Vilania eterna # 1
Editora: Panini Comics – Minissérie em sete edições
Autores: Geoff Johns (roteiro), David Finch (desenhos), Richard Friend (arte-final) e Sonia Oback (cores) – Originalmente em Forever Evil # 1.
Preço: R$ 4,90
Número de páginas: 40
Data de lançamento: Junho de 2014
Sinopse
Os integrantes do Sindicato do Crime, versões perversas da Liga da Justiça de um universo alternativo, adentram a nossa realidade com planos de conquista grandiosos.
Com a Liga já derrotada, eles recrutam os maiores vilões do planeta, e só há um homem disposto a detê-los: Lex Luthor.
Positivo/Negativo
A partir do reboot conhecido como Novos 52, empreendido pela DC Comics em 2011, foi prometida renovação completa em suas publicações, mas certas coisas nunca mudam. Em primeiro lugar, os nomes envolvidos nos grandes projetos da editora continuaram os mesmos, com destaque para os roteiristas Geoff Johns e Grant Morrison, além dos emergentes Scott Snyder e Jeff Lemire, que cresciam na preferência do público.
Além disso, permaneceu o esquema das megassagas envolvendo grande elenco de personagens e títulos interligados. Vilania eterna é o maior evento da DC em sua nova fase, com a série principal assinada por Johns em parceria com o artista David Finch e títulos especiais por equipes criativas variadas.
A trama tem como ponto de partida eventos de Guerra da Trindade, crossover envolvendo as revistas da Liga da Justiça, e pretende dar novo gás aos vilões mais tradicionais dos quadrinhos. Semelhante à proposta de eventos anteriores da casa de Superman e Batman, tais como A vingança do submundo e Crise de identidade.
Novamente, há uma investida nos universos paralelos da DC, retomando o Sindicato do Crime e temas da graphic novel Terra 2, produzida anos atrás por Grant Morrison e Frank Quitely e publicada no Brasil em Superman Premium # 1, da Abril. São antagonistas de respeito, com a vantagem de ainda não terem sido utilizados à exaustão por roteiristas menos cotados. E ressaltar os bandidões do pedaço é sempre uma opção válida.
O texto de Johns garante o interesse na abertura centrada na podridão moral de Lex Luthor, mas o autor logo se perde em meio a tantos personagens e ideias requentadas. Fica difícil estabelecer uma conexão emocional no enredo burocrático, ainda que haja uma cena de impacto envolvendo Asa Noturna.
Tudo leva a crer que a minissérie será cheia dessas sequências mais bombásticas, porém a tendência já cansou após tantas histórias semelhantes.
O escritor já assinou as tramas de O retorno do herói, Crise infinita, A noite mais densa e Ponto de ignição, além de ter sido um dos coautores da revista semanal 52, para citar apenas seus megaeventos.
Assim, mesmo os fãs mais devotados de Geoff Johns percebem o desgaste de suas ideias. A falta de inovação dos editores na aposta em seu criador gabaritado resultam num texto direto, mas incapaz de instigar o público.
Há potencial para melhoras ao longo da jornada, mas a impressão da estreia é de que se trata de “mais do mesmo”. O esforço mais notável do autor é num monólogo de Lex Luthor abordando questões marcantes de sua infância. Seria a senha para a identificação do leitor, mas é pouco e acaba se perdendo em meio ao desfile de fantasiados que se segue. Para o leitor veterano, dá saudade dos tempos de Crise nas infinitas Terras, Lendas e Invasão!
O desenhista David Finch cumpre seu papel, sem grande destaque. É um traço que combina bem com super-heróis, mas sem o brilho de um George Pérez ou Ivan Reis.
No fim das contas, Vilania eterna é isto mesmo: artistas de talento mostrando o que sabem fazer, mas sem esmero ou arroubos de criatividade. Cada vez mais, as boas histórias têm surgido de fases autocontidas de roteiristas com liberdade para criar em séries menos “revolucionárias”, mas em que as ideias arrojadas proliferam.
Já a saga em que “o mal venceu” perece começar fadada ao esquecimento.
Classificação