Vagabond # 1
Editora: Panini Comics - Revista mensal
Autor: Takehiko Inoue (roteiro e arte).
Preço: R$ 17,90
Número de páginas: 248
Data de lançamento: Março de 2016
Sinopse
A incrível história de vida do samurai Musashi Miyamoto, em uma livre adaptação do famoso livro Musashi, de Eiji Yoshikawa.
A trama começa com os jovens Takezo e Matahachi ao final da batalha de Sekigahara. Após enfrentarem caçadores de recompensas, exaustos, eles são salvos por mulheres que sobrevivem roubando instrumentos de batalha e outros apetrechos dos mortos na guerra.
Após um grande confronto contra uma gangue de bandoleiros, Takezo perde Matahachi de vista e decide voltar para a pequena vila onde ambos cresceram.
Positivo/Negativo
Algumas das melhores séries de quadrinhos mundiais tiveram um triste percurso antes de serem concluídas no Brasil – inclusive algumas delas nem chegaram a ter o final publicado.
Bone, Starman, O Lobo Solitário, Preacher e Vagabond são apenas alguns dos exemplos de títulos que levaram mais de uma década entre lançamento, relançamento, mudança de editora e conclusão (ou nem isso).
O ótimo Vagabond estreou em 2001, na Conrad, pioneira em lançar a leitura no sentido oriental em nossas bancas. Além da série tradicional, com 45 volumes, ganhou uma edição de luxo, com 14 volumes publicados. Nem uma nem a outra chegou ao final.
Em 2010, a Nova Sampa retomou a série de luxo. Parou depois de quatro álbuns apenas.
Mas parece que agora a história terá final feliz. A Panini, responsável por concluir Preacher e O Lobo Solitário, garantiu os direitos da série.
O que falar sobre a obra? Entre 2001 e 2002, este resenhista chegou a analisar alguns números lançados pela Conrad no Universo HQ. Confira alguns trechos:
“Vagabond conta um desenho de estilo realista, detalhado e de qualidade. É imperdível para quem gostava do clássico O Lobo Solitário. A história tem uma narrativa muito veloz e é recheada de ação. Ou seja, promete”.
“Com as devidas liberdades criativas, esta revista é um livro em capítulos, na forma de quadrinhos, trazendo personagens consistentes, enredo interessante e desenhos extremamente detalhados. Enfim, um mangá como poucos, apresentando o que de melhor este gênero oferece”.
“Vale ainda mencionar que Vagabond é uma aula de desenho: perspectiva, profundidade, jogo de luzes, trabalho em preto e branco, técnicas diversas, detalhes, expressões. Enfim, Takehiko Inoue deita e rola. Ou melhor, com seu pincel afiado, fatia tudo o que vê pela frente...”.
Exagero? Pelo contrário.
Os elogios começam pelo traço vigoroso e detalhado de Takehiko Inoue, autor de Slam Dunk, publicado pela Conrad no Brasil. Ele é acima da média, com um desenho que encanta e projeta sentimentos, emoções e principalmente expressões para além do papel.
Seguem com a impressionante vitalidade dos personagens, em especial no contraste entre a selvageria de Takezo e a estupidez meio adolescente de Matahachi, numa amizade que será crucial na trajetória de ambos.
Finalizam com os incríveis embates sangrentos entre os jovens e seus inimigos, nos quais Takezo não poupa ninguém. Mas o valente e despreparado lutador tem muito a aprender na arte do combate para aspirar ser um samurai.
A parte final da trama traz a volta de Takezo para casa e a terrível recepção por parte da mãe de Matahachi. Ela não vai perdoá-lo por ter levado o filho para a guerra, o que acaba por gerar uma relação de ódio extremo.
Mais que uma adaptação, Vagabond é a visão particular de um grande mangaká. Alguns acham que ele fugiu demais do livro original. Para outros, trouxe mais emoção à obra. Na dúvida, o ideal é ler ambos.
De acordo com o livro Quadrinhos – História moderna de uma arte global (WMF Martins Fontes), Vagabond é “...uma ficção histórica épica de maior profundidade e fôlego que o típico guerreiro errante do mangá, com a mesma atenção ao crescimento interior e as fraquezas humanas quanto ao combate épico... Inoue vê Vagabond como um obra que explora ‘o que significa ser japonês’”.
E não teria sido exagero se a Panini tivesse acrescentado uma matéria sobre o autor da obra na edição e, especialmente, sobre quem foi Musashi e sua importância para a cultura japonesa. Fez falta.
Vencedor de numerosos prêmios. Milhões de exemplares vendidos ao redor do mundo. Ótima opção de leitura para os apaixonados pelo Oriente. Se tudo isso não é suficiente, bom lembrar ainda que centenas de quadrinhistas se declararam fãs de Vagabond, quando de sua publicação anterior em nossas bancas.
Para fechar a análise, este resenhista recorre novamente ao seu “eu” 15 anos mais jovem, que revelou para o mundo o maior defeito de Vagabond: ter que aguardar mais um mês pela próxima edição...
Classificação
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