Chegando à segunda edição, a bimestral A Teia do Homem-Aranha ainda não disse a que veio. Pior: complicou o que parecia simples. Inicialmente, pensou-se que a Panini pretendia fazer da revista o espaço de histórias fechadas ou independentes do herói aracnídeo.

O número de estreia quase funcionou nesse sentido, mas tinha uma ou duas tramas que dependiam de conhecimento prévio do atual universo do personagem.

Neste número 2, não apenas as duas minisséries reunidas são totalmente voltadas a quem acompanha mensalmente a regular Homem-Aranha, como a editora estampa na capa a logomarca da megassaga Reinado sombrio, vinculando totalmente a revista ao andamento da atual cronologia Marvel.

E aí a Panini precisa sair de cima do muro, pois volta-se à pergunta da resenha anterior: se era para publicar histórias cronológicas do herói, para que ter uma segunda revista a cada dois meses e diminuir o tamanho da mensal?

Na seção de cartas de Homem-Aranha # 105 (setembro/2010), o editor Rogério Saladino assim define a nova publicação: "A proposta de A Teia do Homem-Aranha é apresentar mais material do Escalador de Paredes, que normalmente não teria espaço na revista mensal. Em alguns casos, são histórias fora da cronologia normal, em outros elas estão situadas em algum ponto determinado. (...) O critério principal é que seja um material que o leitor quer ler, tendo ou não relevância para cronologia do herói".

A diminuição de páginas do título mensal, portanto, segue uma incógnita.

Quanto à qualidade, as duas minisséries publicadas neste número são abaixo do regular. Ambas não têm o Homem-Aranha como protagonista (numa, ele nem sequer é mencionado), as tramas giram em torno de vilões pós-Um dia a mais e seus desenvolvimentos não são nada condizentes com os bons roteiros que a revista mensal tem apresentado depois de sua reformulação.

Sr. Negativo - Resistência Final tem por atrativo algumas revelações sobre este novo e misterioso vilão, mas esbarra num mais-do-mesmo envolvendo guerra de gangues em Nova York e nos desenhos bastante questionáveis de Gianluca Gugliotta. O Aranha que ele faz na página 22 é próximo do horrível.

Já Procurado vivo ou morto melhora o nível num sentido geral, especialmente nos belos traços do brasileiro Paulo Siqueira, mas também tem problemas sérios. O maior é o total desinteresse gerado pela trama.

Eddie Brock, como o Anti-Venom, tem de se aliar ao Justiceiro para enfrentar um grupo de traficantes de drogas, ao mesmo tempo em que precisa sobreviver às famigeradas investidas do matador, que quer eliminar o antigo inimigo do Homem-Aranha de qualquer jeito.

O enredo de Zeb Wells não decola, os personagens estão sem graça e até os desenhos de Siqueira saem prejudicados pela falta de inspiração que o roteiro proporciona.

Se essas histórias terríveis forem um exemplo da linha editorial de A Teia do Homem-Aranha, a revista periga se transformar num depositário de lixo aracnídeo.

E fica a dúvida: por quanto tempo uma publicação assim consegue se sustentar, mesmo contando com a boa vontade dos fãs? No expediente, a próxima edição anuncia uma história com Venom, Norman Osborn e J. Jonah Jameson, dentro do universo de Reinado sombrio. A conferir.