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Superman - Entre a foice e o martelo # 1

30 abril 2004

Superman - Entre a foice e o martelo # 1Editora: Panini Comics - Minissérie em três edições

Autores: Mark Millar (roteiro), Dave Johnson (desenhos), Andrew Robinson (arte-final) e Paul Mounts (cores).

Preço: R$ 3,50

Número de páginas: 48

Data de lançamento: Abril de 2004

Sinopse: O que aconteceria se o foguete que trouxe Kal-El de Krypton caísse na União Soviética, nos anos da Guerra Fria?

Este é o mote desta minissérie da linha Túnel do Tempo (Elseworld, no original).

Positivo/Negativo: Na trama, o Super-Homem é criado numa fazenda coletiva na antiga URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), e quando resolve que está na hora de ajudar outras pessoas, parte para a capital Moscou, e torna-se o ícone do governo de Joseph Stalin.

A princípio, tem-se a impressão de que o herói compactua com esta imagem, mas depois percebemos que é o governo que quer "pintá-lo" deste modo.

São muitos os aspectos interessantes, como o momento em que os americanos ficam sabendo da existência do Super-Homem, as diferenças não tão sutis entre o capitalismo e o socialismo, e vários outros toques políticos que o autor imprime à história.

Mas, com certeza, o melhor é o Lex Luthor concebido por Mark Millar.

Ele é um cientista, e também o homem mais inteligente do planeta. Encara a aparição do Homem de Aço como um desafio a seu intelecto, e começa a procurar um modo de derrotá-lo.

No princípio, tudo parece normal, com ele sendo apenas o meio dos Estados Unidos igualarem as coisas no cenário mundial, mas aos poucos a verdadeira faceta de Luthor vai vindo à tona, e o leitor tem o prazer de ver o vilão como ele realmente é. Humano e extremamente perverso.

Os desenhos de Dave Johnson (responsável por várias capas de 100 Balas) são muito bonitos, enquanto a arte-final e a colorização dão o toque exato à beleza do trabalho.

Quanto à edição da revista, ficou de bom tom o glossário ao final da edição, dando informações acerca de personalidades, momentos políticos e demais eventos pertinentes à Guerra Fria.

No entanto, nem tudo são flores: Na página 21, quarto quadro, está grafado "Supermam", com um "m" no final. Mas o que chama mais a atenção, é que, pelo fato de a Panini chamar o herói pelo seu nome no original (coisa que começou na Abril, vale lembrar), em detrimento do bom, velho e bem mais legal "Super-Homem", fica muito estranho os personagens soviéticos da história o chamarem por um nome em inglês.

Ainda falando em nomes e traduções, Entre a Foice e o Martelo é uma adaptação hedionda para o original Red Son, que significa, literalmente, Filho Vermelho, uma clara referência ao socialismo (comunismo se preferir), e que também pode soar como Red Sun (a pronúncia é a mesma em ambos os casos), que significa Sol Vermelho, e que "poderia" sugerir algo em relação aos poderes do herói, que provém do sol amarelo de nossa galáxia.

Para concluir sobre as traduções: na página 8, segundo quadro, Lex Luthor está lendo um livro. Ao dizer seu nome, está grafado "il príncipe". Como a intenção aparente era a de colocar o nome da obra de Maquiavel no original em italiano, a grafia correta seria sem o acento agudo na segunda palavra.

Pode-se fazer alguns comentários a respeito de Lex Luthor estar convenientemente lendo este livro. Uma idéia que Maquiavel apresenta na obra é a de que a ocasião está dada, faltando somente um líder para guiar a nação (no caso, a Itália) de volta às glórias do passado.

Outra idéia que o autor aborda é a de que os homens ou se conquistam ou se exterminam.

É também bom ressaltar que o livro, antes de tudo, é um manual para como o príncipe deve agir.

"Viajando" um pouco na co-relação de O Príncipe e este Superman: Entre a Foice e o Martelo, pode-se notar que alguns aspectos do livro de Maquiavel combinam perfeitamente com o conceito geral da Guerra Fria, e também com a eterna batalha entre o Super-Homem e Lex Luthor por uma "suposta" hegemonia de pensamento. Em ambos os casos, somente um dos lados pode estar certo, e outro deve ser conquistado ou exterminado.

Reparar em alguns destes detalhes deixa o roteiro de Millar ainda mais instigante.

Depois de ler este primeiro número, fica fácil entender o porquê da minissérie estar concorrendo na categoria de Melhor Série Limitada no Eisner Awards deste ano.

Classificação

4,0

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