Há 50 anos: uma breve história do primeiro fanzine brasileiro
No dia 12 de outubro de 1965, o desenhista piracicabano Edson Rontani entrou para a história dos quadrinhos brasileiros ao criar o primeiro fanzine do País dedicado à nona arte.
Ainda denominado "boletim informativo", Ficção estreou em mimeógrafo à tinta, com textos e ilustrações em preto e branco. Apresentando matéria e notícias datilografadas, com desenhos do próprio Rontani, a publicação durou cerca de 12 edições, sempre divulgando curiosidades sobre personagens dos gibis, editoras da época e publicações do gênero. Colecionador de revistas em quadrinhos desde a infância, o autor as estudava e guardava dados históricos para dividir com outros colecionadores.
Com tiragem girando em torno de 600 cópias, as edições eram distribuídas pelo correio e hoje carregam uma curiosidade. De acordo com os registros deixados por Rontani, foram enviados exemplares para Mauricio de Sousa, José Mojica Marins (Zé do Caixão), Gedeone Malgola, Adolfo Aizen (dono e editor da Ebal), Jô Soares e outros artistas ligados aos quadrinhos ou apenas aficionados por eles.
Em 1971, depois que a palavra "fanzine" (surgida nos Estados Unidos, mesclando fan - fanático - com magazine - revista) foi incorporada ao linguajar dos quadrinhos no Brasil, Rontani lançou uma nova versão do informativo, que passou a se chamar Fanzine Ficção. Três anos depois, ele lançou o Universo H.Q. E em 1982 publicou seu último título, Rontani Fanzine.
Edson Rontani foi desenhista artístico e lecionava no Instituto Orbis, em Piracicaba/SP. Em 1948, ele criou Nhô Quim, a mascote do clube de futebol XV de Novembro de Piracicaba. Aposentou-se como desenhista técnico da Secretaria Estadual de Agricultura e faleceu em 1997.
Um pioneiro a quem os atuais editores de fanzine têm que cultuar. Do alto das facilidades de criação, impressão e distribuição nestes tempos tecnológicos.