Confins do Universo 216 - Editoras brasileiras # 6: Que Figura!
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Museu dos Quadrinhos

Relembrando a alegria da Circo

1 dezembro 2001

Na década de 1980, mais especificamente de Outubro de 1986 até Maio de 1988, foi publicada a revista Circo, pela Circo Editorial, em oito edições "quase" bimestrais.

A revista tinha o mesmo nome da editora que a publicava, com um mix de histórias nacionais e estrangeiras. Os responsáveis pela publicação foram Toninho Mendes e Luiz Gê, como editores gerais, sendo que este último atuava também como autor e selecionador do material estrangeiro da publicação. Laerte foi outro colaborador importante.

Circo Editorial entrou no mercado lançando material de humor em livrarias, e passou por um bom momento, ao colocar nas bancas a revista Chiclete com Banana, de Angeli; a própria Circo; e Geraldão, de Glauco.

Circo teve, durante sua existência, tiragem de 50 mil exemplares por edição, com vendas na casa de 35 mil exemplares.

O editorial da edição # 1 dava uma idéia do que estava a caminho. De maneira muito original, em forma de HQ, foi feita uma introdução, dando a tônica do que viria a seguir: histórias de qualidade, provando que brasileiros sabem, sim, fazer roteiros inteligentes, não devendo nada a ninguém. Segue um breve resumo de cada número:

  • Circo # 1: Laerte com os ótimos Os Piratas do TietêTorpedo, de Abuli e Bernet; Geraldão, de Glauco; Futboil, por Luiz Gê; O Ceguinho Odilon, de Alcy; O Homem do Telefone, por Dionnet e Margerin; e outras.
  • Circo # 2: A Balada do Lobisomem, por Laerte; Conto de Natal, de Moebius; Zé do Apocalipse, por Glauco; Uma História de Amor, de Luiz Gê; Qualê?, por Robert Crumb; e a estréia da seção de cartas. Além disso, uma divertida fotomontagem mostrava como os artistas nacionais faziam uma história em quadrinhos.
  • Circo # 3: Capitão Bandeira, de Paulo Caruso; As Pervertidas, de Marta Pons e Galeano; A Insustentável Leveza do Ser, por Laerte; Pistoleiras em Guerra, de Russ Heath e O'Donoghue; Presidente Reis, por Luiz Gê; Neuras, por Glauco; e outras.
  • Circo # 4: Os Palhaços Mudos, de Laerte; O Negócio do Século, por Margerin e Frentzel; Ganhei na Loto, de Alcy e Vizzioli; A Cunhadinha, por Glauco; A Invasão Holandesa, de Luiz Gê e outras.
  • Circo # 5: Aurora Marciana, de Luiz Gê; Berlim 1945, de Arno; Chegou Geladeira Nova!, por Glauco; O Poeta e os Piratas, por Laerte; Os Seios da Minha Vida, de Nani; e Fritz, o Gato, de Robert Crumb.
  • Circo # 6: Rock City, de Moebius; O Documento Original, por Laerte; A Montanha da Serpente de Pedra, por Micheluzzi; Shirley na TV, de Carlos Matuck; Perdidos no Espaço, por Luis Gê e Uma Sorte Infernal, de Mariniello.
  • Circo # 7: Um Natal Alucinado, por Glauco; Os Palhaços Mudos e a Ameaça Nuclear, de Laerte; Morgan, por Segura e Ortiz; A Paquera, por Marcatti e Quem Matou Papai Noel, de Luiz Gê.
  • Circo # 8: Depois de Amanhã, por Dimitri; Presidente Reis, de Luiz Gê; Que Cabeça!, por Paulo Caruso; Bruxas e Fadas, de Laerte; O Dr. Baixada, de Luscar; e A Viagem do Presidente, de Luiz Gê.
  • Circo Especial Laerte: Tiras do Condomínio (O Zelador, O Grafiteiro, Os Gatos, O Capitão e outros); histórias dos Piratas do Tietê. Foi a primeira edição exclusiva do autor a sair em bancas.

A revista ainda tinha charges e notícias sobre quadrinhos. Marcou, sem sombra de dúvida, um grande momento do quadrinho nacional.

Embora as histórias estrangeiras fossem de alta qualidade (basta ver os autores publicados), foram as nacionais que "arrebentaram a boca do balão". A seguir, comentários sobre três delas em especial, mas muitas outras também mereceriam destaque:

A Insustentável Leveza do Ser: Numa história onde nada é o que parece ser, Laerte vai fundo nas aparências, numa narrativa que nos faz parar para pensar.

O Poeta e os Piratas: Uma história diferente e maravilhosa, com a presença do poeta Fernando Pessoa, que é atacado pelos Piratas do Tietê. Ele resiste, e, ao som de seus versos, os Piratas levam uma dura lição dos poetas.

Perdidos no Espaço: Um módulo espacial avança em viagem de exploração, mas passa por diversos perigos. O módulo nada mais é que um tatu-bola, tripulado. Uma fantástica viagem pela imaginação de Luiz Gê, com destaque também para a arte.

O final da revista foi decretado principalmente pela falta de tempo dos editores, pois Luiz Gê foi para o exterior, e Toninho Mendes, juntamente com Laerte, não tiveram tempo hábil para tocar a publicação, devido também ao crescimento da editora. Uma pena.

Finalizando, a revista era uma publicação que merecia o título, pois era um show à parte. Pena que a temporada de exibição deste Circo se encerrou em definitivo, deixando "na mão" o seu respeitável público.

* Agradecimentos a Toninho Mendes, pela atenção e informações.

Marcelo Naranjo, quando conseguiu completar sua coleção da Circo nos sebos da capital paulista, ficou tão feliz quanto uma criança na primeira vez em que vai a um circo.

Circo #7 Circo #8 Circo Especial Laerte

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