100 BALAS - VOLUME 9 - NOITES DE JAZZ
Editora: Panini Comics - Edição especial
Autores: Brian Azzarello (roteiro), Eduardo Risso (arte) e Patricia Mulvihill (cores) - Originalmente 100 Bullets # 50 a # 58.
Preço: R$ 24,90
Número de páginas: 224
Data de lançamento: Maio de 2012
Sinopse
Foder para ter poder - Em um bar, um grupo de ladrões discute sobre conspirações, enquanto espera uma pessoa para fechar uma negociação. Dentre essas pessoas está alguém surpreendente.
Noites de Jazz com Wylie - Arco que se divide em sete episódios e conta a história de Wylie, sua pasta com as 100 balas, o acerto de contas com Shepherd, a viagem para New Orleans e o que ele encontrou por lá.
Derradeira baforada - Epílogo da longa trama anterior, que apresenta uma impressionante sucessão de eventos que terá grande impacto no desenrolar da série.
Positivo/Negativo
O leitor que não está familiarizado com 100 Balas deve parar de ler esta resenha imediatamente e correr atrás de todos os volumes anteriores.
Porque em Noites de Jazz, a série chega a um ponto em que não é mais possível simplesmente começar a acompanhar. Aliás, até é possível, mas a verdade é que o leitor estará se privando de uma história com uma qualidade extraordinária, que pouquíssimos quadrinhos (ou livros ou filmes) conseguiram atingir.
Até o momento presente, 100 Balas tem tudo para se consagrar como uma das melhores séries em quadrinhos de todos os tempos.
Um exagero? Não. E esta resenha tentará justificar essa afirmação, sem apresentar spoilers. Isso porque Noites de Jazz apresenta diversos eventos impactantes e a surpresa da descoberta faz parte do prazer que é ler a série.
Começando pela primeira história da coletânea, Foder para ter poder.
Trata-se de uma aventura que, a exemplo de O senhor Branch e a árvore da família (publicada em 100 Balas - ¡Contrabandolero! ), procura apresentar um pedaço do mapa de toda a intrincada trama de relações, personagens e conspirações que compõem a série.
Azzarello constrói diálogos e Risso dispõe imagens como mágicos entretendo a plateia. Tudo o que o leitor precisa para entender o truque está ali, diante de seus olhos, mas há coisas que passam batidas numa primeira leitura. E o que acontece é que ele presencia algo que não entende completamente, mas que o cativa.
É na segunda leitura que se começa a perceber a engenharia por trás do truque, a escolha perspicaz de palavras justapostas à imagem. Como diz um dos personagens: "...nada, porra nenhuma em lugar nenhum é o que parece".
E uma conversa trivial sobre conspirações e mensagens ocultas em rótulos de cerveja acaba desembocando para a história das 13 famílias que compõem o Cartel, a origem dos Minutemen e uma pista sobre o que pode ter sido o "maior crime da história da humanidade".
A grande trama deste volume, e possivelmente um dos arcos mais bacanas da série até aqui, é Noites de Jazz com Wylie.
Conforme visto no sétimo volume, A sete palmos, Wylie Times recebeu de Graves a maleta com as balas e as provas incontestáveis de que o grande responsável pela desgraça de sua vida é... Shepherd.
De posse dessas munições, Wylie retorna para a cidade de Nova Orleans, onde pretende revisitar seu passado e sua tragédia pessoal.
Mas quem acompanhou suas aparições nos volumes ¡Contrabandolero! e A sete palmos sabe o essencial sobre Wylie: ele foi um minuteman.
Essas histórias deixaram uma série de perguntas sem resposta. Wylie voltará a ser um minuteman? Será que ele ouvirá a palavra-chave que destrancará sua memória? E Shepherd? O que ele tem a ver com Wylie?
São essas perguntas que vão orientar o desenvolvimento das Noites de Jazz com Wylie. Por isso é interessante reler as histórias com o personagem nos volumes citados anteriormente. Serão percebidas diversas ideias em frases e imagens que serão retomadas e desenvolvidas aqui.
Mas além de eventos profundamente relacionados ao encadeamento da grande conspiração orquestrada pelo agente Graves, há também a introdução de novos personagens, alguns muito marcantes, como o músico Gabe. Ele protagoniza uma das cenas mais belas, brutais e trágicas da série. Tão desconcertante que parece provocar a perplexa vontade de, ao mesmo tempo, gargalhar como um monstro e chorar silenciosamente.
Finalmente, Derradeira baforada fecha o volume e serve de epílogo para Noites de Jazz.
Em um episódio curto são apresentados acontecimentos extraordinários que mudarão o status quo da série definitivamente. Personagens trocarão de papéis e o agente Graves talvez tenha que, pela primeira vez, lidar com algo imprevisto em seu grande plano.
Ou não.
A introdução do volume é escrita por Jason Starr, autor de romances policiais, que discorre sobre o termo neo-noir e considera que 100 balas "é de uma relevância que poucos quadrinhos - e livros, a propósito - conseguem alcançar".
Sem exageros, ele está certo.
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