A CORPORAÇÃO # 1
Autores: Alvaro Campos e Fernando Azevedo (roteiro), Arabson Oliveira (desenhos) e Jean Diaz (capa).
Preço: gratuito
Número de páginas: 18
Data de lançamento: Setembro de 2008
Sinopse: Operando nas sombras, um supergrupo de mercenários chamado "A Corporação" assume missões impossíveis a partir do contexto real da geopolítica atual.
Na primeira página, a equipe implode uma base militar israelense nos poucos minutos em que governantes palestinos e israelenses debatem num jornal de TV.
Ao longo da edição, o novato Franklin narra, a partir do seu ponto de vista, a invasão ao acampamento do grupo revolucionário colombiano FARC. Destruindo gratuitamente quilômetros da floresta amazônica, A Corporação procura por Guerrilheiro, o primeiro dissidente da equipe de mercenário em anos.
Positivo/Negativo: Alvaro Campos e sua equipe iniciam um projeto que relembra os Combo Rangers, de Fábio Yabu, numa versão adulta, evidentemente. A Corporação é uma HQ ainda em desenvolvimento, mas que mostra sinais de beber em fontes específicas para o desenrolar da trama.
Basicamente, o "parentesco" com The Authority é declarado, com uma importante e vital transformação: A Corporação não é a união de super-heróis por uma causa ideológica: seus superseres querem apenas obter lucro mesmo.
Alguns diriam: "eles são mercenários", mas a primeira edição deixa claro que não é o caso. Ao apresentar, de forma breve e elegante, um flashback de alguns personagens, percebe-se que o passado deles influencia na decisão de fazer parte da Corporação.
Na realidade, essa utilização do tempo lembra muito as histórias das décadas de 1970 e 1980 dos Vingadores, em que o passado de cada personagem dava origem a implicações que dinamizavam o próprio grupo.
É assim que Alvaro Campos cria um esquadrão de superseres que usam seu poderio por dinheiro, é verdade, mas, de tal forma complicada em suas motivações, que se pode esperar o impossível, ou mesmo o improvável, no desenrolar da trama.
O leitor deve ler A Corporação esperando a versão nacional para a mitologia heróica de nosso tempo, que não apresenta mais seres exemplares, mas situações em que nosso pensamento é trazido ao primeiro plano da história.
A capa de Jean Diaz - que remete claramente à Authority, com o personagem Guerrilheiro com um visual muito próximo ao do Meia-Noite, é impecável. Se fosse impressa e colocada em bancas, passaria facilmente por uma edição das poderosas Marvel ou DC Comics. Com um traço belíssimo - não foi à toa que foi capista das gringas Mulher-Maravilha, Highlander e Sonja -, percebe-se que a noção de claro-escuro é o ponto alto de sua estética. Vale esperar a terceira edição, que será totalmente ilustrada por ele.
As páginas da HQ são de Arabson de Assis, que está num estágio competente, porém abaixo de Jean. Ótimas cenas de ação e uma página dupla para apresentação dos personagens que lembra as clássicas páginas de X-Men na fase de John Byrne nos desenhos e Chris Claremont nos roteiros.
No mais, há apenas uma certa displicência nos desenhos dos cenários, que, apesar de apenas comporem as cenas, poderiam melhorar ainda mais o trabalho.
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