A REVOLTA DE CANUDOS
Autores: André Diniz (roteiro) e José Aguiar (arte).
Preço: R$ 22,90
Número de páginas: 40
Data de lançamento: Dezembro de 2008
Sinopse: A guerra de Canudos, um dos episódios mais interessantes da história do Brasil, é apresentada desde a formação da cidade, o posicionamento contra a República brasileira, a guerra contra o exército e a destruição de Canudos.
Positivo/Negativo: Eis um álbum que podia ter descambado, mas se salvou.
Ele podia descambar por causa de uma prática comum do mercado de livros brasileiros: as compras do Governo Federal. O PNBE - Programa Nacional Biblioteca da Escola é um dos meios para fazer essas edições chegar aos alunos.
De alguns anos para cá, as listas de compras começaram a incluir quadrinhos. E as editoras perceberam aí mais um nicho de investimento. Algumas com pouca ou nenhuma tradição na publicação de quadrinhos arriscam suas coleções, mirando a lista do PNBE.
Parece ser o caso da Escala Educacional. Afinal, a compra é na casa das centenas de milhares de exemplares. É uma das poucas opções para se vender tanto livro no Brasil.
O bom A revolta de Canudos faz parte de uma coleção chamada História do Brasil em Quadrinhos, que é irmã de Filosofia em Quadrinhos e História Mundial em Quadrinhos, pois apresentam o mesmo formato, preço e número de páginas.
Perfeito para que o governo leve logo o pacote todo para suas bibliotecas.
Outro indício é a distribuição do álbum. É muito difícil encontrá-lo à venda em livrarias, comic shops ou lojas virtuais. O público-alvo é outro.
Mas o que tinha tudo para se perder, acabou dando certo. Se a Escala Educacional propõe suas obras para a sala de aula, a expectativa é que o conteúdo seja altamente pedagógico, certo?
Errado. Esta é uma história em quadrinhos muito bem realizada. E essa
guinada para o bom caminho tem nome, ou melhor, nomes: André Diniz (autor
de 7
Vidas) e José Aguiar (de Quadrinhofilia).
Trata-se de dois artistas com longa experiência em quadrinhos. Diniz consegue criar uma boa trama, sem omitir as informações importantes para a compreensão do fato histórico.
Há um interessante recurso de usar as legendas para narrar os acontecimentos, dar datas e informações, enquanto os balões de fala ficam a serviço da caracterização dos personagens. O único senão é a troca constante de narrador, algo que um leitor não acostumado a quadrinhos pode não acompanhar.
A arte de Aguiar consegue ser muito bonita, sem deixar de ter uma sequência narrativa. Aqui, peca um pouco o formato do livro (20 x 18 cm). Os belos painéis criados pelo artista mereciam uma página de tamanho maior, que valorizasse traço e cores.
Mas, entre interesses de ordem comercial e dois bons quadrinhistas, saiu uma obra interessante, que merece ser lida. Se você conseguir encontrá-la à venda.
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