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A METAMORFOSE DE LUCIUS


Título: A METAMORFOSE DE LUCIUS (Pixel
Media
) - Edição especial
Autor: Milo Manara (roteiro e desenhos).

Preço: R$ 25,90

Número de páginas: 64.

Data de lançamento: Outubro de 2006

Sinopse: O jovem Lucius chega à cidade de Hípata para entregar uma carta. Hospedado na casa do destinatário, conhece pessoas exóticas, envolve-se nos depravados costumes locais e apaixona-se pela jovem empregada de seu anfitrião.

Junto a ela, procura descobrir o segredo da magia - guardado pela dona da casa - para virar um pássaro. Por engano, é transformado num burro e vive várias aventuras em sua nova condição.

Positivo/Negativo: Publicado originalmente em 1996, A metamorfose de Lucius mostra o quanto Milo Manara busca um constante aprimoramento. Seus roteiros adquiriram uma profundidade maior e uma estruturação bem mais coesa desde a época em que foi projetado internacionalmente com O Clic.

A história do álbum é adaptada do clássico texto de Lúcio Apuleio, o que não impede o leitor de identificar temas caros a Manara e recorrentes na obra do mestre italiano: o desejo sem limites, a volúpia sexual, a sociedade corrompida por valores distorcidos, a opulência versus a miséria, entre outros.

Narrado de modo conciso e ágil, nota-se (como bem diz o texto introdutório da edição) grande influência de Federico Fellini e seu filme Satyricon - e, conseqüentemente, de Petrônio, autor da história original. Manara desconstrói o local da história (obviamente inspirado em Roma) num ambiente podre e cuja arquitetura imponente contrasta com a devassidão da classe dominante.

As cores frias e os espaços amplos reforçam a visão de uma cidade deslocada, anacrônica até. Outros destaques ficam por conta da ironia que o personagem-título destila depois de sua metamorfose e o sarcasmo com que narra os abusos ocorridos nos lugares por onde passa, algo que só lhe foi possível ver após sua transformação, o que equivale a dizer: "cidadãos de bem não enxergam as mazelas sociais; os burros, sim".

Nos desenhos, Manara é imbatível. Não bastassem suas belas e famosas mulheres (mais lindas do que nunca), trajes, construções, cenários naturais, tudo em um impressionante nível de competência, de encher os olhos.

As cores também são dignas de nota: desde o colorido pálido de O Clic até os tons brandamente gritantes da recente série Bórgia (feita em parceria com Alejandro Jodorowsky), passando por este álbum e Rever as Estrelas, Manara explicita sua preocupação com experimentalismos cromáticos e suas relações com a potência dramática da história. Sempre com ótimos resultados. Merecem citação especial as páginas 22, 58 e 59, principalmente pelo choque visual que provocam, "quebrando" a estética narrativa.

A edição da Pixel é bem-cuidada, com papel especial, ótimo tratamento gráfico. Além disso, traz uma matéria de Gonçalo Júnior e uma interessante entrevista com Manara, em que o mestre italiano comenta temas que vão de Bonelli Comics a mulheres brasileiras - as quais o artista muito aprecia.

 

Classificação:

4,0

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