Antes de Watchmen – Volume 2 – Espectral
Editora: Panini Comics – Maxissérie mensal
Autores: Espectral – Darwyn Cooke (roteiro), Amanda Conner (roteiro e desenhos) e Paul Mounts (cores) – Originalmente em Before Watchmen – Silk Spectre # 1 a # 4;
A condenação do Corsário Carmesim – Len Wein (roteiro) e John Higgins (desenhos) – Originalmente em Before Watchmen – Nite Owl # 1, Ozymandias # 1, Minuteman # 2, Silk Spectre # 2.
Preço: R$ 12,90
Número de páginas: 104
Data de lançamento: Junho de 2013
Sinopse
Espectral – Nos anos 1960, a jovem Laurie Júpiter tem o que muitos adolescentes de sua época nem sequer sonham: um belo lar, um grande potencial e uma mãe que foi uma das maiores heroínas do seu tempo. Só lhe falta uma coisa… liberdade!
O demônio à deriva - Parte 2 – Depois de ter seu navio naufragado por uma fragata espanhola, o oficial júnior da marinha real inglesa se vê à deriva combatendo os perigos do mar até ser resgatado por uma estranha nau.
Positivo/Negativo
Dando continuidade a Antes de Watchmen, a dupla Darwyn Cooke e Amanda Conner faz um bom resgate do personagem Laurie Júpiter, a Espectral.
Observando a heterogeneidade do projeto, o tom aqui muda completamente comparado ao volume estrelado pelo Coruja. Tem uma leveza característica dos trabalhos de Cooke, autor de ótimas obras, como DC - A nova fronteira.
Com a ajuda de Conner no roteiro, os autores se apropriam da rígida grade de nove quadrinhos vista numerosas vezes na obra original. A história também usa outros estilos narrativos, como o uso de músicas e o texto que complementa um novo sentido às imagens.
Um bom exemplo é a bola de vidro com neve, que remete ao passado de Laurie com sua mãe, Sally, a ex-Espectral. Além de fazer alusão à ausência paterna e aos cacos da vida familiar, há belas composições como o último quadrinho da página 5.
Os detalhes, na verdade, ganham um destaque na narrativa, mesmo que os artistas coloquem uma tímida elipse temporal (algo bastante forte no trabalho de Moore) como o resultado da provocação de um rival da personagem em uma lanchonete, esse tipo de condução oxigena a composição da história.
Ao longo das páginas, pode-se pescar referências óbvias, como o famoso smile button e elementos mais específicos, como o pôster do Buda iluminado que Greg faz no estúdio de silk screen, na página 32. Essa mesma imagem se encontra nas páginas 7 e 22 do capítulo 5 de Watchmen, intitulado Temível simetria.
Ganhando personalidade, Cooke e Conner usam um bem-vindo alívio cômico nas cartunescas representações do estado de espírito da personagem.
Em Espectral, o leitor é apresentado ao trivial conflito familiar: a adolescente que quer se desprender da sombra de uma mãe protetora, que tem sua reputação “manchada” por outrora andar seminua e combater o crime em meio a uma sociedade “careta”. Em consequência de sua carreira de super-heroína, a indústria cultural evidenciou seu sexy appeal em catecismos (as pequenas HQs pornográficas) e filmes.
Por outro lado, Sally – como toda mãe que se preze – enxerga (e espelha) um futuro para a filha no combate ao crime, moldando-a para tal conduta.
A reviravolta fica para a fuga de Laurie para a São Francisco dos anos 1960, em uma simbólica van multicolorida, na qual a protagonista, junto com seu primeiro amor, o filho de militar Greg, embarca numa experiência letárgica regada a LSD e liberdade.
Na agitada cidade, a personagem abandona seus ursos de pelúcia para abraçar o jeito riponga “paz e amor”, com muito ácido, estereotipando a época.
Falando em drogas, o “vilão” da vez é um traficante que quer aumentar o consumismo por meio de um novo tipo de entorpecente. Quando ele apresenta a nova substância, até os Beatles estão presentes.
A arte de Amanda Conner casa perfeitamente com a proposta do volume. Destaque para a sua diagramação, que desaparece os requadros para invocar flashbacks e se distorcem para “viajar” no LSD experimentado pela aspirante a super-heroína.
Novamente respeitando o estilo de Watchmen, os títulos dos capítulos remetem a uma citação que é colocada na íntegra no final de cada parte. São fragmentos pinçados de músicas de Charles Partee e Joe De Angelis, Nervous Norvus e Edward Madden, além do romancista da contracultura Ken Kesey (1935-2001), autor de Um estranho no ninho.
Belas composições e referências não são suficientes para salvar totalmente a história, mas faz Antes de Watchmen – Espectral ser mais interessante pela preocupação e esforço de querer respeitar a obra original.
Como adendo, A condenação do Corsário Carmesim continua desinteressante e no marasmo.
Desta vez, a dupla Len Wein e John Higgins remetem a uma cena de Os Contos do Cargueiro Negro e um encontro fantasmagórico do oficial júnior da marinha real inglesa e o pirata do título. Nada de relevante.
Classificação