Superboy: um sucesso da Ebal
A revista do Menino de Aço foi um dos destaques da saudosa editora fluminense
De acordo com o norte-americano Les Daniels, autor de obras como DC Comics: Sixty Years of the World's Favorite Comic Book Heroes e Marvel: Five Fabulous Decades of the World's Greatest Comics, "Superboy foi o último título de importância da Era de Ouro dos quadrinhos".
Sobre o surgimento do Superboy, Daniels conta que, se os super-heróis eram populares, e seus jovens parceiros também, então colocar o super-herói mais famoso de todos como um garoto teria aprovação total.
E foi o que ocorreu.
Superboy surgiu na revista More Fun Comics # 101, de 1945, uma publicação mais voltada para a linha humorística. Depois, passou para a Adventure Comics, em 1946, e ganhou título próprio em 1949.
Em suas primeiras aventuras, sua aparência era de uma criança de 7 anos. Posteriormente, passou a ser representado como um garoto de 12 anos, até ser retratado como um adolescente.
Esse Superboy "original" foi criado na cidade de Smallville (Pequenópolis, no Brasil) por seus amorosos pais, o casal Kent, e tinha como companheiros o amigo Steve Ross e a primeira namorada, Lana Lang.
Essa fase teve incontáveis histórias criadas, muitas publicadas no Brasil pela Ebal, que colocou o herói em título próprio - confira as capas da primeira série no site Gibihouse.
É válido citar que o personagem passou por diversas modificações da década de 1980 em diante, após a publicação da saga que redefiniu (ao menos até aquele momento) o Universo DC: Crise nas Infinitas Terras.
A partir de então, foi estabelecido que Superman nunca fora o Superboy. John Byrne, responsável pela nova fase do Homem de Aço na época, apresentou o Superboy que era conhecido pela Legião dos Super-Heróis como sendo de um mundo paralelo chamado "Universo Compacto", criado pelo vilão Senhor do Tempo, que acaba sendo responsável pela morte desta versão do herói.
O ano de 1993 traria um novo Superboy, um clone adolescente criado a partir dos DNAs de Superman e Lex Luthor, de nome Kon-El e identidade secreta Conner Kent.
Anos depois, ele viria a falecer na saga Crise Infinita, assassinado pelo Superboy Primordial (outra versão do herói, surgida na Crise nas Infinitas Terras). Mas, como nada dura para sempre nos quadrinhos de super-heróis, em especial de tratando de "falecimentos", ele já está de volta.
A TV também apostou no personagem: ele teve um piloto produzido em 1961; o seriado The Adventures of Superboy em 1966; o seriado Superboy em 1988 e, finalmente, Smallville, de 2001, com o qual acaba de atingir a impressionante marca de oito temporadas, caminhando para a nona.
Mas é hora de voltar ao tema desta coluna: Superboy teve grande destaque no Brasil pela Ebal, com vários títulos publicadas, passando do "formatão" para o "formatinho" - este último teve duas linhas: a 4ª série, com duração de sete edições, e a 5ª série, que finalizou a saga do jovem herói pela editora - E são dessa última fase as revistas que ilustram a coluna e das quais falaremos a partir de agora.
Superboy - 5ª série teve 16 edições, publicadas mensal ou bimestralmente entre setembro de 1980 e setembro de 1982.
A maior parte das aventuras dessas revistas foi criada por Cary Bates (roteiro) e Kurt Schaffenberger (arte), com supervisão de Julius Schwartz. Também foram publicadas várias histórias com roteiro de Tom de Falco e arte de Joe Staton.
Nos dois primeiros números, o destaque é para a contenda entre o Jovem de Aço contra Astralad. O vilão, na verdade um tímido e jovem amigo de escola de Clark, é um "perdedor", cuja contraparte do futuro inventa um aparelho que permite voltar no tempo em forma astral, tomar o próprio corpo quando jovem e adquirir superpoderes.
Claro que não poderiam faltar aventuras do herói em sua parceria com a Legião dos Super-Heróis, neste caso com roteiros de Gerry Conway e arte de Ric Estrada e Jack Abel, além da arte de George Tuska e Vince Colletta.
A série trouxe ainda aventuras clássicas do personagem, possivelmente publicadas originalmente na década de 1950.
Outros heróis passaram pela revista, como a dupla Lanterna Verde e Arqueiro Verde, com roteiro de Denny O'Neil e arte de Alex Saviuk; e não poderiam faltar a famosa superprima, Supermoça, e o melhor amigo do Homem de Aço, o cão Krypto.
São aventuras de uma época na qual os roteiros eram mais simples, e a aposta era para o público mais jovem. Mas não se engane: são importantíssimas na trajetória do pioneiro e maior super-herói de todos os tempos, o Homem de Aço, e em sua fixação no imaginário popular.
Acompanhe a seguir o texto da contracapa do primeiro número de Superboy - 5ª série:
Depois de viver incontáveis aventuras com a Legião dos Super-Heróis, o Rapaz de Aço volta a sobrevoar os céus sozinho, nas páginas desta revista própria que estamos lançando agora.
São quadrinhos revelando o universo do Super-Homem quando rapaz e suas aventuras em Pequenópolis. Aventuras que não perdem em nada com as que viveria mais tarde, em Metrópolis. Já naquele tempo, o titânico kryptoniano acostumou-se a enfrentar ameaças de todos os tipos e origens. E já suava para preservar sua identidade de Clark Kent.
Na aparentemente tranquila Pequenópolis, destacava-se a bonita Lana Lang, uma presença sempre agradável, mas que ajuda na mesma medida em que complica a vida de Clark/Superboy. E, em quase todas as histórias, podemos ver os sustos do casal Jonathan e Martha Kent, quando o filho adotivo entra em apertos nada comuns. E até na escola, Clark Kent se encontra nas mais inesperadas situações, mas em geral se sai bem, principalmente quando conta com a ajuda disfarçada do colega Pete Ross, que conhece a identidade de Superboy, sem que este saiba.
Os criminosos que aparecem em Pequenópolis? Uns piores do que os outros. Em alguns combates, o Rapaz de Aço precisa usar todos os seus poderes. E muitas vezes a falta de experiência o prejudica, apesar da superinteligência. E fica aquele suspense. E o final que todos esperam.
Boa leitura.
Vale lembrar que, apesar da trajetória de sucesso, ou justamente por causa dela, um grande imbróglio envolve Superboy atualmente: a família de Jerry Siegel, já falecido, dá continuidade a uma ação contra a DC, pelos direitos do personagem. Eles já tiveram uma decisão favorável à sua ação, que foi revertida posteriormente. Um assunto que ainda terá diversos desdobramentos.
Não deixe de conferir todas as capas que inspiraram esta coluna na galeria de imagens.
Marcelo Naranjo quer completar todas as séries do jovem herói de aço publicadas pela Ebal. Para tanto, ele aceita doações. E, se alguém não gostar da ideia... Pega, Krypto! Pega!