouco original.
Os primeiros três capítulos da trama (de um total de sete) estão recheados de clichês, com um desenvolvimento rasteiro do personagem, mas a obra cresce em qualidade a partir daí, ao introduzir algumas reviravoltas interessantes e boas sacadas que tornam a leitura agradável.
Entretanto, o maior destaque deste projeto não é a história em si, mas o que ela representa. Do início ao fim, é uma carta de amor do autor para o Superman.
Uma carta de amor ao estilo Mark Millar. Mas, ainda assim, uma carta de amor.
Ele nunca escondeu ser um grande fã do Homem de Aço desde criança, e isso foi uma das principais influências para se tornar um escritor de quadrinhos. Há alguns anos, comprou a capa que Christopher Reeve usou no filme Superman III e a pendurou em sua casa, e por diversas vezes tentou entrar em contato com a Warner Bros. com a proposta de um filme para o personagem.
Millar também possui uma aventura que ainda pretende lançar um dia, e chegou a afirmar que esse projeto “dos sonhos” teria que ser ilustrado pelo seu amigo Bryan Hitch (outro fã confesso do Homem de Aço).
Não que Millar jamais tenha trabalhado com o primeiro dos super-heróis. No início de carreira, ele escreveu a revista em quadrinhos baseada na série animada da televisão, e lançou ainda a elogiada graphic novel Superman – Entre a foice e o martelo.
No álbum aqui resenhado, as referências são várias, e nem sempre sutis. A começar pelo nome do personagem, Superior, claramente inspirado em Superman.
Ao longo da trama, é revelado que ele foi criado por dois jovens cartunistas durante a década de 1930, em meio à Grande Depressão, maior crise econômica que assolou os Estados Unidos no Século 20. Exatamente como Jerry Siegel e Joe Shuster.
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Além disso, os poderes dos dois são idênticos: voo, superforça, invulnerabilidade, supersopro, visões de calor, de raios x e microscópica. Inclusive a fonte de suas habilidades, o sol amarelo, é mencionada.
Superior também tem sua própria versão de Lois Lane, chamada Madeline Knox, que tenta a todo custo descobrir a verdade sobre esse misterioso ser que surgiu no mundo, e no final o ajuda a sair vitorioso do desafio que enfrenta.
Inclusive, o primeiro encontro dos dois é praticamente uma reprodução do que John Byrne fez na história O Homem de Aço, quando Lois simula um acidente automobilístico em um rio para ser salva pelo herói e, assim, entrevistá-lo.
Mais tarde, o encontro no terraço da cobertura da jornalista remete à mesma cena de Superman, o filme.
Por fim, as últimas páginas mostram Superior voando no espaço, em volta da Terra, e olhando para o espectador. Exatamente igual ao final dos filmes do Azulão.
Clique nas imagens da galeria acima para ampliar as comparações lado a lado destas cenas.
Quem ilustra a edição é Leinil Francis Yu. Pode até ser coincidência, mas até isso lembra o escoteiro azul, pois ele desenhou a minissérie escrita por Mark Waid no início dos anos 2000 que recontou a origem do Superman, chamada O legado das estrelas.
As semelhanças são muitas, mas isso em nada afeta o entendimento da obra. Afinal, obviamente, o escritor não poderia usar o herói da DC Comics por motivos legais.
Mas se todas essas referências não forem suficientes para o leitor perceber a homenagem de Millar, basta chegar ao último quadro, no qual ele dedica o álbum para Richard Donner e Christopher Reeve, respectivamente o diretor e ator de Superman, o filme (1978).
Superior está em desenvolvimento para os cinemas, pela 20th Century Fox, ainda sem data prevista para a estreia.
Classificação