Confins do Universo 216 - Editoras brasileiras # 6: Que Figura!
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A Herança Becker

6 abril 2018

A Herança BeckerEditora: Zarabatana – Edição especial

Autores: Magno e Marcelo Costa (roteiro e arte).

Preço: R$ 76,00 (capa cartonada) e R$ 92,00 (capa dura)

Número de páginas: 128

Data de lançamento: Novembro de 2017

Sinopse

Uma história sobre ódio, medo e vingança. Mas também sobre família, perdão e amor. A saga de três irmãos lutando contra o passado e como as suas decisões que tomaram na vida podem retornar para assombrá-los. Eles herdaram o espólio de seu pai, mas também o seu assassino.

Positivo/Negativo

O peso milionário de uma fortuna pode ser mais leve do que a herança de um assassinato para quem fica. Já o peso de uma vingança pode ser um fardo bem maior quando ela é guardada no cofre da consciência, na qual o dono da combinação a alimenta confinado entre quatro paredes de uma sentença.

No caso, a partilha fica por conta de três filhos do magnata Hanz Becker: Wilfried, Oliver e Ângelo. Deles, os dois primeiros não souberam administrar o espólio e apenas o último tocou para frente o império do falecido pai.

Porém, tudo volta à tona quando Sandro Ramirez, o ex-empregado e assassino do pai dos irmãos, é solto após duas décadas na prisão. Tudo, inclusive os segredos. Assim, os três irmãos precisam deixar as desavenças e mágoas de lado se quiserem permanecer vivos.

No ano em que os gêmeos Costa lançaram Capitão Feio – Identidade (Panini), sua visão com uma pegada aventureira e de ação de um dos carismáticos "vilões" da Turma da Mônica, também é levada ao público uma trama bem estruturada com ares noir, mas que não perde as características brasileiras.

Esse universo poderia conviver tranquilamente com o detetive bonachão Zózimo Barbosa, criação do roteirista Wander Antunes que teve histórias lançadas pela Pixel Media em 2007 e que foram recentemente resgatadas pela editora Noir.

Com um traço bem mais solto do Magno e cores bem marcadas do Marcelo para a explosão dramática, a mediação do suspense fica por conta do "corte" em cima das sequências e das páginas. Além de fazer a diagramação, Marcelo contribui na arte para um vital capítulo de flashback.

Algumas pistas soltas podem até matar uma importante e precisa reviravolta antes do seu tempo, mas elas estão disponibilizadas mais para confirmar esse revés alojado na última página. O problema, talvez, seja um pequeno resumo na quarta capa que pode evidenciar mais ainda pra quem estiver atento.

Independentemente disso, é muito interessante notar como os autores vão jogando e ocultando informações para instigar a curiosidade. Tudo é amarrado sem ser didático, mesmo na presença de um detetive, geralmente usado para tal função.

Nada é "mastigado", muito menos o desfecho. O que faz com que renda mais de uma leitura para acompanhar os indícios deixados dubiamente na narrativa e nas ações de cada protagonista.

Pequenos detalhes funcionais incomodam um pouco, como um rádio que apenas se faz ser "notado" convenientemente no final de uma conversa ou um carro que para de modo abrupto após uma briga perto de um local importante para o desenrolar da trama.

Em contrapartida, as cenas de ação truculenta são bem conduzidas, assim como alguns enxertos de devaneios, a exemplo de se ter uma razão para que um dos personagens esteja tendo uma alucinação em uma praia.

Outra curiosidade é a suavidade como os autores sinalizam que a história se passa em um passado não tão distante. Dicas como a ausência de tecnologia atual, modelos dos carros, figurinos, penteados e o famoso Repórter Esso – transmitido entre o começo dos anos 1940 e o final da década de 1960 – são inseridas para caracterizar o contexto. Quando o leitor chegar ao fim, esse detalhe fará muito mais sentido em cima das motivações de cada personagem.

A edição da Zarabatana pode ser encontrada tanto em capa dura, como em capa cartonada com orelhas (com a biografia dos irmãos nelas). Fora isso, o formato é álbum (20,4 x 29,5 cm) e a HQ tem papel off-set com excelente gramatura e impressão.

Junto ao premiado A vida de Jonas, A Herança Becker consolida de vez a qualidade narrativa e artística dos irmãos Costa.

Classificação

4,5

.

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