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A MORTE DE CLARK KENT

1 dezembro 2011

A MORTE DE CLARK KENT

Editora: Abril - Edição especial

Autores: Louise Simonson, Dan Jurgens, Karl Kesel, David Michelinie (roteiros), Jon Bogdanove, Dan Jurgens, Gil Kane, Jackson Guice, Stuart Immonen (desenhos).

Preço: R$ 4,50

Número de páginas: 256

Data de lançamento: Junho de 1997

 

Sinopse

Um vilão descobre a identidade secreta de Superman. Como ele odeia Clark Kent, coloca em ação um plano para matar o herói e todos os seus familiares e amigos.

Positivo/Negativo

Dentre os "fetiches" dos leitores de super-heróis, está a morte e ressurreição dos personagens do gênero - e isso acomete também os editores.

Basta lembrar que na Era de Prata, mais de uma vez por ano, Batman ou Superman morriam e voltavam à vida na mesma história. Basta olhar as capas da época para comprovar. O assunto é recorrente até hoje - com a única diferença de que os heróis demoram um pouquinho mais para reviver.

Outro fetiche neste gênero é o das identidades secretas. Quem conhece o alter ego do herói? Quem não conhece? E quando alguém que não devia saber a descobre? Esse assunto foi outro tema fartamente utilizado na Era de Prata e, assim como a morte dos ditos cujos, um forte gancho para HQs boas e ruins, também atualizado nos quadrinhos atuais.

Junte esses dois temas e coloque numa HQ de super-heróis dos anos 90. Lembra delas? Graças, em especial à editora Image (de Spawn, Youngblood e outros), o importante era ter bastante ação, páginas duplas e desenhos chamativos, de preferência com uniformizados anabolizados. O roteiro era relegado a segundo plano - isso quando se tinha a sorte de ter um...

A Morte de Clark Kent encaixa-se perfeitamente nesse contexto. A trama é pífia e só não tem mais clichês do que furos. Pra piorar, a Abril tinha a maldita mania de não se preocupar em informar o leitor sobre o que estava ocorrendo, fosse ele ocasional ou não. Edição especial com texto de introdução? Pra quê? O leitor que comprasse todas as revistas mensais, ou que presumisse o que aconteceu antes.

Assim, a trama começa com Clark Kent recebendo um boneco de Superman de óculos, com uma faca enfiada no peito - um recado de que descobriram sua identidade secreta. Em seguida, seu apartamento, seus amigos, seus pais, Lois Lane, tudo e todos viram alvo do vilão Conduíte que, na verdade, é Kenny Braverman.

Qual o motivo pra isso? Pra lá de justo! Braverman era amigo de infância e juventude de Clark Kent e, naquela época, sempre era superado por ele em todo tipo de competição escolar!

O pai de Braverman ainda afirmava que ele não prestava, que queria ter um filho como Kent. Por isso, quando o cara descobre que Clark é, na verdade, o Superman, passa a acreditar que só perdia para o amigo/rival por causa dos superpoderes de seu "rival". Injustiça! Trapaça! Absurdo!

Independentemente de Freud explicar ou não, é hora da vingança, e Conduíte, que sabe-se lá como conseguiu superpoderes, com direito a raios de kryptonita (tudo deve estar nas revistas mensais da época - ou no Google), resolve expiar seus fantasmas e dar cabo da vida de Clark Kent e de seus familiares.

Como ele é um vilão pra lá de maluco, não conta para ninguém o segredo da dupla vida de Superman - quão conveniente! E move mundos e fundos, com direito a construir uma réplica de Smallville e seus moradores como robôs, só para atormentar e detonar com o Homem de Aço. O vilão comanda uma organização chamada Conexão, que tem agentes e ramificações espalhados por todos os cantos.

Conduíte ainda contrata Metallo, Plasmus, Pórtex e Nêutron para dar cabo do Superman. Sem sucesso, obviamente.

Algumas perguntas não querem calar. De onde diabos sai tanto dinheiro para essa organização? Por que ninguém se preocupa em saber o motivo da obsessão de seu líder em matar Clark Kent, Lois Lane e um casal simpático de velhinhos que mora em Smallville, aparentemente sem motivo algum e exaurindo todos os recursos possíveis? Por que o personagem Dragão Sombrio primeiro ajudou Conduíte e depois resolveu se aliar a Clark Kent? Quem se importa?

Outra bola fora: os vilões explodiram com a casa de fazenda dos Kent sem deixar sobrar nada. Ou seja, pela lógica, nada de álbum de fotografias ou qualquer tipo de objeto da infância/adolescência do herói poderia voltar a ser utilizado em tramas futuras. Até parece.

Quase no final da edição, há um crossover entre Superman e Capitão Marvel (Shazam), possivelmente o pior e mais estapafúrdio encontro entre os dois personagens, numa história sem pé nem cabeça. É totalmente sem noção quando Jonathan e Martha Kent nem acabam de conhecer Billy Batson e este, ao contar que é órfão, já recebe uma proposta de ser adotado pelos bons velhinhos - uma sensação de embaraço, de "vergonha alheia" exprime bem o momento.

Enfim, a década de 1990 da DC foi a era do Superman cabeludo - e de seu alter ego também. Aliás, Clark Kent não se preocupava nem um pouco em esconder que era pra lá de musculoso. Mas tudo bem! Afinal, os óculos sempre foram um santo disfarce.

Este é um gibi que vale como distração sem compromissos. Basta esquecer "alguns" detalhes e não se preocupar muito com coerência ou ligação racional com cronologia para curtir a boa e velha pancadaria do mundo dos super-heróis, esta sim, a única constante imutável, perene e eternamente divertida do gênero.

Classificação:

4,0

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