32 STORIES – THE COMPLETE OPTIC NERVE MINI-COMICS
Título: 32 STORIES - THE COMPLETE OPTIC NERVE MINI-COMICS
(Drawn
& Quarterly) - Edição especial
Autor: Adrian Tomine (texto e arte).
Preço: US$ 12,95
Número de páginas: 96
Data de lançamento: Dezembro de 2004
Sinopse: Compilação integral da fase em que a revista Optic Nerve, de Adrian Tomine, era um fanzine.
Positivo/Negativo: 2007 foi o ano em que Adrian Tomine ficou em evidência por conta de Shortcomings, sua primeira narrativa longa. O álbum foi elogiadíssimo pela crítica e garantiu até mesmo um destaque na lista dos cem melhores livros do ano do New York Times Book Review, o suplemento literário do jornal mais influente do mundo - foi a única HQ incluída na seleção.
Depois de anos tocando sua revista própria, Optic Nerve, Tomine é um quadrinhista sofisticado em seu auge.
32 Stories é a outra ponta dessa história. Compila na íntegra a fase em que Optic Nerve era um fanzine independente, publicado artesanalmente. São 32 contos curtos, divididos em sete edições publicadas entre 1991 e 1994.
O álbum os republica em ordem cronológica, e é daí que vem a grande surpresa: a evolução artística de Tomine é gritante. Embora as últimas histórias estejam bastante próximas do estilo sofisticado que consagrou o autor, as primeiras são o oposto: cruas, secas, com traços pesados feitos a caneta de ponta grossa e muitas áreas em preto, ainda que profundamente expressivas.
A temática também é a mesma: gente comum perturbada por um mundo doentio, com toques autobiográficos confessos aqui e acolá. Mas a arte mais grosseira reflete nas histórias, que ficam imediatamente mais pesadas.
Por exemplo: Man's Best, que abre o volume, fala sobre um homem que vê o cãozinho da mulher como um espião. O clima é de paranóia, a ponto de evocar as HQs de terror bizarro da EC Comics.
Nessa fase inicial, a pouca prática de Tomine em conduzir HQs gera erros gritantes. Em Rodney, saber que o narrador é, na verdade, uma mulher é fundamental não só para entender a história, mas também para perceber a grande sacada do final. Mas o traço confuso, somado à possibilidade de ser um rapaz de cabelos compridos, deixa margens para dúvidas, que só serão esclarecidas em cima da hora.
Mas o fato é que o passar do tempo dá a 32 Stories uma aura histórica e documental. Afinal, é a origem de um dos melhores e mais cultuados artistas de uma geração - e isso atenua as barbeiragens do jovem Tomine.
O próprio criador sabe disso. Na introdução, confessa que sua idéia inicial seria reunir apenas as melhores histórias, mas diz que elas são tão poucas que dariam um volume fino demais para ser lançado. Optou pela republicação integral, alterando apenas um ou outro nome de amigo em tramas verídicas, para evitar constrangimentos num período em que sua obra tem um alcance monumental.
O que Tomine não conta é que, em meio a alguns erros, a quantidade de acertos precoces é imensa. Desde 1991, quando tinha míseros 17 anos, ele sabia escolher tramas tocantes e envolventes e fazer histórias cuja leitura, ainda hoje, ainda vale a pena.
Mesmo o traço cru é expressivo, coisa que o artista usa a seu favor, principalmente quando seus personagens chegam a ser decompostos ao sentirem dor.
32 Stories retrata, enfim, a erupção de um grande artista, com uma voz própria, sem deixar de lado seus defeitos. O resultado é inspirador.
Pena que Tomine ainda seja uma peça rara no Brasil. Sua única publicação, por enquanto, é uma única história na antologia Comic Book - O Novo Quadrinho Norte-Americano, que a Conrad lançou em 1999.
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