It’s Superman!
Editora: Chronicle Books - Romance
Autor: Tom De Haven.
Preço: US$ 24,95
Número de páginas: 432
Data de lançamento: 2005
Sinopse
O romance apresenta uma releitura da lenda do Superman, com o despertar dos poderes de Clark Kent na Smallville da década de 1930 até sua estreia como justiceiro uniformizado em Nova York, incluindo os encontros com Lois Lane e Lex Luthor, além de revelações inesperadas.
Positivo/Negativo
Como já afirmam o primeiro e o último capítulo de It’s Superman!, o romance assinado por Tom De Haven apresenta apenas mais uma versão da história do super-herói que deu início a tudo. O Homem de Aço vem brilhando nas páginas de quadrinhos desde 1938, quando Jerry Siegel e Joe Shuster mudaram o mundo do entretenimento a partir de Action Comics # 1, mas sua presença sempre se estendeu para muito além dos gibis. Tiras de jornal, novelas de rádio, adaptações cinematográficas e seriados televisivos trataram de expandir seu universo, e a boa literatura não ficou de fora.
Ninguém questiona a importância dos filmes estrelados por Christopher Reeve no imaginário coletivo, assim como a série de TV Smallville renovou seu apelo para uma nova geração.
Da mesma forma, os romances assinados por Elliot S! Maggin, Last Son of Krypton e Miracle Monday, as contribuições de Roger Stern à prosa literária e até livros inspirados em Lois e Clark – As novas aventuras do Superman também marcaram época e resistem como interpretações vigorosas do mito. Tom De Haven é mais um a deixar sua marca pessoal na jornada, e o faz com muita propriedade.
Em It’s Superman!, o autor reposiciona o surgimento do herói nos distantes anos 1930, mas sem emular o estilo de aventuras apresentadas no período histórico abordado. Há, sim, um trabalho primoroso de reconstituição da época e, sobretudo, de caracterização de personagens.
A narrativa abre com o foco no Clark Kent adolescente na cidadezinha de Smallville, num encontro romântico. Logo fica claro que seus poderes e habilidades especiais podem ser uma dádiva, mas o alienam do mundo à sua volta. A questão do “sentir-se diferente”, tão marcante na trajetória do último filho de Krypton, ganha nova força no livro, gerando identificação imediata.
Assim, aparecendo pela primeira vez ao mesmo tempo de sua estreia nos quadrinhos no mundo real e investindo forte nos sentimentos, o romance já arrebata.
O texto direto e emotivo de De Haven passa longe de uma história típica de super-heróis, já que são mais de 200 páginas até que Clark vista o uniforme pela primeira vez. Por outro lado, as figuras conhecidas da irresistível Lois Lane e do perverso Lex Luthor garantem o elemento de familiaridade ao mundo do kryptoniano. Pois trata-se mesmo de uma versão diferente da lenda, tomando diversas liberdades em relação ao cânone, apostando no ineditismo.
O livro It’s Superman! inova em relação ao uniforme do herói, ignora suas origens kryptonianas, surge com uma passagem por Hollywood e coloca o herói em Nova York, em vez de Metrópolis. Mas não perde o foco da alma do Homem do Amanhã. Detalhes como o apreço do jovem Clark Kent por histórias de ficção científica, sua atenção à gramática e à ortografia e a evolução como jornalista ganham novo significado com a ameaça dos robôs assassinos apresentada por Lex Luthor.
O grande problema deste investida literária é o foco excessivo nos personagens secundários, que muitas vezes parece deixar o Superman como coadjuvante em sua própria história. Já quando o enfoque passa para a jornada de amadurecimento de Clark, o romance ganha fôlego.
Antes de escrever It’s Superman!, Tom De Haven já era conhecido por sua trilogia Funny Papers, sobre o advento dos cartuns de jornal na América, comprovando seu apreço pelo tema. Ele retomou o mundo do kryptoniano no livro teórico Superman on Earth, e chegou até a adaptar a literatura policial de Raymond Chandler para a nona arte. Um talento que não deve ser subestimado, enfim.
Reinventando o passado de um super-herói em mídia distinta e sem medo de ousar, De Haven foi bem-sucedido ao capturar a essência do grande mito do Século 20, que em meio a reinterpretações sucessivas resiste como o maior de todos os tempos.
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