A TEIA DO HOMEM-ARANHA # 1
Editora: Panini Comics - Revista bimestral
Autores: O medo e o sr. Parker (Spider-Man: Fear itself # 1) - Stuart Moore (roteiro) e Joe Suitor (arte);
Autores: O medo e o sr. Parker (Spider-Man: Fear itself # 1) - Stuart Moore (roteiro) e Joe Suitor (arte);
Aqueles que nunca voltam (Spider-Man Family # 2) - Tom DeFalco e Ron Frenz (roteiro e desenhos) e Sal Buscema (arte-final);
O Soco (Spider-Man Family # 3) - J.M. DeMatteis (roteiro), Val Semeiks (desenhos), Andy Lanning, Victor Olazaba e Justice (arte-final) e Andrei Mossa e A. Crossley (cores);
Ponte e túnel (Spider-Man Family # 3) - Stuart Moore (texto), Val Semeiks (desenhos), Chris Irwin (arte-final) e Andrei Mossa (cores);
Uma questão de confiança (Spider-Man Family # 4) - J.M. DeMatteis (roteiro), Val Semeiks (desenhos), Andy Lanning, Victor Olazaba e Justice (arte-final) e Chris Sottomayor (cores);
Espetacular homem que anda a pé (Spider-Man Family # 4) - Paul Benjamin (roteiro), Val Semeiks (desenhos), Victor Olazaba (arte-final) e Sotocolor (cores);
O breve Dia das Bruxas (Spider-Man: The short Halloween # 1) - Bill Hader e Seth Meyers (roteiro), Kevin Maguire (desenhos) e Dean White (cores).
Preço: R$ 14,90
Número de páginas: 144
Data de lançamento: Junho de 2010
Sinopse
Nos pântanos da Flórida, o Homem-Aranha tem um encontro com o tenebroso Homem-Coisa.
E mais: como foi a volta de Harry Osborn dos mortos, como um simples soco pode mudar a vida de alguém, as aventuras do sr. e sra. Homem-Aranha num futuro alternativo e o Amigão da Vizinhança metido numa divertida confusão no Dia das Bruxas.
Positivo/Negativo
Parte da "revolução editorial" da Panini Comics levada a cabo nos últimos meses, esta revista surge mim como um enigma. Se a maior parte dos títulos regulares da editora teve suas páginas e preços diminuídos, qual o sentido de criar uma nova publicação protagonizada pelo Homem-Aranha, de periodicidade bimestral, com 144 páginas e a R$ 14,90?
Pela publicidade em torno da novidade, a ideia parecia reunir no mix sagas e aventuras do personagem que fossem mais desligadas da cronologia central em andamento no título regular. Isso permitiria, talvez, que leitores ocasionais pudessem simplesmente ler histórias do Cabeça de Teia sem se preocupar com confusas modificações em sua trajetória.
A Panini conseguiria, assim, capturar antigos e novos fãs usando o mesmo produto.
São sete histórias independentes, que se fecham em si mesmas - algumas são edições especiais, outras vêm de Amazing Spider-Man Family, título regular nos Estados Unidos, cuja atenção é dada a aspectos periféricos do universo do herói - coadjuvantes, figuras anônimas, vilões ou mesmo a efeitos das ações do Aranha em outras pessoas ao seu redor.
E vêm de Family os melhores momentos deste primeiro número. Os contos refletem de uma maneira ao mesmo tempo discreta e intensa o peso de Peter Parker em ser o Homem-Aranha; e como isso afeta todos ao seu redor, sejam conhecidos dele ou não.
Uma bela história como O soco, por exemplo - ambientada nas primeiras semanas de Peter como o Aranha - reúne figuras conhecidas do universo do herói (Flash Thompson, tia May e até o tio Ben, num flashback), mas o foco de interesse é um jovem da periferia nova-iorquina que, em conflito com a mãe e com sua própria condição de marginalizado, cruza o caminho do herói e vai parar no hospital depois de levar um potente sopapo.
O fato, aparentemente banal, transtorna o rapaz e também Peter, que acha ter exagerado na dose. Esses conflitos paralelos desembocarão num mesmo caminho, e a solução do roteirista J.M. DeMatteis (conhecido dos leitores veteranos, responsável por algumas das mais dramáticas e reflexivas histórias do personagem nos anos 90) é tão inventiva quanto simples e comovente.
A narrativa é bastante enriquecida pela arte de Val Semeiks, que utiliza traços fortes para dar expressividade aos personagens.
Destaque similar merece Espetacular homem que anda a pé, trama de apenas oito páginas, deliciosa de acompanhar no jeito despretensioso como retrata o dia normal (e complicado) de um Peter Parker atrasado para um compromisso profissional.
A confusão em torno do conceito de A Teia do Homem-Aranha pega pra valer a partir da história Uma questão de confiança, também de DeMatteis.
Trata-se de um retorno cronológico ao momento em que Peter Parker descobre que seu melhor amigo, Harry Osborn, está vivo. Ora, os supostos leitores-alvo da revista dificilmente entenderão do que diabos o enredo fala.
Surgem diversas referências a tramas do passado envolvendo Harry e seu pai, Norman Osborn - há até uma lembrança dos infames pais-robôs de Peter -, mas a essência do que se mostra não é tão facilmente captada por quem está por fora do universo aracnídeo.
É preciso entender que a volta de Harry tem tudo a ver com a mudança editorial imposta ao Aranha pela Marvel na saga Um dia a mais, a partir do controverso pacto com o demônio Mefisto. O leitor leigo compreende o fio narrativo, mas não o contexto.
Ou seja, é uma história que supostamente caberia melhor no título regular do personagem; mas calhou de estar aqui, na sua revista "paralela".
Os especiais O medo e o sr. Parker, mostrando o Aranha numa batalha contra o Homem-Coisa, e O breve Dia das Bruxas, cujo maior atrativo é o roteiro dos comediantes Bill Hader e Seth Meyers - vindos do popular show de TV Saturday Night Live -, são chamarizes da edição que não cumprem qualquer tipo de expectativa. Funcionam como bom passatempo, e só.
Há ainda Aqueles que nunca voltam, que se passa num universo alternativo, no qual Peter e Mary Jane têm uma filhinha; e duas histórias curtas que parecem estar presentes mais para compor o mix.
No expediente, a chamada para a próxima edição complica de vez qualquer pensamento a respeito das intenções da Panini com a revista: são anunciadas histórias com o Senhor Negativo, o Antivenom e o Capuz, todos crias pós-Um dia a mais. Assim, possivelmente, apenas iniciados darão conta de entender os meandros desses personagens.
Nada de ruim nisso, a priori, mas se A Teia era para ser um apêndice da revista mensal, e não necessariamente um espaço de histórias fora da cronologia central, então por que diminuir as páginas de Homem-Aranha e criar uma nova publicação com o dobro do tamanho e do preço? Apenas para justificar a "revolução editorial"?
Talvez a partir do segundo número, A Teia do Homem-Aranha comece a fazer algum sentido. Ou não.
Classificação: