Tarzan - Filho das Selvas
Editora: Ebal - Edição especial
Autores: Edgar Rice Burroughs (texto) e Burne Hogarth (arte).
Preço: variável, dependendo do sebo em que for encontrada
Número de páginas: 160
Data de lançamento:1973
Sinopse
Esta aventura mostra a origem de Tarzan, desde os tempos que seus pais, John Clayton, Lorde Greystoke, e Lady Alice, partiram numa jornada à África. Mostra ainda a criação do jovem Tarzan, pelos macacos e o momento em que ele se torna na prática, o "rei das selvas", temido e respeitado por homens e feras.
Positivo/Negativo
Possivelmente, esta é a edição mais luxuosa de Tarzan já publicada no Brasil, pelo menos até esta data.
O volume colorido tem capa dura e as páginas são de papel couché fosco. A obra conta com uma longa introdução (21 páginas) de Maurice Horn, sobre a obra de Burne Hogarth; uma biografia de Edgar Rice Burroughs, escrita por Robert M. Hodes (na época vice-presidente daEdgar Rice Burroughs Inc.); duas páginas de bibliografia sobre Hogarth; museografia selecionada de exposições do desenhista; e um artigo de três páginas sobre a visita de Burne Hogarth ao Brasil e a publicação de seu trabalho no país. A tradução foi feita por Cláudio G. Hasslocher.
A história está dividida em duas partes. A primeira mostra a chegada dos pais de Tarzan à África; suas dificuldades; o nascimento de seu filho; e o desastre que se abate sobre a família, com o menino sendo levado pelos macacos.
Na segunda parte, o leitor conhece a juventude de Tarzan, seu aprendizado tanto entre os macacos quanto nas ruínas de sua vida anterior, nos livros de seus pais, e o seu amadurecimento. Aqui, o Homem-Macaco derrota todo o tipo de criatura, panteras, tribos locais e até mesmo os gorilas.
Hogarth faz parte da "santíssima trindade" das tiras de Tarzan: Hal Foster, Burne Hogarth e Russ Manning. Seu desenho foi alvo de numerosos artigos e seus estudos sobre a anatomia e o corpo humano, publicados em uma série de livros da Watson-Guptill, o destacaram como um artista mais abrangente, que não estava limitado apenas aos quadrinhos.
Aliás, o Tarzan dos quadrinhos sempre primou pela ótima qualidade de seus desenhistas, que também incluíram Jesse Marsh, Joe Kubert e John Buscema.
Esta reinterpretação da origem de Tarzan é um trabalho tardio na carreira de Hogarth. Foi feita na década de 1970, depois que ele já havia abandonado os desenhos do personagem e participado da fundação da New York School of Visual Arts, um famoso instituto de arte por onde passaram muitos desenhistas famosos como Wally Wood, Gil Kane, Al Williamson, etc.
Longe das limitações impostas pelo formato das tiras de jornal, Hogarth cria uma aventura cheia de momentos grandiosos, em quadros amplos, com várias páginas inteiras (as splash pages). Mas se isso permite uma grande apreciação do seu desenho, também aproxima o trabalho de um romance ilustrado.
Isso porque Hogarth utiliza a mesma técnica narrativa usada na década de 1930, típica tanto de Tarzan quanto de Flash Gordon, por exemplo, na qual não existem balões, apenas recordatórios. O que, vale ressaltar, não desmerece em nada seu trabalho.
Quase 40 anos depois de sua publicação original, a obra ainda impressiona pela qualidade do desenho e das suas composições.
O único ponto que em determinados momentos causa estranheza na arte se deve à nudez, ou mais precisamente, o disfarce dela. Em certos quadros, as poses dinâmicas de Hogarth para Tarzan, revelam quase toda a anatomia do corpo do herói, exceto seu órgão genital, que está oculto em sombras, coberto por plantas ou algum outro elemento, ou foi sumariamente eliminado da cena. Mas tudo isso é desculpável.
As cores desta edição cumprem seu papel, mas também representavam, na época, um grande avanço em relação ao Tarzan das páginas dominicais e até mesmo das revistas em quadrinhos do personagem daquela década.
Este trabalho deixa bem à vista os pontos fortes do trabalho de Hogarth: o dinamismo de suas composições e seu domínio sobre a anatomia tanto dos homens quanto dos animais.
Classificação