GIBI SEMANAL
Vamos voltar ao ano de 1974. Mais precisamente ao mês de Outubro. Nessa data, a RGE - Rio Gráfica e Editora (atualmente conhecida como Editora Globo) teve a ótima iniciativa de relançar nas bancas brasileiras um verdadeiro clássico: a revista Gibi.
Publicada pela primeira vez em 1939, teve originalmente em suas páginas Charlie Chan (aquele mesmo que, anos depois, ganharia um desenho animado pela Hanna-Barbera), Brucutu, Ferdinando e vários outros personagens das histórias em quadrinhos. Na época, Gibi significava moleque, porém, com o tempo a palavra passou a ser associada a revistas em quadrinhos e, desde então, virou uma espécie de "sinônimo".
Ao relançarem a revista, com periodicidade semanal, fizeram uma excelente seleção de material, inclusive com histórias que saíram nas edições originais. Confira algumas das preciosidades que foram publicadas:
Formato de tiras:
- Popeye, por Bud Sagendorf
- Recruta Zero, por Mort Walker
- Peanuts, por Charles Schulz
- Brucutu, por Dave Graue
- Touro Sentado, por Gordon Bess
- Versus, por Jack Wohl
- Frank e Ernest, por Bob Thaves
- Chico Peste, por Paulo Cesar Munhoz
- Bronco Bill, por Rog Bollen e Gary Peterman
- Hagar, por Dik Browne
- Mãe!, por Mel Lazarus
Histórias em Quadrinhos:
- Tarzan, por Burne Hogarth
- Nick Holmes, por Alex Raymond
- Homem-Elástico, por Jack Cole
- Ferdinando, por Al Capp
- Brick Bradford, por Paul Norris
- Steve Canyon, por Milton Caniff
- Agente Secreto X-9, por Al Williamson
- O Mestre, por Mino Milani e Aldo Di Gennaro
- Cisco Kid, por José Luis Salinas
- Os Panteras, por J.M.Burns e L.A.J.Lilley
- The Spirit, por Will Eisner
- Dick Tracy, por Chester Gold
- Sir Teréré, por R.B.Fuller
- Flash Gordon, por Dan Barry
- Lucky Luke, por Morris e Goscinny
- Príncipe Valente, por Harold R. Foster
A edição de número um de Gibi traz uma introdução do Professor Álvaro de Moya, contando justamente a trajetória da publicação. O professor foi colaborador da revista e é seu o lay-out da capa da edição nº 30.
Falando nas capas, as mesmas são de uma qualidade e criatividade surpreendentes. Os capistas eram Walmir Amaral de Oliveira e Murilo Marques Moutinho, sendo que o primeiro teve participação na idéia do relançamento.
A revista tinha formato gigante, de aproximadamente 40 (altura) x 30 cm (largura), com uma parte em cores, nas tiras; e outra em preto e branco, no caso das histórias completas. Tudo em papel jornal. Mesmo com todo esse cuidado e apuro, o Gibi Semanal durou somente quarenta números, que foram republicados posteriormente em quatro edições encadernadas que compilavam dez edições cada.
Por volta do número 36, para evitar o fim abrupto da publicação, a editora Sonia Hirsch teve a idéia de propor um "morte digna" para a revista, que acabou ocorrendo no número 40, no qual constava uma nota explicativa sobre o motivo do cancelamento, que não é difícil de imaginar... baixas vendas.
A revista começou com uma tiragem de 160 mil exemplares, e sua última edição teve "apenas" 35 mil (esse número era considerado baixo, por se tratar de uma editora de grande porte).
Na capa da última edição, o personagem símbolo da revista indo embora carregando uma trouxa, por onde caem tiras de quadrinhos. Naquele triste momento, o Gibi foi um "precursor" de uma situação que viria a se repetir tantas e tantas vezes em nosso combalido mercado nacional de HQ's...
Marcelo Naranjo, o "arqueólogo" do Universo HQ, não sossegou enquanto não completou sua coleção do Gibi Semanal. Depois de inúmeras peregrinações aos sebos de São Paulo, conseguir seu objetivo e agora fica fazendo inveja aos amigos, mostrando as edições! Não sabe o risco que está correndo! Sabe como é, né? Assaltos acontecem...