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100 BALAS - VOLUME 10 - VIDAS DIZIMADAS

1 dezembro 2012

100 BALAS - VOLUME 10 - VIDAS DIZIMADAS

Editora: Panini Comics - Edição especial

Autores: Brian Azzarello (roteiro), Eduardo Risso (arte) e Patricia Mulvihill (cores) - Histórias originalmente publicadas nas edições # 59 a # 67 da série 100 Bullets.

Preço: R$ 24,90

Número de páginas: 224

Data de lançamentoJulho de 2012

 

Sinopse

A calmaria - Lono e Loop Hughes cooptam Victor Ray.

O Filho-Sol - Megan Dietrich, senhor Branch, Cole Burns, Benito e Augustus Medici. Encontros e desencontros de diversos personagens que forjam e repensam alianças.

Botequim - Jack Daw está vivendo de lutas de rua, quando recebe uma visita do agente Graves.

Novos Truques - Lono começa a exercer suas atividades como substituto do senhor Shepherd.

Garota sem amor - No deserto, há um encontro de Dizzy Cordova com três "pretendentes": Wylie Times, senhor Branch e Benito Medici.

Positivo/Negativo

As diversas histórias desta edição têm como tema comum o encontro entre personagens e o estabelecimento ou dissolução de alianças.

Praticamente todos os personagens principais da série estão presentes em 100 Balas - Vidas dizimadas. As tantas camadas, possibilidades e intrigas consolidam a dubiedade como uma das principais características da obra de Azzarello e Risso.

Não se sabe em quem se pode confiar. As intenções do agente Graves e de Augustus Medici não são claras e não são mais tão definidos os lados da suposta guerra entre os Minutemen e o Cartel.

Por que as pessoas estão morrendo? O que realmente está acontecendo?

Para responder essas questões, o leitor pode assumir certos papéis semelhantes aos dos personagens da série.

Pode, a exemplo do senhor Branch, voltar e acompanhar detalhadamente as histórias que já leu, coletar e cruzar informações, construir um grande mapa que ajude a compreender toda a complexa trama de conspiração.

Entretanto, é mais provável que acabe adotando a perplexidade, insegurança e confusão que assombram desde protagonistas como Megan Dietrich até os pequenos e descartáveis personagens coadjuvantes.

É certo que as histórias deste volume reúnem todas as principais figuras do universo criado por Azzarello e Risso, porém esse universo também é construído pelos dramas das pessoas que acabam sendo vítimas de um monstruoso sistema.

Em A calmaria, no palco principal estão Lono e Loop estabelecendo uma aliança com Victor Ray. Mas também chama a atenção o drama do infeliz Wally. Humilhado, traído pela esposa, que o abandonou para ficar com Victor, ele sucumbe ao desespero de sua própria impotência.

É a exatamente a mesma situação de Tino, presente em O Filho-Sol. Pobre, hispânico, vivendo de um trabalho simples, viu sua companheira abandoná-lo para ficar com um perigoso traficante.

Ao fazer aliança com outro traficante, Tino tem a esperança de ir à forra. Por um lado, Azzarello e Risso parecem dizer que virilidade só se afirma por meio de violência e imoralidade. Ao seguir as trajetórias dos personagens, porém, percebe-se que inocentes ou não, ninguém chega incólume ao final.

Falando em trajetórias, é interessante observar o desenvolvimento de Lono. Em Novos truques, o antes psicopata irresponsável e irrefreável começa, aos poucos, a demonstrar certa ponderação e comedimento. Como se o cargo herdado de Shepherd o estivesse moldando. Ou talvez ele simplesmente esteja mostrando uma faceta mais estrategista.

Botequim e Garota sem amor são HQs curtas que servem como meios de transição. Na primeira, o agente Graves dá um "empurrãozinho" em Jack Daws. Na segunda, Dizzy Cordova serve de pivô para reunir um inesperado grupo: Wylie, senhor Branch e Benito Medici.

Tanto os personagens principais quanto os secundários cativam o leitor e conduzem a série de modo dramático.

Há diversas sequências brutais e impactantes, mas não é só a hiperviolência que choca. Simples atitudes, como a naturalidade com que Lono encara o estupro em A calmaria, perturbam e fazem o leitor se sentir sujo.

A tensão é constante. A sensação incômoda de estar mergulhado em uma situação que não se entende e não se controla passa dos personagens para o leitor com eficiência. O clima de paranoia impera.

Não importa a hierarquia, o poder, a habilidade de combate. Ninguém passa pelo universo de 100 Balas ileso.

 

Classificação:

4,0

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