The Kryptonite Kid
Editora: Holt, Rinehart and Winston - Romance
Autor: Joseph Torchia
Preço: US$ 2,95
Número de páginas: 192
Data de lançamento: 1979
Sinopse
O romance é narrado por meio das cartas que o pequeno Jerry Chariot escreve para seu herói preferido, Superman, em cuja existência o garoto realmente acredita.
O Homem de Aço sintetiza todas as esperanças de Jerry durante sua complicada infância, mas a natureza fictícia do super-herói dos quadrinhos pode acabar falando mais alto.
Positivo/Negativo
O Superman nasceu dos sonhos e aspirações dos jovens Jerry Siegel e Joe Shuster, durante a década de 1930, sempre representando a esperança diante da adversidade em todas as suas formas.
Mais que qualquer figura heroica da ficção, o Homem de Aço tornou-se parte integrante da vida de crianças e adultos desde então, passando dos quadrinhos para as mais diversas mídias.
O roteirista Grant Morrison chega a afirmar que ele é mais real do que nós somos, pois continuará a existir muito após terminada nossa passagem pelo mundo. Diz também que, no contexto do Universo DC, o Superman seria como uma grandiosa força, como a de Cristo, ideia compartilhada por muitos de seus colegas ficcionistas.
Num rompante de inspiração e talento do escritor Joseph Torchia, o romance The Kryptonite Kid explora a questão de como o último filho de Krypton afeta a vida de uma criança comum, cheia de problemas em casa e na escola, que tem nos gibis sua válvula de escape de uma realidade cruel.
The Kryptonite Kid é narrado inteiramente por meio das cartas de Jerry Chariot para o Superman, muitas das quais assinadas em parceria com seu melhor amigo Robert.
Assim, o garoto comenta desde as últimas desventuras do ícone nos quadrinhos até problemas domésticos e aspirações para o futuro. O tom do texto varia entre a leveza dos sonhos infantis à acidez de um universo de valores distorcidos, sempre com as palavras certas e qualidades evidentes. Fica difícil não se importar com a existência de Jerry, e muitas vezes a identificação com o personagem sonhador ganha força.
Há inclusive questionamentos relevantes sobre educação e espiritualidade, com as aulas de religião de Jerry e a proximidade de sua primeira comunhão. O menino logo se coloca a perguntar se o Superman seria a identidade secreta de Deus, culminando na cena hilária em que afirma, ele próprio ser talvez o Menino Jesus.
O autor insiste em erros de digitação para emular a escrita de uma criança, investe fundo nos sentimentos de amizade e alienação, mas, sobretudo, afirma a presença do Superman na vida do garoto. Tem até elucubrações sobre o tamanho do pênis relacionado ao poder do herói e o desejo de voar alto para um mundo melhor.
No capítulo final, há uma reviravolta inesperada, com um acontecimento de natureza bem real e implacável, apontando que as coisas não acabariam bem.
Por todos os seus méritos, The Kryptonite Kid foi considerado o melhor livro para jovens pela American Library Association em 1979, e recebeu elogios rasgados da imprensa especializada. É o tipo de obra que deveria estar sendo reeditada e que os fãs do herói kryptoniano ou simplesmente ligados à cultura pop mereciam conferir.
A ideia de cartas para o Superman chegou a repercutir nos quadrinhos do personagem, caso das tradicionais histórias do Correio de Metrópolis, assinadas por Dan Jurgens, na década de 1990. Em ocasião de cada Natal, o herói passaria lendo missivas de pessoas do mundo todo para atender seus desejos.
Mas nada supera a cena do incompreendido filme Superman – O Retorno, na qual o super-herói afirma, todos os dias, ouvir pessoas clamando por um salvador. Assim, num universo ficcional cheio de meta-humanos ou aqui mesmo em nossa Terra Primordial, a criação máxima de Siegel e Shuster continua voando e carregando nossas esperanças, simbolizando que nada é impossível quando se acredita e que, quando salvamos a nós mesmos, salvamos o mundo.
Classificação