A COMADRE DO ZÉ
Autor: Luciano Irrthum (roteiro e arte).
Preço: R$ 20,00
Número de páginas: 72
Data de lançamento: Fevereiro de 2009
Sinopse: Um belo dia, Zé Honofre chega em casa, bota a criançada pra dormir mais cedo e convida a patroa pra ver novela. Como a televisão estava quebrada, o jeito foi gastar o tempo de outra maneira...
Quando Maria descobre que está grávida de novo, surge o impasse: como o casal já tem uma porção de filhos, não havia mais ninguém na sua cidade que pudesse batizá-lo.
Então, Zé vai pro bar encher a cara e entra um forasteiro, que logo é "escalado". Mas faltava a comadre! É quando o combalido Zé Honofre é impedido de cometer suicídio pela morte em pessoa. E os dois ainda tomam um porre juntos.
Pronto. A morte batizaria o garoto. E mais: ajudaria o Zé a se dar bem na vida. Bastava seguir as instruções que ela passara. O problema é que nem sempre as coisas caminham como deveriam...
Positivo/Negativo: Luciano Irrthum já participou de diversas revistas independentes do Brasil e do exterior. Na própria Graffiti 76% Quadrinhos publicou 14 histórias, ao longo de 14 anos da revista. Mas este é seu primeiro álbum. E a estreia não decepciona.
Com uma levada de "causo", Irrthum conta a tragicômica história de Zé Honofre, um caipira que, após virar compadre da morte, começa a se dar bem na vida. Mas como tudo que é bom dura pouco, os dois logo entram em confronto.
É muito divertida a forma que o autor encontra para mostrar como Zé ludibria a morte, que quer levá-lo pro além, pois ele descumpriu o acordo que ambos fizeram. Pena que o final decepciona um pouco, justamente por fugir da pegada caipira que marca a trama toda.
Aliás, vale ressaltar que a história toda se pauta por ser divertida, mas não engraçada. Isso se deve ao desenho de Irrthum que, como é muito bem observado pelo jornalista Paulo Ramos, no prefácio, parece mesclar os estilos de duas feras do quadrinho nacional: Flavio Colin, especialmente na composição dos cenários, e Marcatti, no que tange à escatologia bem-humorada de determinadas passagens.
E merece nota a forma como a letra, feita à mão, casa com o estilo de arte do desenhista. Esse tom "artesanal" deixou a obra mais coesa, mais ligada ao cenário em que se passa a história.
A comadre do Zé é o terceiro álbum da Coleção 100% Quadrinhos, que usa - e bem - a verba da Lei Municipal de Incentivo a Cultura da Prefeitura de Belo Horizonte para publicar quadrinhos nacionais de qualidade. Os dois primeiros foram: Um dia uma morte, de Fabiano Barroso e Piero Bagnariol e O relógio insano, de Eloar Guazzelli.
Graficamente, o álbum é caprichado, com direito a capa cartonada com orelhas e boa impressão. Já na parte editorial, passaram pequenos erros, como "...Me ver na cabeceira" (o correto seria "me vir") e enfêrmo (que não tem acento), ambos na página 31. Nada que diminua os méritos da obra, mas vale uma revisão mais atenta nos próximos lançamentos da Graffiti 76% Quadrinhos.
Classificação: