Três Sombras
Editora: Quadrinhos na Cia. - Edição especial
Autor: Cyril Pedrosa (texto e arte).
Preço: R$ 39,50
Número de páginas: 272
Data de lançamento: Abril de 2011
Sinopse
Joachim e seus pais levam uma vida tranquila em uma pequena casa no campo. Até que a aparição de três sombras no alto de uma colina acaba com a harmonia da vida em família. Seriam viajantes? Por que estão rondando a casa? A cada tentativa de aproximação, as figuras misteriosas desaparecem.
Logo, eles percebem que as sombras estão ali para buscar Joachim. Mas o pai se recusa a aceitar isso e foge com o filho em uma viagem desesperada, sempre com os sinistros perseguidores em seu encalço.
Positivo/Negativo
Um dos grandes baratos do ato de ler é notar como as histórias tocam as pessoas de modos tão diferentes. Isso, claro, vale também para os quadrinhos. No caso de Três sombras, por exemplo, a percepção deste resenhista é de que a obra emociona mais quem já tem filhos.
Afinal, a frase que abre o texto de Fábio Moon, na orelha do livro, resume bem a história: "Até onde você iria para salvar seu filho?".
A metáfora que Pedrosa constrói para mostrar a luta de Louis para impedir que a morte leve o seu pequeno Joachim é preciosa. Sem a menor dúvida, ele parte mundo afora para dar ao garoto uma chance.
Nesse percurso, gasta tudo que tem, passa fome e vai parar num navio onde é injustamente acusado de assassinato. Num primeiro momento, a sensação é de que o autor se distanciou da trama principal, mas, no final, tudo é amarrado de forma competente, para mostrar a agonia daquele pai e, principalmente, o amadurecimento de seu filho frente à dura situação que ambos enfrentam.
A arte é um espetáculo à parte. Cyril Pedrosa era animador e trabalhou nos estúdios Disney, em filmes como Tarzan e O corcunda de Notre Dame. Talvez por isso seu desenho seja tão solto. É quase nítida a sensação de movimento de seus personagens, tamanha a fluência que exibem nas páginas, sempre com diagramação arejada e ângulos ousados.
E o talento de Pedrosa é ainda mais evidenciado pela arte em preto e branco. Vale atentar para as mudanças no desenho da história, dos momentos felizes para aqueles em que o clima vai ficando cada vez mais pesado.
Realmente, encantador.
A Quadrinhos na Cia. acertou em cheio ao trazer esta obra para o mercado brasileiro, pois ela tem tudo para agradar até quem não é leitor de quadrinhos. O trabalho editorial, como sempre, é competente, mas faz falta uma página com mais detalhes sobre Cyril Pedrosa - as informações sobre o autor se resumem a três linhas acima do expediente.
Valia, por exemplo, mencionar que ele fez a história após um casal de amigos (Claude e Dominique, a quem o livro é dedicado) perder o filho ainda jovem, como o jornalista Eduardo Nasi relatou em sua resenha da versão norte-americana do álbum. Ou mencionar que, dentre outros prêmios, a obra foi laureada no Festival de Angoulême, na França, em 2008.
No entanto, isso não diminui o prazer da leitura deste álbum, que seguramente figurará nas listas de melhores de 2011. Afinal, com o perdão do trocadilho, Três sombras é uma história de muita, muita luz.
Classificação