The Man of Steel # 1
Editora: DC Comics - Minissérie em seis edições
Autores: John Byrne (texto e arte), Dick Giordano (arte-final) e Tom Ziuko (cores).
Preço: US$ 0,75
Número de páginas: 40
Data de lançamento: Julho de 1986
Sinopse
Reinterpretação da origem do Superman para o novo Universo DC pós-Crise nas Infinitas Terras.
Krypton é um planeta condenado à destruição, uma utopia perdida no Cosmos infinito, mas que revelaria uma dádiva ao universo: seu último filho.
Na Terra, Clark Kent cresce sob os cuidados de seus amorosos pais adotivos, Jonathan e Martha, aprendendo as virtudes maiores da humanidade enquanto desenvolve poderes muito superiores aos dos simples mortais.
Com a orientação do casal, Clark adota o uniforme colorido com o "S" em vermelho num pentágono estilizado, dedicando sua vida à luta por verdade e justiça. Nasce, assim, o Superman.
Positivo/Negativo
Foi em 1986 que a DC Comics iniciou a publicação de uma das mais aclamadas - e controversas - fases de seu principal ícone, com a reformulação completa do Superman pelo quadrinhista John Byrne.
Após os eventos da saga Crise nas Infinitas Terras, o terreno estava pronto para o relançamento dos principais títulos da editora, sob os cuidados de grandes talentos da indústria. Assim, o cultuado Byrne foi encarregado de reimaginar o Homem de Aço para uma nova geração de leitores, alterando consideravelmente elementos de sua mitologia, eliminando grande parte da bagagem histórica do personagem e ressaltando a visão inicial dos criadores Jerry Siegel e Joe Shuster, num contexto moderno.
Tudo começou com a minissérie em seis capítulos The Man of Steel, com texto e arte de Byrne, que abriu caminho para a nova revista mensal Superman e uma nova direção para o título original Action Comics.
Paralelamente, o roteirista Marv Wolfman narrava a vida do herói em Adventures of Superman, investindo na vida pessoal e em temas urbanos. Mas é a série limitada produzida por Byrne que merece destaque
Egresso de temporadas de sucesso à frente dos X-Men e do Quarteto Fantástico, na rival Marvel, Byrne tinha objetivos bem definidos ao abordar a origem do Homem do Amanhã.
Na visão do autor, o personagem era prejudicado pela mitologia complexa, que incluía diversos sobreviventes do planeta Krypton, e pelo nível quase ilimitado de poderes, que o tornava praticamente um deus. Assim, o novo Superman não seria assim tão novo, mas, em essência, um retorno às origens.
Conforme foi mostrado nesta primeira edição, Kal-El era mesmo o último sobrevivente de Krypton, nunca foi Superboy em sua adolescência e experimentou uma vida quase normal, inclusive como jogador de futebol americano no colégio de Smallville.
O ponto mais apreciável da origem reformulada, contudo, foi uma maior participação de Jonathan e Martha Kent na formação do herói. Byrne ressaltou as raízes terráqueas do kryptoniano, e seus pais adotivos estavam no centro de tudo. Essa mudança foi tão bem aceita pelo grande público, que resistiu no cânone atravessando diversas reformulações posteriores.
Quanto à trama da minissérie, mais um acerto do autor foi mostrar a primeira aparição pública do Superman, salvando um ônibus espacial com a presença da jornalista Lois Lane, e os problemas que se sucederam. Ainda sem o uniforme azul e a capa vermelha que o consagrariam, Clark foi ovacionado pela multidão local, percebendo, então, que precisaria de uma identidade secreta.
Com o apoio dos pais adotivos, bolou o esquema dos óculos e do cabelo penteado para trás, para sua vida civil, e do traje colorido para o super-herói. E justamente neste ponto está o cerne do Homem de Aço de John Byrne, que tanto divide opiniões.
Para ele, Clark Kent seria a personalidade verdadeira do herói, enquanto o Superman era sua forma de ajudar o próximo. Talvez essa visão diferisse muito do ideal dos criadores Siegel e Shuster, mas funcionou nas histórias modernas e conquistou seu lugar no imaginário coletivo.
Vale dizer também que os desenhos de Byrne nunca estiveram tão bonitos e dinâmicos, numa verdadeira aula de narrativa. Ele afirmou diversas vezes que a nova origem do Superman era o trabalho mais importante de sua carreira, e essa dedicação salta aos olhos.
O Superman mais humano de John Byrne foi canônico no universo de super-heróis da DC durante anos, até perder espaço diante das versões revisionistas de autores como Mark Waid, Geoff Johns e Grant Morrison.
Além disso, foi referência direta para o seriado televisivo Lois e Clark - As novas aventuras do Superman, e da animação Superman - A série animada, na década de 1990. Foi esta a versão do Homem de Aço que morreu, ressuscitou, se casou com Lois Lane e até se dividiu em azul e vermelho, com poderes elétricos.
Por outro lado, também provocou ressentimento entre fãs e profissionais, que nunca aceitaram as mudanças drásticas na essência do personagem. Seja como for, é fato que, para toda uma geração de leitores, o Superman apresentado em The Man of Steel ainda é definitivo.
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